Litotripsia extracorpórea: conceito, indicações, contraindicações, possíveis complicações
O que é litotripsia?
A litotripsia (do grego: lithos = pedra; trîpsis = esmagamento ou trituração) existe desde os primeiros anos da década de 80 e é uma técnica médica que procura implodir ou triturar os cálculos que se formam no organismo por meio de ondas sonoras apropriadas, de modo a permitir que eles sejam expelidos pelas vias adequadas. Pode-se aplicar a litotripsia a cálculos biliares, renais e da bexiga1. Este procedimento tanto pode ser uma litotripsia extracorpórea, não invasiva, ou uma litotripsia intracorpórea.
A litotripsia extracorpórea utiliza ondas sonoras de amplitude e de frequência controladas, geradas a partir de uma fonte externa de energia, as quais são dirigidas por um colimador (dispositivo usado para direcionar e suavizar feixes de radiações ou ondas) de ondas sonoras de modo a concentrá-las sobre os cálculos. Como é a modalidade mais usada, costuma-se referir-se a ela apenas como litotripsia.
A litotripsia intracorpórea é um procedimento invasivo porque as fontes de ondas sonoras e outros instrumentos necessitam ser introduzidos no paciente por via endoscópica, por meio de pequenos orifícios os quais, contudo, são menos invasivos que uma “cirurgia a céu aberto”.
Em que consiste a litotripsia extracorpórea?
A litotripsia extracorpórea é o tratamento mais utilizado por urologistas brasileiros para o tratamento de cálculos renais e urinários. Ela consiste em aplicar ondas sonoras de choque2 sobre os cálculos, a partir de um aparelho extra-corpo chamado litotriptor. As ondas de choque2 podem ser criadas tanto por um sistema eletro-hidráulico3 como por um sistema eletromagnético4 ou piezoelétrico5, mas independentemente da sua origem todas têm o mesmo efeito físico sobre os cálculos. Elas são ondas mecânicas de alta potência geradas e emitidas por uma fonte à distância, que se propagam em meio líquido e penetram no corpo do paciente em direção ao cálculo6, o qual, por sua vez, pode ser localizado por um dos exames geradores de imagens, que a forneça com precisão (por exemplo, a fluoroscopia ou a ultrassonografia7).
A litotripsia pode ser feita em ambulatório, sob analgesia, sedação8 ou anestesia9 peridural10. O paciente deve deitar sobre uma maca, em decúbito dorsal11 ou ventral. Através de fluoroscopia ou ultrassonografia7 o cálculo6 é posicionado no ponto para onde convergirão as ondas de choque2. Então são iniciados os disparos das ondas, levando à fragmentação do cálculo6 em partes menores, passíveis de eliminação espontânea.
Em crianças é recomendável usar sempre uma proteção torácica para minimizar traumas pulmonares.
O paciente deve ser monitorado durante a sessão de litotripsia em suas funções vitais. Geralmente ele sentirá certo desconforto, como se fossem pequenos murros em seu flanco12, e às vezes pode sentir um pouco de dor, mas não sofre nenhum corte ou incisão13 nos tecidos.
O exame não exige nenhuma preparação prévia e o paciente pode retornar às suas atividades logo em seguida, se nada estiver sentindo, mas se ele estiver tomando antiagregantes plaquetários, anticoagulantes14 ou anti-inflamatórios não hormonais deve suspendê-los com sete a dez dias de antecedência, devido ao risco de sangramento nestas situações. Como o procedimento implica também na possibilidade (rara) de outras complicações graves, o paciente sempre deve estar acompanhado.
Após uma litotripsia podem restar fragmentos15 dos cálculos, grandes o bastante para permanecerem alojados nas vias urinárias. Os menores devem ser expelidos naturalmente com a urina16 e para ajudar neste processo a pessoa deve ingerir uma grande quantidade de água. Se a litotripsia não resolveu totalmente o problema, pode-se lançar mão17 da endoscopia18 flexível de Holmium Laser que apesar do alto custo e dos poucos médicos que a utilizam, tem muito bons resultados, sem causar nenhum tipo de reação posterior. Ela dissolve os cálculos renais em sessenta a cento e vinte dias.
Quais são as indicações da litotripsia extracorpórea?
A indicação principal é o tratamento de cálculos renais, biliares ou vesiculares, por trituração e posterior eliminação dos mesmos pelas vias fisiológicas19 normais. Em sua grande maioria, os cálculos renais são tratados. Alguns pacientes, dependendo das peculiaridades de seus cálculos, podem precisar de mais de uma seção de litotripsia.
Quais são as contraindicações e riscos da litotripsia extracorpórea?
A principal contraindicação formal da litotripsia é a gravidez20. Ela não deve ser aplicada também a pacientes que tem algum órgão já danificado, uma coagulopatia, hipertensão arterial21 não controlada, infecção22 urinária não tratada, obesidade23 excessiva e obstrução urinária que impeça a eliminação dos fragmentos15 dos cálculos. Os riscos são raros, mas podem advir, por exemplo, de hemorragias24 consequentes ao rompimento de um vaso sanguíneo. Algumas vezes uma cirurgia de urgência25 deve ser feita para solucionar o problema ou, inclusive, a retirada do rim26 danificado.
Quais são as complicações possíveis da litotripsia extracorpórea?
Mesmo após uma litotripsia podem restar fragmentos15 dos cálculos, alojados nos rins27 ou nas vias urinárias. Os menores, ao serem expelidos, podem gerar dor e uma autêntica cólica renal28 ou ferir os ureteres29 e demais condutos urinários, causando graves danos ao organismo.
Tida a princípio como o tratamento de escolha para os cálculos urinários, já em 2006 começou-se a descobrir consequências indesejáveis do uso da litotripsia. Assim, verificou-se que a litotripsia pode, no longo prazo, causar desenvolvimento de diabetes30 e hipertensão arterial21, devido aos efeitos mecânicos que a onda de choque2 possa ter sobre o pâncreas31 e o rim26.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.