Alotriofagia: você já viu alguém comendo coisas estranhas?
O que é alotriofagia?
Alotriofagia, também chamada de pica ou picanismo, é uma condição rara, caracterizada pela compulsão a comer substâncias que apesar de não terem nenhum valor nutritivo continuam a ser ingeridas pelo portador desta condição. A denominação pica vem do latim e significa pega, um pássaro do hemisfério norte conhecido por comer quase tudo o que encontra pela frente. Um protótipo desse transtorno é o hábito comum entre crianças pequenas de levar à boca1 ou deglutir2 todo tipo de coisa com as quais se deparam.
Na alotriofagia é comum observar-se o consumo de terra, barro, cabelo3, alimentos crus, cinzas de cigarro, fezes de animais, etc. Mas também podem ser consumidos itens inofensivos, como gelo, por exemplo. Para ser considerada como um caso de alotriofagia, essa condição deve persistir por mais de um mês.
Quais são as causas da alotriofagia?
A alotriofagia pode ter diversas causas, entre as quais deficiências nutricionais ou presença de distúrbio mental, como esquizofrenia4, transtorno obsessivo compulsivo ou depressão. Na gravidez5, a alotriofagia em geral é atribuída à anemia6 e a carências alimentares. A alotriofagia tem sido associada a problemas mentais psicóticos, mas desencadeadores de estresse como a orfandade, severos problemas familiares, negligência7 dos pais, gravidez5 ligada à insuficiência8 de nutrientes e uma estrutura familiar transtornada também estão fortemente ligados à alotriofagia. Pesquisas antigas já sugeriram que a alotriofagia era um sintoma9 de alguma outra condição clínica, ao invés de uma condição clínica primária.
Quais são as principais características clínicas da alotriofagia?
O sintoma9 cardinal da alotriofagia é o consumo de substâncias não nutritivas. Existem diferentes variações da alotriofagia, que podem variar desde uma mera tradição cultural, um gosto particular ou um mecanismo neurológico que indica a deficiência de certos elementos no organismo.
Entre animais, também se verifica essa regulação nutricional. Quando galinhas, por exemplo, têm falta de cálcio, elas começam a bicar as paredes dos galinheiros ou a casca dos ovos.
Nos casos de alotriofagia humana, é necessário avaliar se ela não se trata das manifestações de uma doença subjacente, como, por exemplo, a esquizofrenia4. Nesses casos, como é evidente, o interesse clínico deve ser focado, sobretudo, nesta doença de base. Ademais, um exame de sangue10 pode detectar se há deficiência de algum nutriente que possa ser causa da alotriofagia.
Como o médico diagnostica a alotriofagia?
Não há um exame específico que possa diagnosticar a alotriofagia, mas para se dizer que uma pessoa esteja com a doença é preciso que ela repita o comportamento de comer coisas inusitadas e sem teor nutritivo ao menos durante um mês. Um exame de sangue10 deve ser feito para detectar possíveis deficiências nutricionais, bem como uma anemia6. O médico também deve procurar por indícios de infecções11 ou parasitas que possam existir como causa ou consequência da enfermidade.
Como o médico trata a alotriofagia?
Não há um medicamento específico12 para curar a alotriofagia. Os tratamentos utilizados devem ser dirigidos à causa, se essa puder ser identificada, e podem incluir mudanças na dieta, suplementação13 de nutrientes e apoio psicológico. Além disso, deve-se observar se os itens ingeridos não estão provocando algum dano ao organismo, como intoxicações e infecções11 no aparelho digestivo14, por exemplo, que precisem ser tratados.
Como prevenir a alotriofagia?
Como a alotriofagia é uma condição multicausal, não há apenas uma forma de ser prevenida. Ela pode ser evitada se houver o consumo apropriado de nutrientes, a prevenção do estresse desencadeante do comportamento e apoio psicológico nos casos em que ele é necessário.
Quais são as complicações possíveis da alotriofagia?
As complicações da alotriofagia costumam vir em decorrência do tipo de coisa ingerida. Podem ocorrer complicações como intoxicações e infecções11 no aparelho digestivo14, por exemplo. Essa condição pode também levar as crianças à intoxicação, resultar em cirurgias emergenciais, além de sintomas15 mais sutis como deficiências nutricionais e casos de parasitoses.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.