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Cera no ouvido: quais são as consequências do excesso de cera no ouvido?

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O que é cera no ouvido?

A cera ou cerume1 no ouvido é uma secreção fabricada pelas glândulas2 ceruminosas e sebáceas situadas na porção mais externa do conduto auditivo e tem a função primordial de proteção. Por um lado, em virtude de seu pH ácido (entre 4 e 5), ela protege a tênue mucosa3 do canal auditivo de infecções4 por vírus5, bactérias ou fungos e, por outro lado, evita que poeira ou outras pequenas partículas possam avançar para dentro do canal auditivo e atingir o tímpano6. No entanto, se em excesso, ela prejudica a função auricular e, se for mal manipulada, ela pode entupir o canal auditivo ou encostar-se no tímpano6, gerando consequências e sintomas7.

Em alguns casos, não conseguimos encontrar nenhum motivo claro para a ocorrência da produção aumentada de cera no ouvido. Algumas pessoas simplesmente produzem mais cerume1 do que o ouvido é capaz de eliminar. O envelhecimento pode facilitar o processo de acúmulo de cera no ouvido porque as pessoas mais idosas geralmente produzem um cerume1 mais duro e menos lubrificante, que provoca uma redução na capacidade de expulsá-lo. Pessoas com alterações anatômicas do ouvido podem ter um canal auditivo mais estreito, o que favorece o acúmulo de cera em seu interior. A cera encontrada nas regiões profundas do canal auditivo ou junto ao tímpano6, geralmente foi empurrada para lá pelas tentativas de limpar os ouvidos com grampos, cotonetes, etc. A que permanece na ponta distal8 do canal auditivo (meato auditivo) quase sempre se resseca e se desprende juntamente com as impurezas que absorve, num processo de auto-limpeza, ou pode ser facilmente removida por uma higienização superficial do ouvido. Em certas condições, como um canal muito curto ou tortuoso, uma produção excessiva de cera por distúrbio das glândulas2 da pele9 pode formar verdadeiros tampões que obstruem o canal auditivo. Essas formações, na dependência das suas causas, podem ser uni ou bilaterais.

Cera de Ouvido

Quais são as consequências do excesso de cera no ouvido?

O acúmulo de cera no ouvido geralmente é assintomático, mas quando ele é tão grande a ponto de obstruir o conduto auditivo, pode causar dificuldades de audição e mesmo surdez em pelo menos um dos ouvidos. Além disso, se a cera no ouvido estiver aderida ao tímpano6, pode causar dores de ouvido, tonteiras, vertigens10, zumbidos ou algum outro incômodo como coceira ou sensação de ouvido entupido. Em alguns casos, a cera no ouvido pode se tornar visível, causando uma impressão estética desagradável. Só o excesso ou a cera aparente devem ser retirados. Uma fina película de serosidade normal evita o ressecamento da mucosa3, que pode vir a causar as infecções4 e outras moléstias. Além disso, a cera do ouvido11 representa uma impermeabilização contra a água e contém vários tipos de anticorpos12 defensivos. Sua consistência pegajosa também ajuda a grudar e reter corpos estranhos de tamanhos minúsculos. A falta ou o excesso de cera no ouvido pode causar eczema13 do meato acústico, otite14 externa, exostose15 e osteoma16 do meato externo.

Como retirar o excesso de cera do ouvido11?

A melhor solução é procurar um otorrinolaringologista para que ele faça isso de modo adequado e seguro. Se, contudo, você resolver fazer isso por si mesmo, observe o seguinte: se a cera estiver localizada apenas na entrada do conduto auditivo ela pode ser facilmente removida por meio de um cotonete ou pelo próprio dedo, mas se ela estiver localizada mais profundamente, uma lavagem do ouvido será necessária. Para fazê-la, prepare, em um recipiente bem limpo, uma solução contendo meia xícara de água morna e uma colher de chá de sal; ou de partes iguais de água oxigenada a 10 volumes e água comum; ou partes iguais de vinagre e álcool líquido ou, ainda, use óleo de bebê (ou óleo mineral) ou glicerina. Faça uma pequena bolinha de algodão e mergulhe-a em um desses líquidos. Em seguida, retire-a e aperte-a delicadamente para retirar o excesso de líquido. Assentado numa cadeira, incline a cabeça17 para um dos lados, como que procurando encostar o ouvido no ombro homolateral. Esprema a bolinha de algodão de modo a deixar cair 3 a 5 gotinhas de líquido dentro conduto do ouvido voltado para cima. Aguarde por alguns minutos até que a gravidade as leve até o fundo, junto ao tímpano6. Incline a cabeça17 no sentido oposto, para que o líquido escorra. Recolha-o de volta numa toalha. Repita essa operação certo número de vezes, até perceber que toda a cera tenha sido extraída. No caso do óleo de bebê (ou óleo mineral) ou glicerina, goteje 3 a 5 gotas no interior do canal auditivo, usando um conta-gotas. Feche-o com um algodão e o mantenha fechado por cerca de 10 minutos. Repita isso durante três dias.

