Colestase - O que é? Quais são os sintomas? O que deve ser feito?
O que é colestase1?
Colestase1 é o nome dado à redução do fluxo de bile2, seja pela secreção comprometida nos hepatócitos, seja por diminuição ou interrupção deste fluxo.
O que é bile2?
A bile2, também conhecida como bilis, é um fluido produzido pelos hepatócitos (células3 do parênquima4 hepático), que é armazenada na vesícula biliar5, uma bolsa que possui capacidade para guardar cerca de 20 a 50 ml de bile2. Ela é uma secreção de sabor amargo, coloração amarelo-esverdeada e possui em sua composição água, bicarbonato de sódio, sais biliares, bilirrubina6, colesterol7 e pigmentos. Este fluido, depois de acumulado na vesícula biliar5, é posteriormente secretado no duodeno8, recrutado por substâncias gordurosas presentes nas dietas. A secreção da bile2 é controlada pelo esfíncter de Oddi9 (válvula que controla o fluxo dos fluidos digestivos que passam pelos "canais" que drenam a bile2, a qual sai do fígado10 e do ducto do pâncreas11 em direção ao intestino), ela age na digestão12 das gorduras ingeridas e na absorção intestinal de substâncias nutritivas presentes na dieta.
Veja também "Icterícia13 em adultos", "Esteatose hepática14", "Hepatites15", "Cálculos biliares" e "Colecistite16".
Qual é o mecanismo fisiológico17 da colestase1?
Diz-se que há colestase1 quando o fluxo de bile2 (fluido digestivo produzido pelo fígado10) é prejudicado ou obstruído em algum ponto entre as células3 do fígado10 e o duodeno8. Quando o fluxo de bile2 é estancado, o pigmento bilirrubina6 escapa para a corrente sanguínea e se acumula. Normalmente, a bilirrubina6 contida na bile2 se move através dos canais biliares18 e é eliminada do corpo, a maior parte pelas fezes e uma pequena quantidade pela urina19.
Quais são as causas da colestase1?
A colestase1 é causada por um processo inflamatório, infeccioso ou obstrutivo que se pode verificar desde o hepatócito até a porção terminal das vias biliares20 como, por exemplo, uma hepatite21 infecciosa e cálculos na vesícula22, respectivamente. Assim, as causas da colestase1 podem ser intra-hepáticas23 e extra-hepáticas23. Como causas intra-hepáticas23 estão: hepatite21 aguda, cirrose24 alcoólica, cirrose24 por inflamação25 (incluindo hepatite21 B ou C), drogas, gravidez26 e câncer27 que tenha se espalhado para o fígado10. Fora do fígado10, as causas incluem cálculos, estenose28 (estreitamento) de um dos ductos biliares29, câncer27 do ducto biliar ou do pâncreas11 e inflamação25 do pâncreas11 (pancreatite30).
Quais são as principais características clínicas da colestase1?
Os sintomas31 típicos da colestase1 são icterícia13 (uma cor amarelada na pele32, nas mucosas33 e na esclera34), urina19 escura, fezes claras e coceira generalizada. A urina19 fica escura por um aumento da bilirrubina6 eliminada pelos rins35. As fezes ficam claras, contêm muita gordura36 (esteatorreia37) e um odor desagradável, porque a passagem de bilirrubina6 para o intestino está dificultada ou obstruída. A pele32 fica amarelada e coça em virtude do acúmulo de produtos da bile2 na pele32. A coceira começa na planta dos pés e na palma das mãos38 e se espalha pelo corpo, tendendo a se intensificar à noite. Com menor frequência, ocorrem fadiga39, insônia e mal-estar. A carência de bile2 no intestino também implica absorção inadequada de cálcio e vitamina40 D, perda de tecido ósseo41 e da absorção de vitamina40 K, o que favorece os sangramentos. A causa subjacente à colestase1 vai determinar se a pessoa apresenta outros sintomas31, como dor abdominal, perda de apetite, vômitos42 ou febre43.
Uma situação especial é a colestase1 que ocorre na gravidez26. A origem do problema, ainda é obscura para os especialistas, mas desconfia-se que exista um componente genético envolvido no descompasso do metabolismo44 hepático, que levaria ao acúmulo dos sais biliares no organismo inteiro. O depósito deles na pele32 da mãe desencadeia coceira e na placenta provocaria um parto prematuro ou comprometeria os vasos sanguíneos45, prejudicando a oxigenação e a nutrição46 do bebê. Suspeita-se também que o aumento nos níveis do hormônio47 estrogênio, característico dessa fase, possa funcionar como um gatilho da colestase1.
Como o médico diagnostica a colestase1?
Diante de manifestações que sugiram o problema, o médico costuma solicitar um exame de sangue48 para avaliar o funcionamento do fígado10, como a fosfatase alcalina49, bilirrubinas50, TGO e TGP. Ele também pode recorrer à ultrassonografia51 abdominal total, para excluir a presença de cálculo52 na vesícula biliar5 ou qualquer outra alteração morfológica. Um diferencial deve ser feito com outras enfermidades que possam confundir o diagnóstico53 como, por exemplo, doenças dermatológicas que também desencadeiam coceira; pré-eclâmpsia54, que tem potencial de alterar as enzimas hepáticas55; hepatites15 e síndrome56 de Epstein-Barr.
Como o médico trata a colestase1?
A obstrução dos ductos biliares29 pode ser tratada com cirurgia ou endoscopia57. A obstrução no interior do fígado10 pode ser tratada de várias formas, dependendo da sua causa. Assim, por exemplo, se a causa suspeita for medicamentosa o médico deve descontinuar seu uso; se a causa for uma hepatite21 aguda, a colestase1 desaparece com a solução da hepatite21. Para aliviar o prurido58, pode ser administrada a medicação colestiramina, por via oral, que se une a determinados produtos biliares no intestino, de modo que eles não podem ser reabsorvidos e, assim, não irritam a pele32. Injeções de vitamina40 K (geralmente por via intramuscular) podem melhorar a coagulação59 sanguínea, a menos que o fígado10 esteja gravemente lesado. Se ainda assim a colestase1 persiste, pode-se administrar suplementos de cálcio e de vitamina40 D.
Como prevenir os efeitos danosos da colestase1?
A pessoa com colestase1 deve evitar ou interromper o uso de qualquer substância que seja tóxica para o fígado10, como o álcool e determinados medicamentos, por exemplo.
Leia mais sobre "Mononucleose infecciosa60 ou doença do beijo", "Esteatorreia37", "Colecistite16" e "Provas de função hepática61".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.