Bulimia nervosa. O que é?
O que é bulimia1 nervosa?
A bulimia1 nervosa é caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar (ingestão de grande quantidade de alimentos em curto período de tempo), seguidos de um sentimento de falta de controle sobre este comportamento alimentar. A estes episódios seguem-se vômitos2 induzidos pelo próprio indivíduo, uso de laxantes3, diuréticos4 ou enemas5, jejum ou exercícios vigorosos para evitar o ganho de peso.
A avaliação que pessoas com bulimia1 têm de si mesmas está muito relacionada ao seu peso e forma corporais.
Quem tem bulimia1 come para engordar?
Não. A pessoa não quer comer para engordar, ela apenas não consegue controlar o seu impulso para comer. Ela apresenta 2 a 3 episódios por semana de compulsão alimentar e isto se repete pelo menos ao longo de três meses.
Os bulímicos geralmente não são obesos, pois usam artifícios para eliminar o excesso ingerido e não ganhar peso como indução de vômitos2, uso de laxantes3 para causar diarreias, uso de diuréticos4 para eliminar maior quantidade de urina6, prática de exercícios de maneira exagerada. Hábitos que podem trazer sérias complicações à saúde7.
Quais as causas?
Não há uma causa específica, mas fatores biológicos, psicológicos e socioculturais podem influenciar no aparecimento da bulimia1:
Fatores biológicos:
- Herança genética: ter uma irmã ou mãe com transtorno alimentar aumenta o risco de bulimia1.
- Serotonina: há evidências de que os níveis de serotonina no organismo influenciam o comportamento alimentar.
Fatores psicológicos: pessoas com bulimia1 apresentam características emocionais ou psicológicas que contribuem para a doença.
- Baixa auto-estima.
- Perfeccionismo.
- Comportamentos impulsivos.
- Problemas para controlar o humor ou expressar raiva8.
- Pode haver história pregressa de abuso sexual.
Fatores socioculturais:
- Valorização da magreza.
- Pressão familiar ou de amigos pela busca da magreza pode acentuar o desejo de ser magro.
A bulimia1 envolve outros aspectos além da compulsão alimentar?
Existe um sentimento de inferioridade e incapacidade, pois a pessoa reconhece as alterações no seu comportamento, mas não consegue contê-las. Ela passa a esconder os seus problemas mesmo das pessoas mais íntimas.
Esta falta de controle em relação à alimentação é parcial, uma vez que os bulímicos conseguem planejar os episódios compulsivos, esperar para ficar sozinhos ou mesmo guardar alimentos para ingerirem em determinado momento. Isto é intrigante para os que vivem próximos, mas eles devem evitar culpar os bulímicos por suas atitudes, pois podem piorar o problema existente.
As pessoas com bulimia1 tendem a não procurar ajuda médica ou psicológica e, quando a obtém, não a aceitam prontamente. Há uma tendência à ansiedade, tensão e alterações do humor.
Outros sintomas9 físicos como constipação10, plenitude gástrica, dor abdominal, cansaço, alterações menstruais em mulheres, dentre outros, podem aparecer.
Como é o tratamento?
O tratamento é de longo prazo e pode ser difícil. Deve ser guiado por uma equipe multidisplinar incluindo clínico geral, psiquiatra, psicólogo e nutricionista11.
As intervenções incluem psicoterapia individual de enfoque cognitivo12-comportamental, terapia de grupo, terapia familiar, psicanálise ou uso de medicamentos como antidepressivos, além de uma avaliação física criteriosa das complicações possíveis.
A terapia cognitivo12-comportamental parece ser o tratamento psicoterapêutico mais eficaz para a bulimia1 nervosa.
Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina parecem ter um efeito melhor, mas todo medicamento usado deve ser prescrito por um médico.
Um tratamento efetivo pode ajudar pessoas com esta condição a se sentiram melhor, adotar um padrão alimentar saudável e reverter complicações à saúde7.
Quais são as complicações da bulimia1 não tratada?
Ela pode causar sérios problemas de saúde7 como:
- Anemia13 intensa.
- Problemas cardíacos, como alterações do ritmo cardíaco e insuficiência cardíaca14.
- Queda de dentes.
- Ausência de menstruação15.
- Problemas gastrointestinais como constipação10, plenitude gástrica e náuseas16.
- Queda de eletrólitos17: potássio, sódio e cloreto.
- Depressão.
- Suicídio.
- Ansiedade e estresse excessivos.
- Uso abusivo de álcool.
- Comportamentos auto-punitivos.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.