O que não fazer para retirar cera do ouvido11?

  • Se a cera estiver localizada profundamente no canal auditivo, não use qualquer forma de estilete (grampos, cotonetes, lápis, tampas de canetas, etc.) para retirá-la. Nessa região a pele9 é mais tênue e pode ferir-se e/ou infeccionar com facilidade. Além disso, o estilete pode empurrar ainda mais profundamente a cera, agravando o problema, ou mesmo perfurando o tímpano6.
  • Não use qualquer jato forte de spray no ouvido. Quando houver indicação para tal, isso deve ser uma prerrogativa médica.
  • Evite usar uma seringa18 para injetar a solução higiênica no ouvido porque um jato forte pode feri-lo ou mesmo perfurar o tímpano6.
  • Não deixe o ouvido molhado, após o procedimento. Seque-o bem. Isso evita infecções4.

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic, da Mayo Clinic e da Harvard Health Publishing (Harvard Medical School).

ABCMED, 2013. Cera no ouvido: quais são as consequências do excesso de cera no ouvido?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/369449/cera-no-ouvido-quais-sao-as-consequencias-do-excesso-de-cera-no-ouvido.htm>. Acesso em: 15 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cerume: Secreções cerosas de cor amarela ou marrom, produzidas pelas glândulas sudoríparas apócrinas vestigiais no canal do ouvido externo.
2 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
3 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
4 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
5 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
6 Tímpano: Espaço e estruturas internas à MEMBRANA TIMPÂNICA e externas à orelha interna (LABIRINTO). Entre os componentes principais estão os OSSÍCULOS DA AUDIÇÃO e a TUBA AUDITIVA, que conecta a cavidade da orelha média (cavidade timpânica) à parte superior da garganta.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Distal: 1. Que se localiza longe do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Espacialmente distante; remoto. 3. Em anatomia geral, é o mais afastado do tronco (diz-se de membro) ou do ponto de origem (diz-se de vasos ou nervos). Ou também o que é voltado para a direção oposta à cabeça. 4. Em odontologia, é o mais distante do ponto médio do arco dental.
9 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
10 Vertigens: O termo vem do latim “vertere” e quer dizer rodar. A definição clássica de vertigem é alucinação do movimento. O indivíduo vê os objetos do ambiente rodarem ao seu redor ou seu corpo rodar em relação ao ambiente.
11 Cera do Ouvido: Secreções cerosas de cor amarela ou marrom, produzidas pelas glândulas sudoríparas apócrinas vestigiais no canal do ouvido externo.
12 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
13 Eczema: Afecção alérgica da pele, ela pode ser aguda ou crônica, caracterizada por uma reação inflamatória com formação de vesículas, desenvolvimento de escamas e prurido.
14 Otite: Toda infecção do ouvido é chamada de otite.
15 Exostose: Em fitopatologia, é uma protuberância lenhosa, de caráter patológico, no tronco de uma árvore. Já em ortopedia e reumatologia, se refere ao crescimento ósseo projetado para fora da superfície de um osso, geralmente sob a forma de ossificação das inserções musculares.
16 Osteoma: Tumor benigno derivado do tecido ósseo. Não produz metástases e sua manifestação clínica consiste em dor e deformidade óssea.
17 Cabeça:
18 Seringa: Dispositivo usado para injetar medicações ou outros líquidos nos tecidos do corpo. A seringa de insulina é formada por um tubo plástico com um êmbolo e uma agulha pequena na ponta.
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