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Complexo de Édipo

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O que é o Complexo de Édipo?

O Complexo de Édipo é um dos conceitos fundamentais de Freud. Este conceito refere-se a uma fase no desenvolvimento infantil em que existe uma “disputa” entre a criança e o genitor do mesmo sexo pelo amor do genitor do sexo oposto. Na psicanálise, o Complexo de Édipo é visto como o desejo inconsciente de uma criança, mantido assim através da repressão, de ter atrações sexuais para com o genitor do sexo oposto. Isto é, os meninos têm atração por suas mães e as meninas por seus pais.

Ocorre no terceiro dos cinco estágios da evolução da sexualidade infantil (1. estágio oral, 2. estágio anal, 3.estágio fálico, 4. estágio de latência1 e 5. estágio genital), nas idades de 3 a 6 anos. Mais comumente, o complexo edipiano refere-se ao desejo sexual de um filho por sua mãe e Jung criou o termo "complexo de Electra" para referir-se à manifestação do complexo em meninas, com o quê Freud não concordou.

Como se manifesta comportamentalmente o Complexo de Édipo?

Segundo Freud propôs, os meninos experimentam o Complexo de Édipo sob a forma de ansiedade de castração2 (medo de perder o pênis3), as meninas sob a forma de inveja do pênis3. A não resolução do complexo pode levar a sérias perturbações psíquicas como neuroses, pedofilia, homossexualidade e outras.

A resolução bem-sucedida do complexo contribui para o desenvolvimento psíquico da criança e é feita pela identificação da criança com o genitor do mesmo sexo. Se a evolução psicossexual de homens e mulheres fica detida nos estádios edipianos eles são considerados "fixados na mãe" ou "fixados no pai" e isso leva, na vida adulta, a uma escolha amorosa de um parceiro assemelhado a eles.

Veja mais sobre "Neuroses", "Pedofilia-doença e pedofilia-criminosa" e "Homossexualidade".

A história de Édipo

Édipo é um personagem da tragédia grega de Sófocles do ano 429 a.C., “Édipo Rei”, que involuntariamente mata seu pai, o rei Laio, de Tebas e, por obra do destino, acaba por se casar com sua mãe, a rainha Jocasta.

O enredo da peça é mais ou menos o seguinte: ao nascer, sua mãe leva Édipo a um oráculo que deve fazer a previsão de seu futuro. Esse oráculo prevê para ele um destino trágico: quando crescer, matará seu pai e casará com sua mãe. Tentando evitar que essa terrível predição se realize, a rainha decide sacrificar a criança, abandonando-a com os pés amarrados no Monte Citerão, entre Tebas e Corinto. Por piedade, um pastor coríntio o recolhe e leva-o para sua cidade, onde acaba adotado pelo rei Pólibo.

Muitos anos depois, consultando o oráculo de Delfos para esclarecer uma dúvida sobre sua origem, o jovem é atingido pela terrível profecia. A fim de evitar o desastre previsto e crendo ser filho legítimo do rei e da rainha de Corinto, Édipo parte dessa cidade e se dirige a Tebas. Na viagem encontra um velho homem com quem discute pela prioridade de passagem em uma encruzilhada. Encolerizado, mata o viajante e toda sua comitiva, exceto um só homem. Chegando a Tebas derrota a Esfinge, monstro postado à entrada da cidade e assim a salva da praga que a assolava. Como dupla recompensa recebe o título de rei, em lugar de Creonte, irmão de Jocasta, que reinava então e a mão4 da rainha Jocasta, já que o rei Laio fora assassinado misteriosamente.

Quinze anos depois, uma nova peste terrível assola a cidade. Creonte consulta novamente o oráculo de Delfos sobre o que fazer e obedecendo-o diz ao rei Édipo que, para livrar a cidade do flagelo, é preciso encontrar e punir o assassino de Laio. O cego Tirésias é chamado para ajudar. Vem-se a saber que Édipo não era filho legítimo de Pólibo, que acabara de morrer. Quase ao mesmo tempo, aparece o homem sobrevivente da comitiva de Laio no dia em que este foi morto. Trata-se do mesmo pastor que recolheu o bebê no monte Citerão e que reconhece que o rei de Tebas e aquela criança eram a mesma pessoa.

Assim, após exaustivas investigações, Édipo conclui que o homem que ele matara era o rei Laio, seu pai verdadeiro e a rainha que desposara era, de fato, sua mãe. Tudo estava revelado: Édipo matara seu próprio pai e desposara sua verdadeira mãe. O destino se cumprira, inexoravelmente. Diante da revelação da tragédia, a rainha se suicida e Édipo fura os próprios olhos5 e decide abandonar a cidade, não sem antes testemunhar a luta de seus dois filhos pelo poder agora vago e amaldiçoá-los.

Torna-se um andarilho. Ao aproximar-se dos bosques de Colono pressente que logo morrerá. Sua filha Antígona o guia, mas não consegue enterrá-lo. A terra então se abre e o acolhe e se torna sagrada.

Como evolui o Complexo de Édipo?

Se tudo se desenvolver normalmente, com a evolução a menina acaba por se identificar com a mãe, desenvolvendo assim atitudes femininas, enquanto o garoto passa a se identificar com o pai, adotando o modelo masculino de ser. Porém, quando o temor de ficar sem a posse do genitor do mesmo sexo, que normalmente a criança hostiliza, for maior que tudo, pode ocorrer uma empatia com ele, gerando possivelmente no futuro atitudes homossexuais.

O complexo de Édipo permite que o indivíduo faça a transição da esfera dos instintos e dos impulsos para o universo cultural. Na hipótese de a pessoa não conseguir realizar esta mudança fundamental, ela pode entrar em um processo de inquietação psíquica extrema. Para que a criança possa reprimir sua libido6 – energia direcionada para toda forma de prazer, não só para o sexual – ela passa por um mecanismo simbólico de castração2. Com medo de ser castrada, a criança oculta seus sentimentos e os canaliza para o âmbito social na direção de parceiros que não sejam tabus para ela.

O desejo primitivo dirigido a um dos pais pode despertar na criança uma motivação ciumenta que exclua o outro genitor. A oposição aos pais pode não ter necessariamente uma base sexual, mas pode ser também uma parte da luta para afirmar a própria identidade e rebelião contra o controle deles. É assim que a criança torna-se mais independente.

Leia também sobre "Psicoterapias".

 

ABCMED, 2017. Complexo de Édipo. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1289173/complexo-de-edipo.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Latência: 1. Estado, caráter daquilo que se acha latente, oculto. 2. Por extensão de sentido, é o período durante o qual algo se elabora, antes de assumir existência efetiva. 3. Em medicina, é o intervalo entre o começo de um estímulo e o início de uma reação associada a este estímulo; tempo de reação. 4. Em psicanálise, é o período (dos quatro ou cinco anos até o início da adolescência) durante o qual o interesse sexual é sublimado; período de latência.
2 Castração: Anulação da função ovariana ou testicular através da extirpação destes órgãos ou por inibição farmacológica.
3 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
4 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
5 Olhos:
6 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
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