O que saber sobre a fenilcetonúria?
O que é fenilcetonúria1?
A fenilcetonúria1 é uma doença genética rara, caracterizada pelo defeito ou ausência da enzima2 fenilalanina3 hidroxilase, que deveria normalmente catalisar a conversão da fenilalanina3 (um aminoácido exógeno, não sintetizado pelo organismo), em tirosina4 (aminoácido essencial às proteínas5 do organismo, sintetizado a partir da fenilalanina3), a qual, por sua vez, está envolvida na síntese da melanina6 (pigmento que confere cor à pele7).
A fenilalanina3 é um aminoácido essencial à estrutura das proteínas5 vegetais e animais, a partir do qual se forma a tirosina4, outro aminoácido essencial para a vida humana. Trata-se de um aminoácido que o organismo não sintetiza e que tem de ser provido por alimentos (leite, peixe, frango, arroz, feijão, aspartame8, etc.). Os fenilcetonúricos9, contudo, são incapazes de digerir a fenilalanina3 pela falta da enzima2 fenilalanina3 hidroxilase e quando ela fica em excesso no sangue10 se transforma em ácido pirúvico11, uma substância tóxica, que afeta o desenvolvimento neurológico.
Quais são as causas da fenilcetonúria1?
A doença é hereditária, autossômica12 recessiva (ambos os pais têm que ter o gene alterado para transmitir a doença ao filho). Algumas mutações genéticas fazem com que a enzima2 não reconheça a fenilalanina3, mas outras, no entanto, apenas lentificam a sua ação ou tornam a enzima2 instável, com a velocidade de degradação acelerada. As pessoas afetadas por esta doença têm deficiência de fenilalanina3 hidroxilase, uma enzima2 que decompõe a fenilalanina3.
Quais são os principais sinais13 e sintomas14 da fenilcetonúria1?
Os principais sinais13 e sintomas14 da fenilcetonúria1 não tratada, que surgem aos quatro ou seis meses (após o período de amamentação exclusiva15), são:
- Oligofrenia (a maioria dos pacientes não tratados não vai além de um QI16 de 50).
- Atraso do desenvolvimento psicomotor17.
- Feridas na pele7.
- Odor corpóreo característico (devido à excreção do ácido pirúvico11 pelo suor).
- Náuseas18 e vômitos19.
- Convulsões.
- Tremores.
- Hiperatividade.
- Microcefalia20.
Como o médico diagnostica a fenilcetonúria1?
É importante que o diagnóstico21 seja feito logo após o nascimento porque o tratamento precoce dessa condição (dieta isenta de fenilalanina3) pode evitar suas consequências danosas e irreversíveis.
Hoje em dia, quase toda maternidade adota o “teste do pezinho” (no Brasil ele é obrigatório) que permite reconhecer a doença logo após o nascimento. O teste é feito de maneira simples, como parte dos primeiros cuidados com o bebê, por meio da retirada de umas poucas gotas de sangue10 do pezinho dele. Crianças que não tenham passado pelo teste do pezinho podem ser diagnosticadas por meio de análises laboratoriais. Normalmente há um aumento da excreção de ácido fenilpirúvico e fenilalanina3 na urina22 e de fenilalanina3 no sangue10.
Como o médico trata a fenilcetonúria1?
A fenilcetonúria1 não tem cura. O tratamento da doença consiste em uma dieta pobre ou isenta de fenilalanina3 por toda a vida. Existem fórmulas comerciais que fornecem os nutrientes necessários para uma alimentação normal, restringindo apenas o aporte do aminoácido fenilalanina3. A administração destes preparados, no entanto, deve ser feita por médicos ou nutricionistas especializados.
A amamentação23 materna pode se dar normalmente, desde que seja feito controle diário da fenilalanina3 sanguínea.
Como evolui a fenilcetonúria1?
Desde que precoce e adequadamente tratada, a fenilcetonúria1 permite uma vida praticamente normal.
A expectativa de vida24 sem tratamento é em torno de apenas 30 anos.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.