Iatrogenia - o que é?
O que é iatrogenia?
Iatrogenia (do grego: iatros = curador + genesis = origem) refere-se ao efeito negativo sobre o paciente, resultante de qualquer procedimento curativo realizado por um profissional de saúde1 ao aplicar produtos ou serviços pretensamente benéficos, como sondagens, intubações, cirurgias e medicamentos. Alguns efeitos iatrogênicos2 são facilmente constatáveis como, por exemplo, um linfedema resultante de uma cirurgia de câncer3 de mama4. Outros são menos óbvios, tais como algumas interações medicamentosas.
Um efeito iatrogênico5 nem sempre é prejudicial como, por exemplo, uma cicatriz6 criada por uma cirurgia. Um lugar especial entre as iatrogenias deve ser concedido aos erros médicos (imperícia7, imprudência8 e/ou negligência9) pois são adventícios, enquanto as demais iatrogenias são inerentes e até mesmo inevitáveis a certos atos médicos.
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De um modo geral pode-se dizer que a Medicina comporta duas grandes dimensões: (1) uma curativa, que tem por objetivo reparar as doenças e (2) outra preventiva, que visa evitar que elas ocorram. Ao lado delas convive inevitavelmente a Medicina Iatrogênica10, aquela que, independentemente da vontade do profissional, causa danos aos pacientes decorrentes dos próprios atos curativos ou propedêuticos.
A iatrogenia é inerente à prática médica, ainda que o médico ou a equipe médica sejam muito competentes e disponham dos melhores recursos tecnológicos. Amputar um membro, por exemplo, pode significar, a um só tempo, salvar a vida do paciente e mutilar seu organismo. Michael Balint, que foi um expoente da relação médico-paciente, afirma que todo médico é, em graus variáveis, sempre iatrogênico5. Ao receitar alguma medicação produz também efeitos indesejáveis, ao realizar uma cirurgia produz uma cicatriz6, ao fazer um exame propedêutico pode provocar uma reação desagradável, etc.
As iatrogenias abrangem não só os danos materiais mas também os psicológicos, tanto causados pelo médico como por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais que tratem o paciente.
Quais são os limites do conceito de iatrogenia?
Os limites da iatrogenia com outros efeitos dos procedimentos médicos são fluidos e oscilantes. Eles tanto se confrontam com os erros médicos como com os problemas devido a um inadequado aparelhamento dos serviços de saúde1 que obrigam os profissionais a trabalharem em situações não ideais.
Por outro lado, o progresso da tecnologia médica e seu emprego em procedimentos terapêuticos e propedêuticos causa às pessoas problemas subsidiários antes inexistentes. Novos medicamentos levam a novos efeitos colaterais11 e a incompatibilidades ainda não conhecidas, novas cirurgias conduzem a novas sequelas12, a medicina nuclear expõe às radiações, etc. A atual avalanche de introdução da tecnologia na Medicina afastou o médico do paciente e tornou a relação entre ambos mais impessoal. Enfim, no afã de salvar vidas a Medicina cria novas ‘doenças’.
Quais são as principais causas das iatrogenias?
As causas das iatrogenias incluem efeitos colaterais11 de medicamentos, complicações decorrentes de procedimentos médicos, infecções13 hospitalares, erro médico, projeto incorreto dos instrumentos médicos, ansiedade e insegurança do médico ou da equipe de saúde1 em relação ao procedimento a ser executado, tratamentos desnecessários, etc.
Tais causas podem ser provocadas por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, psiquiatras, cientistas de laboratório e terapeutas. A iatrogênese também pode resultar de tratamentos de medicina complementar e alternativa, envolvendo ainda outros profissionais.
Quais são as complicações possíveis da iatrogenia?
As iatrogenias podem causar os mais diversos efeitos sobre as pessoas, desde uma doença que antes o paciente não tinha como, por exemplo, as ocasionadas por uma vacina14, até sequelas12 definitivas, como uma alteração da voz numa cirurgia de laringe15 e mesmo a morte que pode ocorrer como acidente anestésico ou cirúrgico, por exemplo.
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As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.