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Cabelos com "falhas"? Pode ser tinea capitis!

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O que é tinea capitis1?

A tinea capitis1, popularmente chamada “pelada”, é uma doença causada por uma infecção2 fúngica3 superficial da pele4 do couro cabeludo, sobrancelhas5 e pestanas6, com uma propensão para atacar fios de cabelo7 e folículos pilosos. A doença é considerada como sendo uma forma de micose8 superficial ou dermatofitose. Vários sinônimos são usados, incluindo micose8 do couro cabeludo e tinea tonsurans.

Quais são as causas da tinea capitis1?

A tinea capitis1 é causada pelos dermatófitos9 Trichophyton, Microsporum ou Favus ou por outros diferentes tipos de fungos. É altamente contagiosa10, podendo ser transmitida de uma pessoa a outra por objetos como pentes, escovas, toalhas, bonés, etc. Alguns tipos também podem ser transmitidos por animais infectados (cães, gatos, porcos, gado, etc). Pode haver contaminação a partir do solo que contenha os fungos causadores.

Qual é a fisiopatologia11 da tinea capitis1?

A tinea capitis1 é a infecção2 dermatofílica12 pediátrica mais comum em todo o mundo. Os agentes causadores da tinea capitis1 incluem fungos queratinofílicos (que têm afinidade pela queratina) denominados dermatófitos9, presentes em camadas cornificadas de pele4 e seus anexos13 e, por vezes, são capazes de invadir a camada mais externa da pele4, do estrato córneo ou de outros apêndices de pele4 queratinizada derivados da epiderme14, tais como cabelos e unhas15.

Os dermatófitos9 estão entre os agentes infecciosos mais comuns de seres humanos, fazendo parte da flora normal que habita a pele4 e podendo causar uma variedade de condições clínicas que são denominadas dermatofitoses. A partir do local de inoculação16, as hifas17 de fungos crescem no estrato córneo, causando a doença.

Quais são os principais sinais18 e sintomas19 da tinea capitis1?

A tinea capitis1 é mais frequente em crianças que em adultos, podendo se constituir em verdadeira epidemia em creches, escolas e parques. Em adultos, os mesmos fungos causam a tinea barbae ou tinha da barba. O sintoma20 característico da tinea capitis1 é a afetação do cabelo7, partindo da porção próxima à raiz. Pode afetar várias áreas do couro cabeludo ou todo ele e regiões caracterizadas por pequenos cotos de cabelo7, porém é mais frequente nas regiões da nuca e logo acima das orelhas21.

Ocorre uma perda localizada de cabelo7, coceira e couro cabeludo avermelhado e inflamado, podendo haver pus22 e causar febre23 baixa. A apresentação clínica da tinea capitis1 varia desde uma dermatose24 escamosa25, não inflamatória, assemelhando-se à dermatite seborreica26 até uma doença inflamatória com lesões27 descamativas e perda de cabelo7, que pode evoluir para abscessos28 profundos, denominados “kerion”.

Como o médico diagnostica a tinea capitis1?

O aspecto das lesões27 ajuda no diagnóstico29 da doença. Os cabelos são invadidos e lesados, provocando uma tonsura (aspecto de cabelo7 cortado, com clareiras no couro cabeludo). Com frequência esta área de tonsura apresenta-se avermelhada e descamativa.

A tinea tricofítica é causada por fungos do gênero Trichophyton, manifesta-se por pequenas e múltiplas áreas de alopécia30 parcial, e os pelos, quando vistos ao microscópio contém esporos31 do fungo32 em seu interior (endotrix).

Já a tinea microspórica, causada pelos fungos do gênero Microsporum, caracteriza-se por poucas e grandes áreas de tonsura. Ao exame direto do pelo acometido, os esporos31 estão por fora dele (ectotrix).

Há outro tipo de tinea capitis1, menos frequente, a tinea favosa, provocada pelo T. schoenleinii. Ela causa alopécia30 definitiva e suas lesões27 aparecem amareladas, com uma massa necrótica que se forma pelo aglomerado de micélio33 e esporos31 do fungo32, células34, sebo e exsudato35, o que é chamado de “godê fávico”.

O exame dos fios de cabelo7 sob microscópio e a realização de cultura para pesquisa do agente etiológico36 são exames recomendados para definir a terapêutica37 e para o acompanhamento de cura.

O diagnóstico29 diferencial da tinea capitis1 é feito principalmente com dermatite seborreica26, tricotilomania, alopecia areata38, foliculite e impetigo39.

Como o médico trata a tinea capitis1?

O tratamento mais adequado consiste de comprimidos de uso oral. Também podem ser usadas pomadas ou cremes antifúngicos, mas os comprimidos são mais eficientes. O tratamento deve ser prolongado por 30 a 60 dias, não devendo ser interrompido assim que terminarem os sinais18 e sintomas19.

Como prevenir a tinea capitis1?

A pessoa deve procurar não usar objetos pessoais de outras pessoas, que possam conter fungos, e observar a pele4 e o pelo de seus animais de estimação. Ao mexer com a terra, deve-se usar luvas.

Quais são as complicações possíveis da tinea capitis1?

Pessoas com problemas de baixa imunidade40 podem ter uma infecção2 secundária no local, com a presença de bactérias. Em alguns casos, as lesões27 estabelecidas são definitivas, embora em outros possam ser reversíveis.

