Como é a doação de sangue? Quem pode doar sangue? Quem está impedido de doar? Quais os cuidados a serem tomados após a doação de sangue?
O que é doação de sangue1?
Chama-se “doação de sangue” ao procedimento médico mediante o qual uma pessoa comparece a uma unidade de saúde2 aparelhada para retirar certa quantidade de seu sangue1, o qual deve ser conservado para ser transfundido em outra pessoa que necessite receber sangue1. Geralmente é doado o sangue1 total, introduzindo-se um cateter em uma veia e recolhendo-o em um saco de plástico onde há anticoagulante3 e conservante e que deve ser mantido em refrigeração. O sangue1 pode ser repassado tal como é recolhido ou separado em componentes e derivados, para assim fazer melhor uso dele. Podem ser separados hemácias4 (glóbulos vermelhos), plasma5, plaquetas6, leucócitos7 (glóbulos brancos), albumina8, fatores de coagulação9, crioprecipitados10, concentrado do fibrinogênio11 e imunoglobulinas12.
Como é realizado o processo de doação de sangue1?
O sangue1 é colhido de um doador humano e conservado no interior de uma bolsa plástica descartável contendo anticoagulante3 e conservante, mantida em refrigeração.
Para se fazer a doação não é necessário jejum, mas deve observar-se um intervalo mínimo de 3 horas após uma refeição copiosa. A coleta é realizada com o paciente assentado em uma poltrona confortável, semi-reclinada. Uma de suas veias13 dos braços é puncionada e 400 a 450 mililitros (ml) do seu sangue1 é então coletado (8 ml por kg do peso corporal para a mulher e 9 ml por kg para o homem). Cerca de 40 ml de sangue1 são retirados para servirem a exames e tipagem do sangue1. (Em virtude das limitações das técnicas empregadas no momento da doação, podem ocorrer resultados duvidosos, que devem ser reanalisados mais rigorosamente sob supervisão médica).
Na maioria das vezes o doador é encaminhado em seguida a uma sala de lanches para alimentar-se e ingerir líquido, o que diminui ou exclui algumas reações colaterais. O processo completo de doação de sangue1, incluído os exames a que o paciente e o sangue1 recolhido devem ser submetidos, dura aproximadamente uma hora, sendo que a coleta do sangue1 toma apenas 10 a 15 minutos. Salvo o ligeiro incômodo de uma picada de agulha, o procedimento é indolor. O doador não corre nenhum risco de contaminação se o sangue1 for colhido nas condições técnicas e clínicas corretas.
Quem pode doar sangue1?
Todas as pessoas sadias e dentro das normas prescritas pelo Ministério da Saúde2 podem doar sangue1. Os doadores devem ser previamente examinados para se constatar se ele está em boas condições de saúde2 e vários exames de laboratório devem ser feitos para confirmar o bom estado do sangue1.
O doador deve:
- Ter idade entre 16 e 69 anos.
- Pesar mais de 50 quilos.
- Não ser dependente de substâncias tóxicas.
- Não estar tomando certos medicamentos a serem especificados pelo médico.
- Realizar apenas "sexo seguro".
- Antes da doação ele deve, também, ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas e estar bem alimentado. Os menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis para fazer a doação.
Uma pessoa sadia têm mecanismos biológicos para repor novamente o sangue1 retirado, após a doação. No Brasil, a doação de sangue1 deve ser um ato espontâneo e não remunerado e embora o doador necessite apresentar documentos de identidade no momento da doação, deve permanecer anônimo para o receptor.
Quem está impedido de doar sangue1?
Algumas pessoas são definitivamente impedidas de doar sangue1, enquanto para outras esse impedimento é apenas temporário.
Impedimentos definitivos:
Hepatites14, AIDS, doença de Chagas15, malária, uso de drogas ilícitas16 injetáveis, diabetes17 e câncer18. Essa listagem, contudo, não esgota todas as eventualidades em que a doação deva ser vedada definitivamente. Cabe ao médico acrescentar outras, se necessário.
Impedimentos temporários:
Gravidez19, febre20, amamentação21, ingestão de bebida alcoólica, tatuagem ou piercing recentes, ter vivenciado situações de risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), ter estado em zonas de risco quanto a doenças endêmicas, ter recebido vacinas ou soro22 antitetânico. Aqui também a listagem não esgota todas as situações em que a doação deva ser adiada. O médico que receber a doação poderá acrescentar outras e determinar que tempo se deve aguardar, em cada uma delas, antes de doar sangue1.
Para cada pessoa deve também ser observado um intervalo mínimo entre uma doação e outra. Para homens esse intervalo deve ser de 60 dias, limitado a quatro doações ao ano. Para mulheres esse intervalo deve ser de 90 dias, limitado a três doações ao ano.
Como é processado o sangue1 doado?
O volume de sangue1 doado, de aproximadamente 450 ml, representa menos de 13% do total de sangue1 do corpo de um adulto. Esse sangue1 é refrigerado e pode ser usado em até 42 dias e, em casos especiais, os eritrócitos23 podem ser congelados e armazenados por até 10 anos.
Os diversos componentes do sangue1 têm cada um suas propriedades e podem ser separados para tratar problemas específicos do paciente. Após a coleta, o sangue1 é separado em seus componentes dentro de 6 a 8 horas, no laboratório de fracionamento, usando centrifugação24. Cada componente do sangue1 tem uma finalidade específica: os glóbulos vermelhos servem para tratar anemias, o plasma5 (parte líquida do sangue1) serve para tratar hemorragias25, os fatores de coagulação9 são utilizados para tratar hemofílicos, as plaquetas6 servem para tratar ou evitar sangramentos, etc.
O sangue1 é classificado em grupos positivo e negativo, conforme a presença ou ausência de um antígeno26 de superfície da hemácia, que por ter sido encontrado primeiramente no macaco “Rhesus'', recebeu o nome de “fator Rh”. Assim, fala-se em “sangue Rh positivo” e “sangue Rh negativo”. O sangue1 também é classificado como do tipo A, B, AB ou O segundo a presença de antígeno26 A ou B na superfície das hemácias4. Quando a hemácia possui o antígeno26 A é chamado de sangue1 tipo A, quando possui o antígeno26 B é chamado de sangue1 tipo B, quando possui os dois antígenos27, é chamado de sangue1 tipo AB. Quando não possui nenhum dos dois, é chamado de sangue1 tipo O. Na verdade, esse sangue1 era assinalado com um número zero, mas as pessoas começaram a ler o zero como a letra O e o sistema acabou sendo chamado de sistema ABO. São essas classificações que definem a compatibilidade ou não entre os sangues do doador e do receptor.
Quais os cuidados que devem ser observados após a doação de sangue1?
Segundo o Instituto Nacional do Câncer18, deve-se:
- Evitar esforços físicos por 12 horas.
- Aumentar a ingestão de líquidos.
- Não fumar nas duas horas seguintes à doação.
- Evitar bebidas alcoólicas por 12 horas.
- Não dirigir, trabalhar em andaimes, pontes, etc.
- Não praticar esportes radicais ou perigosos, como mergulhos ou paraquedismo.
- Manter o curativo no local da punção por quatro horas, pelo menos.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.