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Hipnose – o que é e como é feita?

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O que é hipnose?

A hipnose é um estado de consciência que envolve atenção concentrada e consciência periférica reduzida, caracterizando uma maior capacidade de atendimento às sugestões. Ela consiste na aplicação por parte de uma pessoa (o hipnotizador) a uma outra pessoa (o hipnotizado ou paciente).

A hipnose só é possível se houver aquiescência e completa entrega daquele que deseja ser hipnotizado: ninguém pode ser hipnotizado contra sua vontade e mesmo as pessoas que desejam sê-lo, mas são incapazes de seguir todos os passos necessários, não são susceptíveis a serem hipnotizadas.

O estado mental que caracteriza a hipnose precisa ser induzido, o qual deve ser produzido por uma série de instruções preliminares, técnicas especiais e sugestões. Em certos limites, a pessoa hipnotizada sente, percebe, pensa e age seguindo as sugestões que o hipnotizador lhe transmite.

O termo "hipnose" procede do grego e do latim (grego: hipnos = sono + latim: osis = ação ou processo) e deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu. No entanto, a pessoa originalmente associada ao uso do transe hipnótico para fins terapêuticos foi o médico austríaco Franz Mesmer (1734-1815), embora ele atribuísse isso a um “magnetismo” pessoal.

Foi Braid que reconheceu que a hipnose depende fundamentalmente de um processo de sugestão. Depois dele, Jean Marie Charcot (1825-1893), um neurologista1 francês, começou a usar a hipnose como forma de tratamento para uma desordem então popular entre as mulheres, conhecida como histeria. Freud, a partir dessa técnica, finalmente descobriu que ele poderia alcançar a mente inconsciente de suas pacientes através de uma associação livre de pensamentos, criando assim a psicanálise

Leia mais sobre "Histeria" e "Psicoterapias".

Como se induz a hipnose?

Na maioria dos indivíduos (mas não em todos!), é possível induzir a hipnose por diversos métodos e técnicas especiais. Quando um hipnotizador induz um transe hipnótico, estabelece um canal de comunicação muito estreito e exclusivo com o hipnotizado, com exclusão de tudo o mais. O elemento essencial da hipnose é, pois, a sugestão feita durante um estado de estreitamento do foco da atenção, com exclusão das percepções periféricas.

Isso é semelhante ao que se passa com muitas pessoas “hipnotizadas” (absorvidas) por um filme, por exemplo, que faz com que elas esqueçam todo o resto, exceto o que elas veem na tela. A própria denominação de “transe”, que se aplica ao estado hipnótico, faz lembrar os transes induzidos por drogas ou por práticas religiosas, que também geram estados mentais assemelhados. O hipnotizador usa técnicas especializadas, tornando muito mais fácil para ele substituir os pensamentos da pessoa hipnotizada pelos seus próprios, mediante sugestão.

Um elemento seguinte da hipnose é o relaxamento. Uma vez que a focalização da atenção é garantida, o hipnotizador tentará levar a pessoa a um estado de relaxamento total. Com os olhos2 fechados, a pessoa é convidada a se relaxar da cabeça3 aos pés, deixando seus músculos4 inteiramente flácidos. Logo em seguida, sugerirá que a pessoa está descendo algum lugar (um lance de escadas, uma escada rolante, um elevador, etc.) e vai contando regressivamente (geralmente de dez até zero) e à medida que a pessoa for chegando ao fundo estará “dormindo” progressivamente, até estar profundamente “adormecida”. Nesse estado, a pessoa é mais suceptível a sugestões.

Para muitas pessoas, isso se passa exatamente assim. Outras, no entanto, que tenham dificuldades para relaxar, não são tão facilmente hipnotizáveis ou não o são de todo modo. Quando a sessão terminar, o hipnotizador deverá levar a pessoa de volta, na ordem inversa do processo, até que ela esteja de novo no gozo de seu estado mental normal. Na maioria dos casos, a pessoa será incapaz de lembrar mais tarde o que fez, falou ou sentiu enquanto hipnotizada, mas esse estado de não lembrança nem sempre é completo.

Quando usar a hipnose?

Algumas vezes, usou-se hipnose apenas com propósitos de exibição, conhecida como "hipnose de palco". Esse uso hoje está proibido no Brasil, porque embora não seja possível o seu uso com propósitos antiéticos (a pessoa “acordaria”), a hipnose pode colocar a pessoa em situações constrangedoras ou vexatórias, com as quais ela normalmente não concordaria.

Quando a hipnose é utilizada por psicólogos ou médicos para fins terapêuticos, fala-se apropriadamente em hipnose terapêutica5 ou hipnoterapia. Com efeito, é possível tratar alguns problemas de comportamento, como o tabagismo, disfunções alimentares, insônia e medos superficiais, entre tantos outros problemas, com o uso adequado e competente da hipnoterapia. Esse tratamento funciona melhor com as pessoas altamente sugestionáveis. Contudo, a maioria dos psiquiatras ainda acredita que o tratamento das doenças psiquiátricas fundamentais têm melhor chance de sucesso com o paciente em estado normal de consciência.

Alguns odontólogos também usam a hipnose para diminuir o medo que alguns pacientes sentem em relação a certos procedimentos odontológicos e, consequentemente, à dor que possam experimentar.

Veja também sobre "Insônia", "Neuroses", "Anorexia6", "Bulimia7" e "Ortorexia".

 

ABCMED, 2018. Hipnose – o que é e como é feita?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1313488/hipnose-o-que-e-e-como-e-feita.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Neurologista: Médico especializado em problemas do sistema nervoso.
2 Olhos:
3 Cabeça:
4 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
5 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
6 Anorexia: Perda do apetite ou do desejo de ingerir alimentos.
7 Bulimia: Ingestão compulsiva de alimentos, em geral seguida de indução do vômito ou uso abusivo de laxantes. Trata-se de uma doença psiquiátrica, que faz parte dos chamados Transtornos Alimentares, juntamente com a Anorexia Nervosa, à qual pode estar associada.
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