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Desenvolvimento infantil

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O que é desenvolvimento infantil?

Chama-se desenvolvimento infantil à evolução física, emocional, social e cognitiva1 da criança entre zero e seis anos de idade.

Como deve se processar o desenvolvimento infantil?

Para ter um desenvolvimento normal, a criança precisa de um ambiente acolhedor, harmonioso e rico em experiências. Mas os cuidados para um bom desenvolvimento começam com os cuidados com a mãe no pré-natal e devem continuar a ser promovidos após o nascimento. Também são essenciais a participação da família, da rede social de apoio e das políticas públicas, no sentido de dar suporte e organizar a assistência à criança.

O desenvolvimento infantil ano a ano

O desenvolvimento infantil tem um ritmo diferente em cada criança, sem que isso prejudique o resultado final. Assim, por exemplo, uma criança pode aprender a ler e a escrever mais cedo que outras, mas isso não significa necessariamente que ao final do processo estará lendo ou escrevendo melhor que aquelas que evoluíram mais lentamente. Contudo, os primeiros anos de vida são fundamentais no desenvolvimento e é neste período que o incentivo ao ganho de autonomia, ao desenvolvimento da própria personalidade e da coragem para enfrentar e vencer os desafios da vida deve começar.

Saiba mais sobre "Ansiedade infantil", "Crescimento Infantil2" e "Sintomas3 precoces de autismo".

A criança de um ano

A criança de um ano de idade dorme de 11 a 15 horas diárias, à diferença do recém-nascido, que dorme quase o tempo todo e só acorda para mamar. Entre os 12 e os 14 meses, a relação da criança com seus pais atinge seu pico de intensidade e nessa fase a criança experimenta uma ansiedade de separação e medo de estranhos.

Por volta dos 12 meses de idade, ela já dá os primeiros passos e desenvolve rapidamente sua capacidade de andar. A dieta da criança está próxima a dos adultos e o bebê experimenta os primeiros sabores, adotando preferências e rejeições. Aos 12 meses a criança procura se comunicar com o adulto e já ri de alguma coisa que a impressiona.

Já demonstra capacidade de “dar”, ao invés de querer tomar tudo para si; compreende perguntas simples e obedece ordens simples; pode dar adeus e bater palmas; gosta de brinquedos que fazem ruído ou produzem música, já esboça alguma colaboração com o adulto que deseja vesti-la, dando a mão4 ou o pé; é capaz de pôr um objeto sobre o outro.

Leia sobre "Ansiedade de separação".

A criança de dois anos

Aos dois anos, os meninos têm uma estatura média de 91 centímetros e as meninas de 81 centímetros; o cérebro5 da criança já atingiu cerca de 80% do volume que terá na vida adulta; seu perímetro cefálico médio é de 48,8 cm para meninos e 47,8 cm para meninas; os meninos pesam, em média, 15 kg e as meninas 10,5 kg e dormem de 11 a 14 horas por dia.

A criança deixou de ser um bebê e se torna uma criança, cada vez mais sociável e independente, começando a interagir com as pessoas. No entanto, ao se colocarem juntas várias crianças de dois anos, elas ainda não formam um grupo e continuam a ser uma coleção de seres individuais, voltados para si mesmos. Preferem brincar sozinhas a partilhar as brincadeiras com outras crianças e ainda não são capazes de esperar pela sua vez. Não compreendem a impossibilidade de certas coisas e, se elas não acontecem conforme desejam, recorrem às famosas birras.

A separação dos pais ainda é motivo de alguma ansiedade e ainda demonstram algum retraimento6 face7 a estranhos. Aos dois anos, a criança já tem um vocabulário de 50 a 300 palavras. Aos poucos, vai conseguindo capacidade de concentração e sendo capaz de seguir instruções simples. Adora que leiam histórias para ela. Começa a desenvolver o pensamento abstrato. As brincadeiras de faz-de-conta são uma das suas preferidas, juntamente com as que visam imitar as profissões do pai ou da mãe.

Do ponto de vista motor, a criança aperfeiçoa sua coordenação motora e já é capaz de saltar, correr, subir nas coisas, etc.; define sua preferência por uma das mãos8, direita ou esquerda; gosta de ver livros e já vira uma página de cada vez; sobe e desce escadas apoiando os dois pés no mesmo degrau.

A criança de três anos

O cérebro5 da criança de 3 anos está quase completamente desenvolvido e é duas vezes mais ativo do que o do adulto. Os meninos pesam, em média, 17,25 kg, tem uma estatura média de 100 cm e um perímetro cefálico (medida da circunferência da cabeça9) de 49,8 cm e as meninas pesam em torno de 11,50 kg, têm uma estatura média de 88 cm e 48,9 cm de perímetro cefálico.

O sono toma de 10 a 13 horas diárias. A criança começa a diferenciar as brincadeiras conforme o gênero menino ou menina. Gosta de imitar o pai ou a mãe, conforme o caso, às vezes vestindo-se como eles. Pode assumir pequenas tarefas, como levar a roupa suja para o cesto ou colocar o prato na bancada da cozinha, por exemplo.

Aos 3 anos, a criança começa a partilhar. Começa a abandonar a linguagem de bebê e a adquirir uma linguagem mais próxima da linguagem do adulto. O tempo de atenção ainda é curto (10 a 15 minutos). Com um vocabulário de expressão de cerca de 900 palavras, compreende cerca de 1.200.

