Esteatorreia - o que devemos saber?
O que é esteatorreia1?
Esteatorreia1 é a eliminação de gordura2 nas fezes numa quantidade maior que o normal (acima de 6 gramas por dia), tornando-as mais volumosas, acinzentadas ou claras e geralmente mal cheirosas. Além disso, as fezes gordurosas flutuam na água (devido à sua menor densidade), têm aparência oleosa ou são acompanhadas de gordura2 que flutua isolada no vaso sanitário.
Qual é o mecanismo fisiológico3 da esteatorreia1?
A digestão4 da gordura2 ocorre normalmente no intestino delgado5, realizada pela ação de enzimas pancreáticas, como a lipase, por exemplo, responsável por quebrar as moléculas de gordura2 em outras menores. Estas, por sua vez, formam micelas (partículas globosas de um sistema coloidal) por meio da ação de sais biliares e, em seguida, são absorvidas pela parede intestinal.
De um modo geral, todas as doenças ou síndromes que levam à má absorção causam esteatorreia1, exceto as intolerâncias a carboidratos específicos. Pode ser resultado de problemas como: falha no processo digestivo, falta de sais biliares e danos na mucosa6, como nos casos de enterites.
A má absorção pode dever-se à má digestão4 intraluminal, que ocorre por distúrbio no processo de digestão4 na luz intestinal, à má absorção pela mucosa intestinal7 ou à má absorção pós-mucosa6.
Quais são as causas da esteatorreia1?
A esteatorreia1 ocorre por má absorção causada por diferentes etiologias, como falhas no processo digestivo, falta de sais biliares ou danos na mucosa intestinal7. A má absorção intraluminal deve-se à falta de bile8 (cirrose9 ou obstrução dos canais biliares10) ou de enzimas pancreáticas (pancreatites ou câncer11 do pâncreas12).
Saiba mais sobre "Gastroenterite13", "Cirrose9", "Cálculos Biliares", "Pancreatite14" e "Câncer11 de pâncreas12".
A má absorção pela mucosa intestinal7 pode ocorrer pela destruição das células15 da mucosa intestinal7 por drogas, como algumas classes de anti-inflamatórios não esteroides e outros, por parasitas, doenças autoimunes16 ou por medicações que impeçam a absorção normal dos sais biliares.
A obstrução pós-mucosa6 pode ser congênita17 (linfangite18 intestinal, por exemplo) ou adquirida (trauma, linfoma19, carcinoma20, etc.) Com a obstrução dos canais linfáticos, ocorre a má absorção de gorduras com perda de proteínas21 e linfócitos, sem prejuízo da absorção de carboidratos.
Há outras causas de má absorção, como o supercrescimento bacteriano, obstrução intestinal anatômica e distúrbios de motilidade do intestino. Algumas doenças metabólicas também podem levar à má absorção, por meio de distintos mecanismos. Outra causa possível é a síndrome22 do intestino curto, que ocorre quando há ressecção extensa do intestino delgado5, deixando menos de 200 centímetros.
Leia sobre "Vermes", "Doenças autoimunes16" e "Síndrome22 do intestino curto".
Quais são as principais características clínicas da esteatorreia1?
Como a gordura2 é um nutriente muito valioso, ela é quase totalmente absorvida pelo organismo e geralmente há pouca gordura2 não digerida nas fezes. A presença de grandes quantidades de gordura2 nas fezes (esteatorreia1) pode indicar uma doença de má absorção.
Como o médico diagnostica a esteatorreia1?
O diagnóstico23 da esteatorreia1 é feito pelo exame de amostras fecais ao microscópio. Após administrada a coloração adequada, responsável por corar a gordura2, é indicado o grau de má absorção.
O teste quantitativo de gordura2 fecal mede a quantidade de gordura2 presente em uma amostra de fezes fornecida durante um período de dieta padronizada. Normalmente, este exame é feito após a coleta total de fezes por três dias. Estas serão misturadas e homogeneizadas e seu peso total será mensurado. Uma pequena amostra dessas fezes homogeneizadas será coletada e sua parcela de gordura2 será extraída e medida por um método denominado saponificação.
Como o médico trata a esteatorreia1?
O tratamento para pacientes24 com esteatorreia1 deve consistir na redução da ingestão de gorduras e na administração de enzimas pancreáticas, tomadas em cada refeição. As preparações medicamentosas devem possuir um revestimento para prevenir a desnaturação25 delas pelo suco gástrico.
Leia também sobre "Giardia", "Sangue26 nas fezes" e "Neoplasias27 endócrinas múltiplas".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.