Joelhos tortos em X ou como pernas de cowboy? Pode ser geno valgo ou geno varo
O que são geno valgo1 e geno varo2?
Chama-se geno valgo1 a um posicionamento incorreto dos joelhos em que eles são voltados para dentro, conferindo às pernas um formato em “X”. Há uma aproximação dos joelhos e um afastamento dos pés, caracterizando uma sobrecarga na região interna dos pés. Esse posicionamento é normal até quatro anos de idade, porém incomum depois dessa idade. O valgo1, frequentemente, é atribuído à frouxidão do ligamento colateral medial3, provocando uma instabilidade. Ele pode ser causado por um problema ósseo, que provoca distribuição desigual de pressões sobre o joelho, acarretando dores futuras nas articulações4 dos joelhos e compensações nas estruturas dos tornozelos e dos pés.
Denomina-se geno varo2 quando há uma deformidade com arqueamento das pernas, levando a uma projeção dos joelhos para fora da linha média do corpo e a uma sobrecarga na região externa dos pés. A perna fica arqueada como a de um “cowboy”. Considera-se normal que até os dois anos de idade a criança apresente um discreto geno varo2, mas que entre dois e quatro anos de idade ele evolua para valgo1. No joelho varo5, pode estar presente a frouxidão do ligamento colateral lateral6 e uma hiperextensão7 dos joelhos.
Na maioria dos casos a situação costuma se normalizar, porém em algumas pessoas o desvio pode persistir.
Quais são as causas do geno valgo1 e do geno varo2?
Não se conhecem inteiramente os motivos que levam ao não desaparecimento da deformidade em algumas crianças, mas sabe-se que algumas doenças como o raquitismo8 e a doença de Blount (perturbações do crescimento da parte interna da extremidade superior da tíbia9) podem provocar tais distúrbios. Aponta-se ainda a possível existência de um fator hereditário.
Qual é a fisiopatologia10 do geno valgo1 e do geno varo2?
O geno valgo1 ou o geno varo2 levam a uma distribuição assimétrica de carga sobre os côndilos femorais11 e os platôs tibiais12, com repercussões anormais a longo prazo, podendo favorecer o desenvolvimento precoce da osteoartrose13. As meninas têm maior tendência ao geno valgo1 e os meninos ao geno varo2. O geno valgo1 implica num desvio do eixo longitudinal da tíbia9 e do fêmur14 para fora, adução e rotação medial do fêmur14 e numa rotação anormal da tíbia9. A posição valgo1 frequentemente é atribuída à frouxidão do ligamento colateral medial3, provocando uma instabilidade, embora possa haver ainda outras anomalias correlatas. O indivíduo com geno varo2 apresenta abdução do fêmur14 e excesso de rotação da tíbia9. Os músculos15 responsáveis pelo arqueamento são o sóleo16 e o bíceps femoral17, auxiliados pelo tensor da fáscia lata18, fixador da deformidade. Pode estar presente, também, a frouxidão do ligamento colateral lateral6. Frequentemente, vem acompanhado de hiperextensão7 dos joelhos.
Quais são os principais sinais19 e sintomas20 do geno valgo1 e do geno varo2?
Nenhum dos dois desvios acarreta dor ou atrapalha o andar da criança, podendo, contudo, mais tarde, acarretar dor e deformidade articular.
Como o médico diagnostica o geno valgo1 e o geno varo2?
O diagnóstico21 do geno valgo1 ou varo2 pode ser feito pela simples inspeção22 local ou por meio de radiografias dos membros inferiores. Nos adultos essas radiografias também servem para diagnosticar eventuais anomalias ósseas já estabelecidas.
Como o médico trata o geno valgo1 e o geno varo2?
Na maioria das vezes, o geno varo2 fisiológico23 se corrige espontaneamente quando a criança adquire a posição ortostática e o geno valgo1 entre dois e seis anos. O tratamento dos casos de geno varo2 e de geno valgo1, fora do período da normalidade, é feito por meio de órteses24, aparelhos ortopédicos colocados de modo a estimular a cartilagem25 de crescimento a se desenvolver mais de um lado do que de outro e, assim, a fazer a correção. A fisioterapia26 consiste na realização de exercícios de alongamento e fortalecimento dos grupos musculares envolvidos. A Reeducação Postural Global (RPG) é uma técnica excelente para a correção do joelho. Raramente há necessidade de cirurgia para corrigir o defeito. Na idade adulta, pode ser feita a osteotomia corretiva. Se o distúrbio for unilateral (o que é raro), a deformidade pode causar impacto na coluna, quadril ou tornozelo27. O excesso de peso corporal contribui para os desequilíbrios musculares na articulação do joelho28, por isso o emagrecimento deve sempre ser aconselhado.
Como evolui o geno valgo1 e o geno varo2?
Essas deformidades não causam dor, sobretudo na infância. Na fase adulta, tanto o geno valgo1 quanto o geno varo2, podem levar a um desgaste da cartilagem25 e de toda a articulação29, no lado da concavidade. Isso pode causar dor, dificuldade de caminhar, sentar e levantar e subir e descer escadas.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.