Acentua-se a fase dos “porquês”, começada anteriormente. Gosta de ouvir histórias e de vê-las repetidas inúmeras vezes. Para ela a palavra tem um sentido único e literal, ainda tem dificuldade em perceber o duplo sentido das palavras. Já compreende conceitos temporais, como manhã, tarde e noite, por exemplo, e é capaz de usar plurais. Também já é possível realizar sozinha algumas tarefas, como vestir-se, subir as escadas alternando os pés, fazer desenhos simples, etc. Geralmente, gosta de andar, saltar, correr, nadar, balançar o corpo, etc.

A criança de quatro anos

Aos quatro anos, o cérebro5 da criança tem como principal atividade o aperfeiçoamento da motricidade fina. Os meninos pesam, em média, 20 kg e, as meninas, 12,25 kg. A estatura média dos meninos chega a 109 cm e a das meninas a 94 cm. O perímetro cefálico médio dos meninos é de 50,4 cm e o das meninas, 49,6 cm. A criança dorme entre 10 e 13 horas diárias.

Nessa idade, a criança já gosta de conviver com outras crianças e as brincadeiras co-participativas são as preferidas. A criança pode ter já dois ou três “melhores amigos” e um ou outro amigo imaginário. Aos 4 anos, a criança já dá asas à imaginação e consegue dar continuidade a uma estória apenas iniciada. O seu vocabulário de expressão já chegou a mais de 1.500 palavras e compreende entre 2.500 e 2.800 palavras. Às vezes, surpreende as pessoas com palavras e expressões inusitadas que ela aplica de forma completamente correta, mesmo quando parece ao adulto que ninguém lhe ensinou o significado.

Já é capaz de reconhecer e nomear cerca de oito cores. Já se refere de forma detalhada a acontecimentos passados e conhece os opostos como grande/pequeno, pesado/leve, etc. Dá atenção às histórias, conversações e filmes e por vezes inventa histórias. Consegue andar de bicicleta, subir nas árvores e realizar outras atividades que exigem equilíbrio. Já desenha figuras humanas que, embora disformes, com cabeças enormes e braços e pernas em linha, mostram que a criança já percebe a unidade do corpo.

A criança de cinco anos

Aos cinco anos, o cérebro5 da criança já tem 90% do tamanho que terá em adulto. O peso médio dos meninos é de 22,5 kg e das meninas 14 kg e a estatura média dos meninos é de 117 cm, já a das meninas é 101 cm. Os dentes permanentes começam a empurrar os dentes de leite, que aos poucos ficam “moles”. A criança continua dormindo de 10 a 13 horas diárias.

Nessa idade, a criança começa a compreender as necessidades dos outros e a ter um sentido de responsabilidade e organização e podem ser-lhe confiadas pequenas tarefas. Já é capaz de conceber a noção temporal em dias, semanas, meses e anos. Seu vocabulário consta de cerca de 2000 palavras e já compreende que as palavras podem ter um duplo significado.

Já consegue, também, distinguir os opostos: o certo do errado, a verdade da mentira, o justo do injusto, mais alto, mais baixo, maior, menor. Aos 5 anos, a criatividade da criança está no seu auge e ela começa a passar para o papel o que imagina. Seu vocabulário é alargado e mostra-se mais adequado às situações. As palavras são mais bem pronunciadas.

Sabe se comportar em discussões de grupo, aguardando corretamente a sua vez. É capaz de fazer muitas tarefas sozinha, como tomar banho ou vestir-se, por exemplo. Nos desenhos, usa cores mais equilibradas. Começa a gostar do esporte e de atividades físicas. Corre, pula corda, dança, joga bola, anda de bicicleta, adora nadar…

A criança de seis anos

Aos 6 anos, a criança já apresenta uma linguagem bem desenvolvida. A entrada na escola amplia ainda mais essa linguagem e aumenta sensivelmente a capacidade de adaptações à vida social. Essa entrada na escola cria novos centros de interesse e a oportunidade para se relacionar com outras crianças e interagir com novos ambientes.

A criança entra numa nova etapa do seu desenvolvimento e passa a usar as novas tecnologias nas suas tarefas escolares. É importante conceder às crianças um tempo para “não fazer nada“, para que elas possam desenvolver a criatividade e inventar coisas novas para se entreterem.

As rotinas das refeições e da hora para dormir continuam a ser fundamentais para a estruturação da vida da criança. Em geral, a criança dorme de 9 a 11 horas. Nessa idade, a criança está integrada às atividades familiares e pode-se atribuir a ela novas pequenas tarefas, o que estimula a criança a ter responsabilidades na vida.

Já suportando melhor a sua separação dos pais, pode começar a pedir para passar algum tempo na casa de amigos. Gosta de brincar em grupo e valoriza ser reconhecida e apreciada pelos adultos. Mostra que já tem opinião e vontade próprias e diz claramente o que quer e o que não quer fazer. Seu vocabulário é muito alargado e adequado às situações cotidianas.

A partir dos 6/7 anos, vai conseguindo ler sozinha. Já consegue chutar uma bola em movimento e fazer muitos outros malabarismos físicos. Participa com gosto de jogos e brincadeiras competitivas e cooperativas.

Veja também sobre "Superproteção" e "Dificuldades de adaptação das crianças à escola".

 

ABCMED, 2017. Desenvolvimento infantil. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1306408/desenvolvimento-infantil.htm>. Acesso em: 11 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
5 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
6 Retraimento: 1. Ato ou efeito de retrair (-se); retração, contração, encolhimento. 2. Atitude reservada; reserva, timidez, acanhamento. 3. Estado ou condição de quem se encontra só; solidão, isolamento, retiro. 4. Lugar ermo ou solitário; retiro. 5. Retração. 6. Retirada.
7 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
8 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
9 Cabeça:
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