Lacrimejamento em bebês. O que fazer?
Lacrimejamento em bebês1. O que fazer?
A obstrução do canal lacrimal é a causa mais comum de lacrimejamento no primeiro ano de vida, podendo ocorrer em cerca de 6% dos recém-nascidos. Na maioria das vezes ela é unilateral e tem resolução espontânea em 90% dos casos.
É muito importante que os pais estejam informados sobre os cuidados com a visão2, pois só assim serão capazes de observar o comportamento visual da criança e encaminhar os filhos para um exame oftalmológico.
O que é a obstrução do canal lacrimal?
A principal causa de obstrução é a persistência de uma membrana na região da válvula de Hasner, no local de abertura do ducto nasolacrimal3 na cavidade nasal4. Ou seja, a criança tem o canal que leva a lágrima para o nariz5 entupido.
Outras alterações como estreitamento do canal lacrimal, espículas ósseas, presença de válvulas ou outras membranas podem ocorrer, resultando em outras formas de obstrução.
Quais são as causas de lacrimejamento no recém-nascido?
A causa mais comum é a obstrução do canal lacrimal ou canal lacrimal entupido. Mas outras condições podem levar ao lacrimejamento nesta faixa etária. São elas:
- Glaucoma6 congênito7.
- Conjuntivite8 (neste caso geralmente há hiperemia9 conjuntival e edema10 palpebral, ou seja, olhos11 vermelhos e inchados).
- Triquíase12 (ocorre quando os cílios13 nascem virados para dentro do olho14).
- Fechamento incompleto das pálpebras15.
Quais são os sinais16 ou sintomas17 da obstrução do canal lacrimal?
Geralmente os pais observam um lacrimejamento constante em um ou em ambos os olhos11, como se houvesse uma lágrima que não cai do olho14. Na maioria das vezes, não há sinais16 de inflamação18 ou infecção19.
Em alguns casos, aparece uma secreção mucopurulenta, levando ao aspecto de “olho melado”. A criança pode acordar com os olhos11 como se estivessem com as pálpebras15 coladas, quando esta secreção seca e precisa ser higienizada para proporcionar conforto ao bebê.
Pode ocorrer também uma irritação da pele20 da pálpebra inferior (dermatite21 da pálpebra). Nesses casos é necessário o uso de um colírio22 com antibiótico, que deve ser prescrito por um oftalmologista23.
É necessário fazer exames para confirmar o diagnóstico24?
Geralmente o quadro clínico define o diagnóstico24 dispensando os exames complementares, mas o teste de Jones, a dacriocistografia e a dacriocintilografia podem ser úteis na confirmação da obstrução.
Qual é o tratamento da obstrução do canal lacrimal?
Aproximadamente 90% dos casos apresentam resolução espontânea, ou seja, não necessitam de tratamento. Os demais necessitam de sondagem e irrigação do ducto nasolacrimal3.
Cuidados com a higiene, removendo a secreção em excesso, além da massagem preconizada25 por Creigler são importantes para o tratamento conservador. Esta massagem é feita várias vezes ao dia, deslocando o dedo indicador do canto interno do olho14 inferiormente, com o auxílio de uma pomada que facilite o dedo deslizar sobre a pele20 e não machuque o bebê. É feita a compressão do saco lacrimal, levando o material de dentro do saco lacrimal e do ducto nasolacrimal3 para a região da válvula de Hasner, fazendo com que o aumento da pressão rompa a eventual membrana persistente.
A sondagem e a irrigação do ducto nasolacrimal3 deve ser realizada quando não ocorre resolução espontânea. A época em que a sondagem deve ser realizada é um assunto controverso, sendo indicada mais frequentemente entre 6 e 14 meses. Esta sondagem soluciona o problema em aproximadamente 90-95% dos casos, salvo quando há alterações mais graves.
Quando persiste a obstrução após a sondagem, uma segunda e até terceira sondagens são realizadas, embora já esteja indicada a entubação do ducto nasolacrimal3 com silicone, utilizando-se de sonda de Crawford ou similar. Esta sonda de silicone permanece por aproximadamente 6 a 8 semanas no local e pode ser removida no consultório, sem sedação26.
Para os casos em que não houve resolução da obstrução com a sondagem e/ou entubação da via lacrimal está indicada a dacriocistorinostomia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.