ABCMED, 2015. Cabelos com "falhas"? Pode ser tinea capitis!. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/813614/cabelos-com-quot-falhas-quot-pode-ser-tinea-capitis.htm>. Acesso em: 15 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Tinea capitis: Também conhecida como tinha da cabeça, Tinea tonsurans ou Querión de Celso é uma infecção fúngica cutânea dos cabelos e dos pelos da cabeça causada pelos fungos dermatófitos Trichophyton, Microsporum ou Favus. Ela é mais frequente em crianças, principalmente nos meninos entre 3 e 7 anos de idaide.
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Fúngica: Relativa à ou produzida por fungo.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Sobrancelhas: Linhas curvas de cabelos localizadas nas bordas superiores das cavidades orbitárias.
6 Pestanas: Pêlos que se projetam a partir das extremidades das pálpebras.
7 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
8 Micose: Infecção produzida por fungos. Pode ser superficial, quando afeta apenas pele, mucosas e seus anexos, ou profunda, quando acomete órgãos profundos como pulmões, intestinos, etc.
9 Dermatófitos: Qualquer fungo microscópico que parasita a pele, as unhas ou os pelos.
10 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
11 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
12 Dermatofílica: Que tem afinidade pela pele.
13 Anexos: 1. Que se anexa ou anexou, apenso. 2. Contíguo, adjacente, correlacionado. 3. Coisa ou parte que está ligada a outra considerada como principal. 4. Em anatomia geral, parte acessória de um órgão ou de uma estrutura principal. 5. Em informática, arquivo anexado a uma mensagem eletrônica.
14 Epiderme: Camada superior ou externa das duas camadas principais da pele.
15 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
16 Inoculação: Ato ou efeito de inocular (-se); deixar entrar. Em medicina, significa introduzir (o agente de uma doença) em (organismo), com finalidade preventiva, curativa ou experimental.
17 Hifas: Unidade estrutural vegetativa da maioria dos fungos, que possui aparência filamentosa, podendo ser ou não dividida por septos transversais.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Orelhas: Sistema auditivo e de equilíbrio do corpo. Consiste em três partes
22 Pus: Secreção amarelada, freqüentemente mal cheirosa, produzida como conseqüência de uma infecção bacteriana e formada por leucócitos em processo de degeneração, plasma, bactérias, proteínas, etc.
23 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
24 Dermatose: Qualquer moléstia da pele e de seus anexos, especialmente quando caracterizada pela ausência de inflamação.
25 Escamosa: Cheia ou coberta de escamas, ou seja, de pequenas lâminas epidérmicas que se desprendem espontaneamente da pele.
26 Dermatite seborreica: Caracterizada por descamação da pele e do couro cabeludo. A forma que acomete couro cabeludo é a mais comum e conhecida popularmente por caspa. É uma doença inflamatória, não contagiosa, possui caráter crônico e recorrente. O fungo Pityrosporum ovale pode ser considerado um possível causador da dermatite seborreica. As manifestações clínicas mais comuns são descamação, vermelhidão e aspereza local. As escamas podem ser secas ou gordurosas, finas ou espessas, geralmente acinzentadas ou amareladas, quase sempre aderentes, podendo ser acompanhadas ou não de coceira.
27 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
28 Abscessos: Acumulação de pus em uma cavidade formada acidentalmente nos tecidos orgânicos, ou mesmo em órgão cavitário, em consequência de inflamação seguida de infecção.
29 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
30 Alopécia: Redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma determinada área de pele. Ela apresenta várias causas, podendo ter evolução progressiva, resolução espontânea ou ser controlada com tratamento médico. Quando afeta todos os pêlos do corpo, é chamada de alopécia universal.
31 Esporos: Estruturas unicelulares e uninucleares, resistentes ao calor e à dessecação, capazes de germinar em determinadas condições e reproduzirem assexuadamente o indivíduo que as originou.
32 Fungo: Microorganismo muito simples de distribuição universal que pode colonizar uma superfície corporal e, em certas ocasiões, produzir doenças no ser humano. Como exemplos de fungos temos a Candida albicans, que pode produzir infecções superficiais e profundas, os fungos do grupo dos dermatófitos que causam lesões de pele e unhas, o Aspergillus flavus, que coloniza em alimentos como o amendoim e secreta uma toxina cancerígena, entre outros.
33 Micélio: Corpo vegetativo da maioria das espécies de fungos, composto de hifas agrupadas ou emaranhadas.
34 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
35 Exsudato: Líquido com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido como reação a danos nos tecidos e vasos sanguíneos.
36 Etiológico: Relativo à etiologia; que investiga a causa e origem de algo.
37 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
38 Alopecia areata: Doença de causa desconhecida, que atinge igualmente homens e mulheres, caracterizando-se pela queda repentina dos pêlos nas áreas afetadas, sem alteração da superfície cutânea. Entre as possíveis causas estão uma predisposição genética que seria estimulada por fatores como o estresse emocional e fenômenos autoimunes. É uma perda de cabelo localizada em áreas bem delimitadas, arredondadas ou ovais, do couro cabeludo ou de outras partes do corpo. Pode surgir em qualquer idade, embora 60% dos seus portadores tenham menos de 20 anos.
39 Impetigo: Infecção da pele e mucosas, produzida por uma bactéria chamada Estreptococo, e caracterizada pela presença de lesões avermelhadas, com formação posterior de bolhas que contém pus e que, ao romper-se, deixam uma crosta cor de mel. Pode ser transmitida por contato entre as pessoas, como em creches.
40 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
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