Depressão psicótica versus depressão maior: quais são as diferenças?
O que é depressão psicótica?
A depressão psicótica ou psicose1 depressiva é um subtipo de depressão maior, na qual ocorrem manifestações de psicoses, como alucinações2 ou delírios, geralmente congruentes com o estado de ânimo depressivo, como ouvir vozes que depreciam o paciente, dizendo-lhe que ele é desprezível ou inútil ou experimentar intensos sentimentos de inutilidade, fracasso, culpa ou ideias de ter cometido uma falta irreparável. A depressão maior, também chamada depressão unipolar, é um transtorno mental caracterizado por uma baixa generalizada e persistente do humor, acompanhada por baixa autoestima e por uma perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis.
O termo "depressão" é usado em muitos sentidos diferentes, às vezes para significar um simples desgosto com algum acontecimento inconveniente da vida ou um simples baixo-astral. No entanto, a depressão maior é uma condição incapacitante que afeta negativamente as funções fisiológicas3 e a expressividade da pessoa na família, no trabalho ou na vida, alterando, entre outras coisas, hábitos, sono e apetite, com graves repercussões sobre a saúde4. Enquanto muitas depressões são apenas reações psicológicas a eventos negativos, a depressão maior é uma verdadeira doença que ocorre mesmo quando tudo vai bem. Dela faz parte a depressão psicótica.
Como diferenciar a depressão maior da depressão psicótica?
A depressão maior se caracteriza pela tríade sintomática5:
- Profundo sentimento de tristeza, psicologicamente imotivada.
- Lentificação do curso do pensamento e das atividades psicomotoras.
- Ideação autodepreciativa e de suicídio.
O humor deprimido é mais acentuado na parte da manhã e se faz acompanhar de uma perda de interesse nas atividades cotidianas normais e nas relações. Outros sintomas6 da depressão maior podem ser fadiga7 ou falta de energia para as tarefas diárias quase todos os dias; sentimentos de inutilidade ou culpa; incapacidade de concentração; indecisão; insônia ou, ao contrário, sono excessivo; diminuição ou abolição da capacidade de sentir prazer; inquietação; pensamentos recorrentes de suicídio; perda de peso. Uma pessoa com depressão maior pode gastar muito tempo na cama, dormindo durante o dia e ficar acordado à noite e pode negligenciar sua aparência, não tomando banho ou trocando de roupa.
Normalmente, ela já tem seu contato com a realidade muito alterado, mas a pessoa com depressão psicótica, além dos sintomas6 da depressão maior, está ainda mais fora da realidade, com alucinações2 e delírios.
Quais são as causas da depressão psicótica?
As causas da depressão psicótica não são totalmente conhecidas. Os sintomas6 psicóticos tendem a desenvolver depois que um indivíduo já teve vários episódios de depressão sem psicose1. Os familiares das pessoas que sofrem depressão psicótica apresentam risco aumentado tanto para depressão psicótica como para esquizofrenia8. As causas podem ter uma forte influência genética, devido a desequilíbrios químicos no cérebro9, relacionados aos neurotransmissores.
Quais são os sinais10 e sintomas6 da depressão psicótica?
A depressão psicótica afeta aproximadamente uma em cada quatro pessoas com depressão maior e, além dos sintomas6 próprios daquela depressão, as pessoas também alegam ouvir "vozes" ou têm ideias estranhas e ilógicas, de cuja “realidade” estão irremovivelmente convencidas. Elas podem estar convencidas, por exemplo, que outras pessoas falam mal delas, que podem ouvir seus pensamentos, que estão tentando prejudicá-las, que estão possuídas por espíritos, que são procuradas pela polícia ou que cometeram algum crime etc.
Por isso, em função de suas alucinações2 e delírios essas pessoas podem ficar raivosas e agressivas sem razão aparente e dizer coisas que não fazem sentido para as demais. As pessoas com outras doenças mentais também podem experimentar sintomas6 como estes, mas naquelas com depressão psicótica as alucinações2 e delírios têm temas consistentes com a depressão, como inutilidade ou fracasso, ao passo que na esquizofrenia8, por exemplo, são mais bizarros ou inverossímeis e não têm nenhuma conexão óbvia para um estado de humor.
As pessoas com depressão psicótica podem se sentir humilhadas ou envergonhadas pelos pensamentos que lhes ocorrem e tentar escondê-los. Isso torna este tipo de depressão muito mais difícil de diagnosticar.
Como o médico diagnostica a depressão psicótica?
O diagnóstico11 da depressão psicótica é feito principalmente pelo histórico dos sintomas6 relatados pelo paciente e pelas pessoas que convivem com ele.
Como o médico trata a depressão psicótica?
O tratamento da depressão psicótica deve ser diferente daquele da depressão não psicótica. Além dos antidepressivos, deve incluir também os neurolépticos12 antipsicóticos. Se a depressão não melhorar com as medicações, deve-se apelar para o eletrochoque, em que uma convulsão13 é provocada pela passagem de uma corrente elétrica através do cérebro9. O eletrochoque tanto melhora os sintomas6 depressivos como os psicóticos.
O paciente deve ser vigiado com relação às ideias de suicídio que são uma possibilidade real nesse tipo de transtorno mental. Pacientes com depressão psicótica têm aumentada a chance de sofrerem de transtorno bipolar, pelo que devem ser monitorados quanto à possibilidade de uma “virada” maníaca. Em alguns casos, os doentes devem ser hospitalizados para reduzir o risco de danos para si ou para outrem.
Como prevenir a depressão psicótica?
É difícil evitar a depressão psicótica, porque a sua causa ainda é desconhecida. Quando aparecerem os primeiros sintomas6 de depressão o médico de ser procurado, para ajudar a prevenir que a doença se agrave.
Como evolui a depressão psicótica?
A depressão psicótica pode reincidir, por isso é importante continuar o tratamento, mesmo que o episódio agudo14 tenha sido superado.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.