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Síndrome de abstinência da cocaína: como ela é?

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O que é a síndrome1 de abstinência da cocaína?

Chama-se síndrome1 de abstinência da cocaína ao conjunto de reações físicas e psíquicas que acometem o indivíduo em razão da suspensão brusca do consumo dessa droga. Essas reações também acontecem se o indivíduo de repente diminuir significativamente o seu consumo.

Como age a abstinência da cocaína no cérebro2?

A cocaína bloqueia o efeito de recaptação dos neurotransmissores nas sinapses e, desta maneira, cria um excesso de neurotransmissores à disposição dos receptores pós-sinápticos. A consequência disso é uma sensação de magnificência, euforia, prazer e excitação sexual. Uma vez realizado esse bloqueio os neurotransmissores não são recaptados e ficam, portanto, livres no cérebro2 até que a cocaína deixe de estar circulante. A presença mais prolongada da dopamina3 no cérebro2 parece ser a causa dos sentimentos de prazer associados com o uso da cocaína. O uso prolongado da cocaína faz com que o cérebro2 se adapte a ela. Se o indivíduo interromper o uso da cocaína, a dopamina3 existente não será suficiente para manter esses efeitos e ele experimentará sentimentos opostos ao prazer. Quando se pensa que ocorrem cerca de trilhões de trocas neuroquímicas por minuto pode-se imaginar a dificuldade de abstinência da droga.

Quais são os principais sinais4 e sintomas5 da síndrome1 de abstinência da cocaína?

As principais manifestações clínicas da síndrome1 de abstinência da cocaína são: cansaço, aumento do apetite, irritabilidade, ansiedade, depressão, perda da capacidade de sentir prazer, distúrbios do sono para mais ou para menos, retardamento psicomotor6 e, às vezes, ideação suicida e “fissura” pela droga, manifestações que desaparecem em algumas semanas.

Os sintomas5 físicos ocasionados pela abstinência de cocaína são menos intensos do que os devidos à abstinência do álcool e da heroína, mas mesmo assim são bastante significativos. As reações psicológicas, por outro lado, podem ser mais devastadoras do que aquelas associadas a outras drogas e são importantes como causa de recaídas.

Como o médico diagnostica a síndrome1 de abstinência da cocaína?

Não há nenhum exame específico para diagnosticar a síndrome1 de abstinência da cocaína. O diagnóstico7 deve levar em conta a história prévia de uso da cocaína, os sinais4 e sintomas5 relatados pelo paciente ou percebidos diretamente.

Como o médico trata a síndrome1 de abstinência da cocaína?

O tratamento implica numa equipe multidisciplinar, compreendendo, pelo menos, psiquiatra, clínico geral, psicólogo e enfermeiro. A internação deve ser evitada e só se torna necessária se o dependente de cocaína ficar perigoso para si ou para os outros, se apresentar problemas clínicos ou psiquiátricos graves ou se for incapaz de interromper a droga.

O tratamento ambulatorial ou hospitalar da síndrome1 de abstinência da cocaína consiste em ajudar o paciente a atravessar o período em que os sintomas5 sejam agudamente incômodos com a administração de medicações que possam minorá-los, tais como tranquilizantes e antidepressivos. Ao mesmo tempo, é necessário um decisivo apoio dos familiares e demais pessoas íntimas do dependente, seja fornecendo dados, ajudando-o a afastar-se da droga ou ajudando-o a suportar os incômodos da abstinência. A abstinência exige um completo e definitivo afastamento da droga, uma vez que uma única dose pode levar a pessoa a recair no vício. Para tudo isso, pode também ser útil a participação em uma psicoterapia de grupo ou em um grupo de autoajuda. Devem ser observadas e tratadas sintomaticamente as eventuais complicações causadas pelo uso da droga como, por exemplo, as convulsões, alucinações8, distúrbios do sono, etc. Os cuidados com a abstinência devem durar a vida inteira e devem compreender também nunca usar maconha, álcool ou qualquer outras drogas, sob pena de recaídas. Idealmente, o indivíduo deve fazer uma mudança em seu estilo de vida que passe a não contar mais com a droga.

Como evolui a síndrome1 de abstinência da cocaína?

Muitas pessoas que tentam passar por uma retirada da cocaína sem supervisão médica, raramente têm sucesso por muito tempo, devido à intensidade e ao incômodo dos sintomas5 da abstinência que se aliviam com o retorno à droga. Essas pessoas precisam de apoio familiar e profissional.

ABCMED, 2014. Síndrome de abstinência da cocaína: como ela é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/535999/sindrome-de-abstinencia-da-cocaina-como-ela-e.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Psicomotor: Próprio ou referente a qualquer resposta que envolva aspectos motores e psíquicos, tais como os movimentos corporais governados pela mente.
7 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
8 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
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