Hiperacusia - conceito, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento
O que é hiperacusia?
A hiperacusia é uma condição caracterizada por uma maior sensibilidade a certas frequências e volumes de som. É, pois, um aumento da acuidade auditiva. Uma pessoa com hiperacusia grave tem dificuldade em tolerar sons cotidianos que podem parecer desagradáveis ou mesmo serem experimentados por ela de maneira dolorosa, mas que são suportados pelas demais pessoas como normais.
Quais são as causas da hiperacusia?
A hiperacusia pode ser adquirida como consequência de danos sofridos pelo ouvido interno1. Em casos de traumatismos, ela também pode ser adquirida como resultado de danos ao cérebro2 ou ao sistema neurológico. Mais raramente, pode ser causada por um distúrbio vestibular3.
A hiperacusia também pode ter origem genética ou ser causada por estresse, mau estado de saúde4 e respostas anormais do músculo tensor do tímpano5 ou músculos6 estapedianos, responsáveis pelos reflexos auditivos. A causa imediata mais comum de hiperacusia é a superexposição a níveis excessivamente elevados de decibéis. Algumas pessoas passam a sofrer de hiperacusia quando submetidas repentinamente a um som muito alto como o disparo de uma arma, o estouro de um pneu, o desdobrar de um airbag, etc.
O ouvido também pode ter sido hipersensibilizando por drogas, doença de Lyme, doença de Ménière, disfunção da articulação temporomandibular7, lesão8 na cabeça9 ou cirurgia. Outras pessoas tiveram história de infecções10 de ouvido.
Saiba mais sobre "Doença de Lyme", "Doença de Ménière", "Disfunção da ATM" e "Otites11".
Qual é o mecanismo fisiológico12 da hiperacusia?
Há especulações de que a porção eferente do nervo auditivo (parte do nervo que parte do cérebro2 para a cóclea) tenha sido lesionada, enquanto as células13 ciliadas, que captam os estímulos sonoros e permitem a audição de sons puros, permanecem intactas. Nestes casos, a hiperacusia é um problema de processamento de como o cérebro2 percebe o som.
A hiperacusia de origem vestibular3 deve-se a distúrbios da entrada nos ouvidos dos movimentos aéreos que produzem os sons.
Quais são as principais características clínicas da hiperacusia?
A hiperacusia coclear é a forma mais comum da doença e os sintomas14 mais comuns são dor de ouvido, desconforto e intolerância a sons que a maioria das pessoas toleram bem. Pessoas com hiperacusia coclear podem ter ataques de pânico e 86% delas também têm zumbido.
Na hiperacusia vestibular3 a pessoa pode sentir tonturas15, náuseas16 ou perda de equilíbrio ante determinados sons. O grau em que cada pessoa é afetada depende não só da gravidade dos sintomas14, mas também de se a pessoa pode detectar sons na faixa de frequência e no volume em questão, bem como do tônus muscular17 pré-existente na pessoa e da intensidade do sobressalto da resposta.
A ansiedade, o estresse e/ou a fonofobia podem estar presentes em ambos os tipos de hiperacusia. Uma pessoa com qualquer das duas formas de hiperacusia pode desenvolver comportamentos de evitação do som. Uma pessoa com hiperacusia pode reagir mesmo a níveis sonoros muito baixos, como o fechar de uma porta, o toque de telefone, o som de uma televisão, o barulho de água corrente, o tique18-taque dos relógios, o som de mascar chicletes ou de cozinhar, o barulho de uma conversa normal, de comer, etc. Esses desconfortos potencialmente podem causar dor no ouvido.
Leia sobre "Zumbido no ouvido19", "Transtorno do Pânico", "Ansiedade" e "Estresse".
Como o médico diagnostica a hiperacusia?
Os pacientes suspeitos de sofrerem essa condição devem ser submetidos ao teste de Níveis de Desconforto de Ruído (LDL20). Os LDL20 normais estão na faixa de 85-90 decibéis. Pacientes com hiperacusia têm uma medida bem abaixo desses níveis.
Como o médico/fonoaudiólogo trata a hiperacusia?
O tratamento da hiperacusia não é o silêncio, nem o uso de protetor auricular. O maior sucesso do tratamento depende do controle ou cura da sua causa. Quando isso não é possível, o controle da hiperacusia pode ser indicado e tem como objetivo diminuir o desconforto que o paciente apresenta.
Com o silêncio ou um ruído mais baixo aumenta-se a intensidade de captação de sons externos, gerando incômodo ainda maior. A maneira correta de tratar envolve a dessensibilização21 com o uso de aparelhos ou instrumentos que emitem um som contínuo de pouca intensidade, abaixo do nível que provoca incômodo ao paciente. Essa estimulação constante ajuda o paciente a readaptar-se aos sons provenientes da natureza, de rádios, televisões, outros aparelhos domésticos, etc.
Conheça a "Misofonia" e "Como é feita a audiometria22".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.