Gostou do artigo? Compartilhe!

Cretinismo: como evitá-lo?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é cretinismo?

O cretinismo é uma perturbação grave e relativamente rara do desenvolvimento físico e intelectual devido a uma diminuição congênita1 da atividade tireoidiana, o que resulta em retardo de crescimento, atraso no desenvolvimento físico e mental e outras características anormais. O hipotireoidismo2 congênito3, por sua vez, pode ser endêmico, genético ou esporádico. Geralmente ele é decorrente de um defeito durante a formação da glândula4, mas também pode ser devido à deficiência enzimática na síntese do hormônio5 tireoidiano, consequente de uma deficiência de iodo na alimentação. O termo cretino, inicialmente usado para descrever uma pessoa de muito pouca inteligência e lunática ou popularmente usado para caracterizar uma pessoa que se comporta de forma estúpida, agora é considerado depreciativo e inadequado. Por causa dessas conotações pejorativas, os profissionais de saúde6, na sua maioria, abandonaram o termo cretino.

Quais são as causas do cretinismo?

O cretinismo é uma doença mental causada pelo hipotireoidismo2 congênito3 e pode ser devido à deficiência de iodo na dieta da mãe durante a gravidez7. O cretinismo é, por conseguinte, muito provavelmente devido à hipofunção da tireoide8, em consequência a uma dieta deficiente em iodo.

Qual é a fisiopatologia9 do cretinismo?

O cretinismo é o resultado do desenvolvimento anormal causado por uma hipofunção severa da glândula4 tireoide8 fetal. Os sinais10 e sintomas11 desse tipo de hipotireoidismo2 foram quase completamente eliminados nos países desenvolvidos, graças ao diagnóstico12 precoce e regimes de triagem neonatal, seguidos de tratamento ao longo da vida com tiroxina (hormônio5 tireoidiano).

Outro fator que contribui para o cretinismo é a deficiência de iodo. O iodo é um elemento necessário para a síntese de hormônios da tireoide8. A deficiência de iodo é a causa mais comum e evitável de danos cerebrais causados pelo hipotireoidismo2. Embora o iodo seja encontrado em muitos alimentos, não está universalmente presente em todos os solos em quantidades adequadas. A maior parte de iodo está nos oceanos e nos solos. A deficiência de iodo é mais comum nas áreas montanhosas e de inundações frequentes, mas também pode ocorrer em regiões costeiras.

As plantas e animais cultivados em solos deficientes em iodo são igualmente deficientes. A deficiência de iodo prejudica em diferentes graus o desenvolvimento físico e mental e também provoca o aumento gradual de volume da glândula4 tireoide8, referido como um bócio13.

Quais são as principais características clínicas do cretinismo?

O crescimento em altura é pobre e já pode ser notado logo no primeiro ano de vida. A estatura adulta geralmente varia entre 1 e 1,6 metros, dependendo da gravidade, sexo e de outros fatores genéticos. Em adultos, o cretinismo pode causar deterioração mental, inchaço14 da pele15, perda de água e de cabelo16, maturação óssea e puberdade severamente atrasadas, macroglossia (aumento de volume da língua17), crânio18 proporcionalmente maior que o normal, apetite reduzido, constipação19 intestinal, batimentos cardíacos alterados, anemia20, dormência21 e formigamento das mãos22 e pés, inchaço14 das pernas, retenção de líquido (especialmente em volta dos olhos23), ovulação24 impedida e infertilidade25, dentre outros sinais10 ou sintomas11.

O comprometimento neurológico pode ser leve, com reduzida alteração da coordenação muscular ou tão grave que a pessoa não consiga ficar de pé ou andar. O comprometimento cognitivo26 também pode variar de leve a tão grave que a pessoa não chega a ter expressão verbal e os pensamentos e reflexos são muito lentificados. Outros sinais10 podem incluir espessamento da pele15, língua17 aumentada e abdome27 protuberante.

