Toracocentese: definição, quem deve fazer, quem não deve fazer, para que serve, complicações possíveis
O que é toracocentese1?
Toracocentese1 é um procedimento médico de acesso à cavidade pleural2 por punção, com a finalidade de diagnosticar, tratar ou resolver o derrame3 pleural pela remoção do acúmulo anormal do líquido ali presente.
O que é derrame3 pleural?
Derrame3 pleural ou “água no pulmão4” é um acúmulo de líquido entre as lâminas das pleuras. Para compreendermos o que seja ”água no pulmão4” precisamos compreender o que seja a pleura5. A pleura5 é a membrana que envolve os pulmões6, composta por duas camadas, uma visceral, interna, colada ao pulmão4, outra parietal, externa, que fica em contato com a parede torácica7 e as estruturas anatômicas ao redor dos pulmões6. Entre ambas, há uma fina camada de líquido lubrificante. Quando alguma enfermidade atinge as pleuras, sobretudo se for uma doença infecciosa, esse líquido é produzido em grande quantidade e se acumula entre suas duas “folhas”, gerando o que medicamente se chama derrame3 plural, popularmente conhecido como ”água no pulmão4”. Na verdade, não se trata de “água”, mas de líquido biológico, e nem é localizado no “pulmão”, mas na pleura5.
Em que consiste a toracocentese1?
Toracocentese1 é a punção destinada a retirar o líquido acumulado no espaço pleural. Para realizá-la a coleção líquida deve ser bem localizada por meio de um exame físico cuidadoso, percussão8 dos espaços intercostais9, radiografias do tórax10 em várias projeções e ultrassonografia11. A toracocentese1 pode ser realizada em regime ambulatorial, mas muitas vezes o paciente encontra-se hospitalizado em razão da enfermidade causal do derrame3. Se possível, ele deve estar assentado, levemente inclinado para frente e apoiado numa almofada, de modo a expor a região a ser puncionada. Essa área pode variar de posição, mas geralmente se localiza no espaço entre a sexta e a sétima costelas12. Ela deve ser limpa com uma solução iodada e devem ser colocados campos estéreis de modo a delimitar o local a ser puncionado.
Em seguida, o médico aplicará uma anestesia13 local, progredindo da superfície para as camadas mais profundas da parede torácica7. Depois, fará penetrar na cavidade pleural2, por entre as costelas12, uma agulha apropriada e colocará, através dela, um cateter adequado para esse fim, que pode permanecer no local por certo tempo, se necessário. Uma vez atingido esse espaço, deverá aspirar levemente o líquido contido no local. A colocação da agulha e do cateter pode ser guiada pela ultrassonografia11. Quando se quiser fazer também uma biópsia14 pleural, utiliza-se uma agulha especial para coleta de uma amostra de tecido15.
O procedimento simples demora cerca de trinta minutos ou um pouco mais. Após o exame deverá ser feita uma radiografia de tórax10 para certificar-se de que o líquido tenha sido drenado na quantidade desejada e que não haja um pneumotórax16. Analgésicos17 podem ser usados, em caso de dores.
Quem deve fazer toracocentese1?
A toracocentese1 diagnóstica está indicada para pacientes18 que tenham derrame3 pleural de causa obscura e a toracocentese1 de alívio para quem tenha derrame3 pleural volumoso ou sintomático19 que não responda às medidas terapêuticas usuais.
Quem não deve fazer toracocentese1?
Não existem contraindicações absolutas para a realização da toracocentese1, mas ela exige cuidados especiais naqueles pacientes com infecções20 da parede torácica7, com alterações da coagulação21 sanguínea, em pacientes que tenham feito cirurgia torácica prévia que tenha deixado aderências pleurais ou naqueles que estejam sendo ventilados por pressão positiva. Em caso de dúvidas, melhor não fazê-la.
Por que fazer toracocentese1?
Geralmente a toracocentese1 é indicada para colocar um cateter no espaço pleural de modo a permitir que se recolham amostras diagnósticas de líquido para exames bioquímicos e citológicos ou para fazer drenagem22 terapêutica23 de coleções líquidas intrapleurais. A compressão extrínseca dos pulmões6 pelos derrames pleurais e a consequente dificuldade respiratória podem ser muito aliviadas pela toracocentese1. Em alguns casos, a aspiração do fluido pleural é o único meio para se chegar a um diagnóstico24 definitivo da sua causa.
Quais são as complicações possíveis com a toracocentese1?
As complicações mais comuns da toracocentese1 são: pneumotórax16, hemotórax, edema pulmonar25, laceração de vasos intercostais9, sangramentos na parede torácica7 e formação de hematoma26. Contudo, a complicação mais temida e mais difícil de ser tratada é a fístula27 broncopleural.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.