Miíase, berne ou bicheira: o que é? O que fazer?
O que é miíase1?
Miíase1 é a infestação2 de larvas de moscas na pele3 ou em outros tecidos orgânicos de animais, inclusive humanos, nos quais elas crescem e se desenvolvem. A miíase1 pode ser primária ou secundária. Na miíase1 primária os ovos das moscas são depositados sobre a pele3 sadia e eclodem em larvas que posteriormente invadem os tecidos subjacentes. As larvas da miíase1 primária são conhecidas sob a denominação de berne e geralmente são únicas. Na miíase1 secundária a mosca põe seus ovos em feridas abertas na pele3, com secreção, e as larvas se alimentam do tecido4 necrosado existente. As larvas da miíase1 secundária, também conhecidas como bicheira, em geral são várias, até centenas.
Quais são as causas da miíase1?
A mosca que geralmente dá origem à miíase1 primária, a Dermatobia hominis, é popularmente conhecida como mosca varejeira ou mosca berneira e possui uma coloração esverdeada metálica. A mosca cuja larva causa a miíase1 secundária é da espécie Cochliomyia hominivorax.
Quais são os principais sinais5 e sintomas6 da miíase1?
Na miíase1 primária, após a penetração das larvas na pele3 começa a se formar uma ou mais lesões7 de aspecto nodular, avermelhado, com um orifício central, por onde é eliminada secreção aquosa levemente amarelada ou sanguinolenta8. Estas lesões7 podem atingir qualquer parte da pele3 e normalmente provocam dor em fisgada (“ferroadas”) e coceira. De tempos em tempos, a larva sobe ao orifício para respirar e esta movimentação pode ser percebida claramente, definindo o diagnóstico9. Após trinta a sessenta dias, a larva, se não extirpada, tende a deixar o orifício. Se ocorrer infecção10 bacteriana secundária pode se formar um abscesso11.
Na miíase1 secundária, a infestação2 ocorre na pele3 ou mucosas12 ulceradas e nas cavidades e as larvas começam rapidamente a se alimentar de tecido4 vivo, devorando pele3, músculo e tendões13, até sobrar apenas osso. Em cada local desenvolvem-se centenas de larvas, com alta capacidade de penetrar pelos tecidos, podendo formar grandes cavidades no organismo. Os locais mais atingidos são as ulcerações14, as fossas e os seios nasais15, os condutos auditivos e os globos oculares. A gravidade do quadro depende da localização e do grau de destruição tecidual.
Como o médico diagnostica a miíase1?
O diagnóstico9 da miíase1 pode ser feito pela observação das lesões7 e de suas características.
Como o médico trata a miíase1?
O tratamento da miíase1 primária consiste na retirada mecânica da larva, seja espremendo a lesão16 a partir se sua base, seja pinçando e tracionando a larva. É frequente precisar-se alargar um pouco o orifício por onde a larva penetrou. O tratamento também pode ser feito por meio da aplicação de medicamentos que matam ou expulsam as larvas da ferida. Em seguida pode se usar preventivamente antissépticos17 ou antibióticos tópicos e proteger a ferida aberta contra uma nova deposição de ovos de moscas. Nas miíases secundárias ou cavitárias, o tratamento vai depender da localização e extensão da cavidade. Uma medicação oral (ivermectina) pode ser tomada sob orientação médica. Um tratamento caseiro da miíase1 primária consiste em colocar sobre a lesão16 um pedaço de toucinho. Depois de algumas horas a larva pode deixar o tecido4 humano e penetrar no toucinho.
Como prevenir a miíase1?
Manter eventuais ulcerações14 ou ferimentos na pele3 sempre limpos e protegidos.
Quais são as complicações possíveis da miíase1?
Como complicações da miíase1 primária podem surgir abscessos18, linfangite19 e raramente tétano20.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.