Como o médico diagnostica o cretinismo?

O cretinismo pode ser diagnosticado precocemente, sendo possível identificá-lo por meio do teste do pezinho. É importante lembrar que logo após o nascimento, o recém-nascido ainda apresenta funções normais, porque sua deficiência hormonal foi suprida por hormônios provenientes da mãe.

Como o médico trata o cretinismo?

O tratamento do cretinismo deve ser feito com a reposição do hormônio5 o mais precocemente possível e durante toda a vida. A tiroxina deve ser apenas administrada em comprimidos, mesmo para os recém-nascidos, visto que as suspensões e formas orais líquidas podem não conter uma dosagem confiável. Em lactentes28, os comprimidos devem ser esmagados e misturados com o leite materno, o leite em pó ou água. A monitoração frequente, a cada duas ou três semanas, é recomendável para garantir que as crianças permaneçam dentro da faixa normal do desenvolvimento.

Como evolui o cretinismo?

Além de retardo mental, o indivíduo com cretinismo pode apresentar nanismo, insuficiência29 da tireoide8 e subdesenvolvimento dos órgãos genitais.

Como prevenir o cretinismo?

A gestante que habite áreas montanhosas deve consumir sal iodado e, quando a mesma apresentar hipotireoidismo2, ele deve ser tratado previamente à concepção30. O tratamento precoce e sua manutenção pode evitar a ocorrência da maioria dos sintomas11.

ABCMED, 2015. Cretinismo: como evitá-lo?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/tireoide/814084/cretinismo-como-evita-lo.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
2 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
3 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
4 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
5 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
6 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
7 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
8 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
9 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
13 Bócio: Aumento do tamanho da glândula tireóide, que produz um abaulamento na região anterior do pescoço. Em geral está associado ao hipotireoidismo. Quando a causa desta doença é a deficiência de ingestão de iodo, é denominado Bócio Regional Endêmico. Também pode estar associado a outras doenças glandulares como tumores, infecções ou inflamações.
14 Inchaço: Inchação, edema.
15 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
16 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
17 Língua:
18 Crânio: O ESQUELETO da CABEÇA; compreende também os OSSOS FACIAIS e os que recobrem o CÉREBRO. Sinônimos: Calvaria; Calota Craniana
19 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
20 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
21 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
22 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
23 Olhos:
24 Ovulação: Ovocitação, oocitação ou ovulação nos seres humanos, bem como na maioria dos mamíferos, é o processo que libera o ovócito II em metáfase II do ovário. (Em outras espécies em vez desta célula é liberado o óvulo.) Nos dias anteriores à ovocitação, o folículo secundário cresce rapidamente, sob a influência do FSH e do LH. Ao mesmo tempo que há o desenvolvimento final do folículo, há um aumento abrupto de LH, fazendo com que o ovócito I no seu interior complete a meiose I, e o folículo passe ao estágio de pré-ovocitação. A meiose II também é iniciada, mas é interrompida em metáfase II aproximadamente 3 horas antes da ovocitação, caracterizando a formação do ovócito II. A elevada concentração de LH provoca a digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contrações na parede ovariana, que provocam a extrusão do ovócito II.
25 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
26 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
27 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
28 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
29 Insuficiência: Incapacidade de um órgão ou sistema para realizar adequadamente suas funções.Manifesta-se de diferentes formas segundo o órgão comprometido. Exemplos: insuficiência renal, hepática, cardíaca, respiratória.
30 Concepção: O início da gravidez.

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br:

Juni Carvalho Castro

Endocrinologia Pediátrica

Belo Horizonte/MG

Renato Galvao Redorat

Endocrinologia e Metabologia

Rio de Janeiro/RJ

Você pode marcar online Ver horários disponíveis

Ana Carolina Ferreira Grillo

Endocrinologia e Metabologia

Brasília/DF

Você pode marcar online Ver horários disponíveis
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.