Síndrome hemolítico-urêmica
O que é síndrome1 hemolítico-urêmica?
Síndrome1 hemolítico-urêmica ou síndrome1 hemolítica-urêmica caracteriza-se por insuficiência renal2 progressiva, anemia3 hemolítica e lesão4 das paredes dos vasos sanguíneos5.
Quais são as causas da síndrome1 hemolítico-urêmica?
A síndrome1 hemolítico-urêmica é causada pela toxina6 shilla, produzida por uma infecção7 bacteriana. Geralmente ela acomete crianças infectadas com Escherichia coli, após vários dias com diarreia8. Também pode ser causada por Salmonella, Shigella ou bactérias similares. Em quase todos os casos, essas bactérias advêm do consumo de carne mal cozida. Em adultos, a síndrome1 pode ser favorecida por fatores genéticos, infecções9 virais, gravidez10, certos medicamentos e drogas quimioterápicas.
Qual é o mecanismo fisiológico11 da síndrome1 hemolítico-urêmica?
A Escherichia, a Salmonella ou a Shigella são encontradas em vários animais domésticos e selvagens e transmitidas por consumo de carne crua ou mal cozida, consumo de laticínios não-pasteurizados e ingestão de água infectada com fezes de animais. A síndrome1 é mais comum em crianças pequenas e em países com alto consumo de carne e pouco controle de qualidade. As populações rurais têm maior probabilidade de desenvolver a doença e a incidência12 é maior em períodos de calor, mas também pode ocorrer de forma esporádica ou por surtos. As lesões13 renais descritas na síndrome1 hemolítico-urêmica acontecem nos glomérulos renais14, em artérias15 ou numa combinação de ambos. As arteríolas16 apresentam alterações ao nível do deslizamento das células17 endoteliais, levando a uma exposição da membrana basal18 e ao depósito subendotelial de substâncias fibrinoides, podendo haver trombose19 de pequenos vasos arteriais. Tudo isso conduz também à oclusão do lúmen20 dos capilares21. Alguns pacientes com a síndrome1 desenvolvem comprometimento do sistema nervoso central22 devido a uma microangiopatia trombótica23 local e a consequente hipóxia24, isquemia25, hipertensão26, ação direta de citotoxinas e alterações metabólicas como a hipernatremia27 e hipocalemia28. Em países com bom controle da qualidade das carnes, a incidência12 é de apenas de 1 ou 2 casos para cada 100.000 habitantes.
Quais são as principais características clínicas da síndrome1 hemolítico-urêmica?
Antes da síndrome1 hemolítico-urêmica, os sintomas29 típicos da infecção7 bacteriana são os de uma gastroenterite30 com diarreia8, melena31 (fezes escuras com sangue32 digerido), irritabilidade, febre33, fadiga34, vômitos35 e fraqueza. Após alguns dias dessa gastroenterite30, os sintomas29 da síndrome1 começam com insuficiência renal2 aguda, oligúria36, letargia37, palidez, petéquias38 (manchas vermelhas na pele39), icterícia40 e convulsões. Podem também ocorrer outras disfunções neurológicas e hipertensão arterial41 em diversos graus.
Como o médico diagnostica a síndrome1 hemolítico-urêmica?
O exame de sangue32 mostrará trombocitopenia42 (contagem de plaquetas43 inferior a 150.000/mm³), anemia3 com sinais44 de hemólise45 microangiopática, hematúria46 devido à lesão4 renal47 aguda e proteinúria48 ou aumento do nível sérico de creatinina49. Os exames laboratoriais de sangue32 também ajudam a avaliar a função renal47. Além disso, pode ser realizada a identificação da bactéria50 infectante por meio da coprocultura.
A síndrome1 hemolítico-urêmica não deve ser confundida com a síndrome1 urêmica (ou uremia51), um aumento da ureia52 e do ácido úrico no sangue32, por desidratação53, na insuficiência renal2.
Como o médico trata a síndrome1 hemolítico-urêmica?
Dependendo dos sintomas29 e da gravidade da doença, o tratamento de suporte pode incluir administração de soro54 fisiológico11, transfusão55 de sangue32, dieta pobre em proteínas56, corticoides, diálise57 e mesmo transplante renal47. O tratamento da insuficiência renal2 aguda inclui ainda a terapia anti-hipertensiva e dieta pobre em sal. A plasmaferese é útil em adultos com a síndrome1 hemolítico-urêmica, porém a sua eficácia em crianças ainda não foi provada. As pessoas com pior prognóstico58 são as que devem ser submetidas à plasmaferese. Também quando existe comprometimento neurológico na fase aguda da doença, a plasmaferese está indicada. Há indícios de que a plasmaferese é mais eficaz do que a infusão de plasma59 fresco, já que ocorre a remoção de toxinas60 envolvidas na patologia61 da doença, além de que há transfusão55 de maior volume de plasma59.
Leia também "Transfusão55 de sangue32", "Hemodiálise62. Como funciona? Por que é indicada?" e "Transplante renal47: o que é necessário para ser um doador ou um receptor?"
Como evolui a síndrome1 hemolítico-urêmica?
A maior parte dos pacientes obtém total recuperação da função renal47, embora quase todos os pacientes com necrose63 cortical permanecem com algum grau de lesão4 renal47 crônica. Há casos em que, mesmo após anos do evento agudo64, a função renal47 está aparentemente recuperada, mas pode ocorrer um declínio secundário e falência renal47 grave. Pode haver recorrência65 da doença, principalmente durante a gestação. A forma grave da doença é associada a altos índices de mortalidade66 (25%) e morbilidade no longo prazo (aproximadamente 50%). A recuperação renal47 acontece, em média, dentro de duas a três semanas. A recuperação total da taxa de filtração glomerular, na maioria dos casos, acontece até o final do primeiro ano de diagnóstico67 da doença. No entanto, há doentes que apresentam anúria68 prolongada, necessitando de mais alguns meses até a completa normalização da função renal47.
Quais são as complicações possíveis da síndrome1 hemolítico-urêmica?
Além da temida falência renal47 total, a síndrome1 hemolítico-urêmica pode levar à hipertensão arterial41 crônica.
Veja mais em "Insuficiência renal2 aguda: como ela é?", "O que saber sobre a insuficiência renal2 crônica?" e "Coagulação69 intravascular70 disseminada: como ela é?"
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.