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Mal de altitude

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O que é o mal de altitude?

O mal de altitude, chamado também de mal da montanha, doença das alturas ou hipobaropatia, é uma condição patológica relacionada com os efeitos de altitudes acima dos 2.400 metros nas pessoas que moram ao nível do mar ou em altitudes menores, sobretudo se elas ascendem a essas alturas muito rapidamente.

Quais são as causas do mal de altitude?

O mal de altitude é causado por exposição aguda ou crônica à baixa pressão atmosférica e à rarefação de oxigênio em altas altitudes ou em outras situações em que haja baixa da pressão atmosférica. A forma crônica dessa condição, também conhecida como doença de Monge, é uma condição que apenas ocorre depois de uma exposição muito prolongada à alta altitude. Contudo, é difícil determinar quem será afetado pelo mal de altitude, uma vez que não há fatores específicos que denotem a susceptibilidade1 de sofrer a doença. A grande maioria das pessoas é capaz de subir até aos 2.400 metros sem dificuldades.

Qual é o mecanismo fisiológico2 do mal de altitude?

A pressão do ar ambiente é chamada de pressão barométrica (medida por um barômetro). Quando uma pessoa sobe a altitudes mais elevadas que aquela a que está acostumada, essa pressão cai e há uma menor taxa de oxigênio disponível (ao nível do mar essa taxa é de 21%). Se uma pessoa mora em um lugar localizado a uma altitude moderadamente alta, ela se acostuma com a pressão do ar ali vigente, porque sua fisiologia3 (principalmente sanguínea) adapta-se à situação, mas ao deslocar-se para um lugar com uma altitude maior, precisará de tempo para se ajustar à mudança de pressão.

Escalar lenta e gradualmente as altitudes mais altas ajudará os pulmões4 a obter mais ar através de respirações mais profundas. Ao mesmo tempo, haverá um aumento dos glóbulos vermelhos que transportarão o oxigênio necessário a diferentes partes do corpo a partir do ar ambiente mais rarefeito. Por isso, as pessoas que habitam altas altitudes têm um hemograma com maior taxa de hemácias5.

Quais são as principais características clínicas do mal de altitude?

Qualquer pessoa pode desenvolver o mal de altitude, independentemente de estar em boa forma, ser jovem e saudável. Na verdade, estar fisicamente em atividade em uma grande altitude torna mais provável que a pessoa se sinta mal. A condição depende de quão alto a pessoa subiu, com que rapidez o fez, se já teve anteriormente o mal de altitude, além de outros fatores. Há, basicamente, três formas clínicas da doença:

  1. Doença aguda da montanha, a forma mais suave e mais comum. Os sintomas6 são inespecíficos e se parecem a uma ressaca: falta de ar, tonturas7, enjoo, dor de cabeça8, fadiga9, perda de energia, falta de ar, problemas com o sono e diminuição do apetite. Os sintomas6 geralmente ocorrem dentro de 12 a 24 horas de ter subido a uma grande elevação e, em seguida, melhoram dentro de um ou dois dias conforme o corpo se ajusta à mudança de altitude. No entanto, se o caso for um pouco mais grave, os sintomas6 podem ser mais intensos e em vez da pessoa sentir-se melhor com o passar do tempo, poderá se sentir pior, com mais falta de ar e fadiga9. Pode também ocorrer perda de coordenação, dificuldades de andar, dor de cabeça8 severa, aperto no peito10 e, em casos ainda mais severos, confusão, falta de ar em repouso, incapacidade de caminhar, tosse que produz uma substância espumosa branca ou rosa e, finalmente, coma11.
  2. Edema pulmonar12 de alta altitude, um acúmulo de líquido nos pulmões4.
  3. Edema13 cerebral de alta altitude. Esta é a forma mais grave de doença e acontece quando há fluido no cérebro14.

Essas duas últimas condições configuram ameaças à vida, requerem um atendimento médico de urgência15 e tratamentos específicos.

Como o médico diagnostica o mal de altitude?

O diagnóstico16 do Mal de Altitude depende dos sintomas6 e da história associada de mudança brusca de altitude. Além disso, o médico pode ouvir o tórax17 da pessoa com um estetoscópio, solicitar uma tomografia computadorizada18 ou uma ressonância magnética19 do cérebro14, para avaliar as condições dos pulmões4 e/ou a retenção de fluido naquele órgão.

Como o médico trata o mal de altitude?

O tratamento mais importante e decisivo para qualquer nível de doença de altitude é descer a uma elevação mais baixa. Se a pessoa tiver uma forma severa da doença, precisará ser levada até uma elevação mais baixa imediatamente. O médico deve ser consultado o mais rápido possível e talvez seja necessário encaminhar a pessoa ao hospital, conforme o quadro clínico presente no momento. Além de medicações, pode ser necessária a suplementação20 de oxigênio.

Como evolui o mal de altitude?

A forma aguda do Mal de Altitude pode evoluir para um edema pulmonar12 ou um edema13 cerebral, ambos potencialmente fatais. O prognóstico21 de uma pessoa com doença de altitude depende da gravidade da doença. As formas mais leves da doença podem resolver-se por si mesmas, sem problemas. Os pacientes que desenvolvem edema pulmonar12 ou edema13 cerebral têm um prognóstico21 mais reservado. Cerca de 50% dos indivíduos que desenvolvem esses problemas podem vir a óbito22.

Como prevenir o mal de altitude?

A melhor maneira de reduzir sua chance de contrair a doença de altitude é através de uma aclimatação progressiva e lenta às novas circunstâncias, deixando o corpo lentamente adaptar sua fisiologia3 às mudanças na pressão do ar em regiões de elevações.

Quais são as complicações possíveis do mal de altitude?

As complicações mais temidas do Mal de Altitude são o edema pulmonar12 e cerebral.

Leia também "Falta de ar - como acontece?", "O que você sabe sobre hipóxia23?" e "Hipóxia23 cerebral".
ABCMED, 2018. Mal de altitude. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1311648/mal-de-altitude.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Susceptibilidade: 1. Ato, característica ou condição do que é suscetível. 2. Capacidade de receber as impressões que põem em exercício as ações orgânicas; sensibilidade. 3. Disposição ou tendência para se ofender e se ressentir com (algo, geralmente sem importância); delicadeza, melindre. 4. Em física, é o coeficiente de proporcionalidade entre o campo magnético aplicado a um material e a sua magnetização.
2 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
3 Fisiologia: Estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
4 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
5 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
6 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
7 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
8 Cabeça:
9 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
10 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
11 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
12 Edema pulmonar: Acúmulo anormal de líquidos nos pulmões. Pode levar a dificuldades nas trocas gasosas e dificuldade respiratória.
13 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
14 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
15 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
16 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
17 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
18 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
19 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
20 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
21 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
22 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
23 Hipóxia: Estado de baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos que pode ocorrer por diversos fatores, tais como mudança repentina para um ambiente com ar rarefeito (locais de grande altitude) ou por uma alteração em qualquer mecanismo de transporte de oxigênio, desde as vias respiratórias superiores até os tecidos orgânicos.
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