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Placenta prévia: como acontece? O que fazer? Quais os riscos?

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O que é placenta prévia?

A placenta é um órgão transitório, de consistência esponjosa e recheado de sangue1, que só existe durante a gravidez2. Embora geralmente mude seu posicionamento durante a gestação, em vista do crescimento progressivo do útero3, normalmente no terceiro trimestre da gravidez2 ela já está implantada superiormente no útero3. A partir dela fica o cordão umbilical4, pelo qual os nutrientes e as trocas gasosas necessárias transitam da mãe para o bebê. Além disso, a placenta “filtra” em parte o que é levado ao feto5, impedindo parcialmente a chegada de substâncias nocivas. Mas nem sempre é assim. Certas substâncias e certos medicamentos, bem como alguns vírus6 e bactérias têm a capacidade de atravessá-la e por isso deve ser evitado que a gestante entre em contato com elas.

Sendo assim, pode-se ter uma ideia do perigo representado por qualquer anormalidade ou mau funcionamento desse órgão. A placenta prévia é uma dessas situações, em que a placenta se insere anomalamente no útero3 (mais inferiormente que o normal), obstruindo parcial ou totalmente o colo do útero7, muitas vezes tornando impossível o parto vaginal normal. Ela acontece em uma de cada grupo de 200 gestantes.

Quais os tipos de placenta prévia que existem?

Segundo seu ponto de inserção, existem quatro tipos de placenta prévia:

  • Tipo I - placenta de inserção baixa, sem atingir o colo do útero7. Parto normal possível.
  • Tipo II - extremo inferior da placenta encosta na abertura do colo do útero7. Parto normal possível.
  • Tipo III - placenta cobre parcialmente a abertura do colo do útero7. Parto cesariano inevitável.
  • Tipo IV - placenta cobre toda a abertura do colo do útero7. Parto cesariano obrigatório.

Quais são as causas da placenta prévia?

A placenta prévia não tem uma causa específica, mas pode-se reconhecer alguns fatores de risco, embora na maioria das mulheres que apresenta placenta prévia nenhum fator de risco8 possa ser detectado:

  • Idade materna avançada.
  • Mulheres que já tiveram uma ou mais gravidezes anteriores.
  • Curetagens9 repetidas.
  • Mulheres que já foram submetidas à cesariana ou a outras cirurgias uterinas.
  • Mulheres que fumam ou usam drogas.
  • Anomalias anatômicas ou enfermidades inflamatórias ou tumorais do útero3.
  • História anterior de placenta prévia ou de abortamentos.

Quais são os sinais10 e sintomas11 da placenta prévia?

No começo da gravidez2 e até por volta da vigésima semana de gestação, é comum que a placenta esteja perto do colo do útero7, ou mesmo encobrindo-o, mas à medida que o útero3 aumenta, ele afasta a placenta do seu colo12, não trazendo problemas para o parto. Essa situação normal não gera sintomas11. No entanto, essa situação deve ter sua evolução acompanhada por meio da ultrassonografia13, durante o pré-natal. Um sangramento indolor, de sangue1 vermelho vivo, que ocorra durante o último trimestre da gravidez2 é o sintoma14 mais altamente sugestivo de placenta prévia.

Como o médico diagnostica a placenta prévia?

O diagnóstico15 clínico baseia-se no relato da paciente grávida de um sangramento vaginal súbito e indolor, de cor vermelho-vivo, geralmente de pequena quantidade, mas recorrente e progressivo, com volume e tônus uterino normais e batimentos cardíacos fetais mantidos. A ultrassonografia13 transvaginal, feita cuidadosamente para não danificar mais a placenta, confirma o diagnóstico15 e a localização placentária. Quando o exame ultrassonográfico não é possível, o toque só deve ser realizado com muito cuidado e por pessoa muito experiente, em virtude de poder causar uma eventual e importante perda sanguínea.

Como o médico trata a placenta prévia?

Se não houver um sangramento abundante, a conduta é de observação e monitoramento, recomendando repouso absoluto. Se o sangramento não puder ser contido, o parto tem de ser antecipado. Se a placenta estiver obstruindo em grande parte ou no todo o colo do útero7, o parto terá que ser cesariano. Diante dessa eventualidade, alguns obstetras usam certas medicações esteroides visando apressar o amadurecimento do aparelho respiratório16 do feto5. Se o sangramento for intermitente17, mas muito repetitivo, a gestante deve permanecer internada até que o parto possa ocorrer. Podem ser necessárias várias transfusões de sangue1. Mesmo nas situações em que o parto normal seja teoricamente possível, é frequente optar-se pelo parto cesariano, pelas sérias complicações a que o parto normal pode submeter a gestante, entre elas o aumento no risco de sangramentos e infecções18.

Como prevenir a placenta prévia?

Não há como prevenir a ocorrência da placenta prévia, a não ser pela evitação da gravidez2 nos casos em que haja uma incidência19 muito contundente dos fatores de risco. No entanto, há como evitar as complicações dela. Algumas medidas podem ajudar:

  • Evitar o toque vaginal.
  • Fazer o máximo de repouso possível.
  • Observar abstinência sexual.

Como evolui a placenta prévia?

Na maioria dos casos a placenta prévia evolui bem, observando-se o repouso necessário, e a gravidez2 pode chegar ao termo.

Se o sangramento não puder ser contido, ou se a mulher entrar em trabalho de parto prematuro, o bebê terá de nascer por cesariana, mesmo que ainda faltem várias semanas para a data prevista para o parto. Em casos de sangramentos incontroláveis pode-se ter de antecipar o parto.

A hemorragia20 representa risco de vida tanto para a mãe quanto para o bebê, mas é raro que a morte ocorra. Em alguns casos, nos quais o sangramento é mais intenso, pode ser necessária a reposição sanguínea.

A placenta prévia, dependendo da sua evolução, pode levar à morte fetal por hipóxia21, devido à hemorragia20 maciça.

ABCMED, 2012. Placenta prévia: como acontece? O que fazer? Quais os riscos?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/320315/placenta-previa-como-acontece-o-que-fazer-quais-os-riscos.htm>. Acesso em: 1 dez. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
4 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
5 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
6 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
7 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
8 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
9 Curetagens: Operações ou cirurgias que consistem em esvaziar o interior de uma cavidade natural ou patológica com o auxílio de uma cureta; raspagens.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
13 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
14 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
16 Aparelho respiratório: O aparelho respiratório transporta o ar do meio externo aos pulmões e vice-versa e promove a troca de gases entre o sangue e o ar.
17 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
18 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
19 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
20 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
21 Hipóxia: Estado de baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos que pode ocorrer por diversos fatores, tais como mudança repentina para um ambiente com ar rarefeito (locais de grande altitude) ou por uma alteração em qualquer mecanismo de transporte de oxigênio, desde as vias respiratórias superiores até os tecidos orgânicos.
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