Menstruação: o que é? Como ocorre? O que a mulher pode sentir? O que pode afetá-la?
O que é menstruação1?
O corpo feminino se prepara todo mês para a gravidez2, através da ovulação3 e do espessamento do endométrio4 e, quando esta não ocorre, o endométrio4 (parede interna do útero5) se desprende e é eliminado pela vagina6, regularmente, acompanhado de alguma quantidade de sangue7, gerando a menstruação1, conhecida popularmente em algumas regiões como “período” ou “flores brancas”.
Qual é a fisiopatologia8 da menstruação1?
A menina pequena ainda não menstrua. A idade média "normal" da primeira menstruação1 costuma ser entre doze e quinze anos. Esse período, no entanto, pode variar e algumas meninas podem ficar menstruadas já aos oito anos de idade. A primeira menstruação1 é denominada menarca9. O intervalo “normal” de tempo entre o primeiro dia de uma menstruação1 e o primeiro dia da menstruação1 seguinte é, em média, de 28 dias (21 a 31 dias) em mulheres adultas sadias. Esse intervalo constitui o chamado ciclo menstrual e as mudanças fisiológicas10 que acontecem nele são devidas à ascensão e queda dos hormônios femininos ligados à reprodução11.
Durante o ciclo menstrual há liberação de um óvulo12 pelos ovários13 que, se fecundado, dará origem a um ovo14, que posteriormente se transformará em um embrião, ocorrendo uma gestação com espessamento do revestimento interno do útero5. O óvulo12 é liberado do ovário15 por volta do 14º dia do ciclo menstrual e é captado pelas trompas uterinas (trompas de Falópio), donde é encaminhado para o útero5. O revestimento interno do útero5, o endométrio4, torna-se mais espesso e é então preparado para aninhar o ovo14 e para suprir de nutrientes o bebê que potencialmente irá se desenvolver. Se a gravidez2 não ocorrer, o revestimento é liberado, no que é conhecido como a menstruação1. Se ocorrer a gravidez2, as menstruações cessam e, normalmente, não retornam até os primeiros meses da amamentação16.
A menstruação1 é o acontecimento mais visível do ciclo menstrual e o seu início é comumente usado como a marca de duração do período entre os ciclos. O primeiro dia de uma menstruação1 e primeiro dia de uma menstruação1 seguinte é o período utilizado para medir a duração do ciclo menstrual. O período de término das menstruações, chamado menopausa17, ocorre geralmente entre 45 e 55 anos de idade.
Quais são os sinais18 e sintomas19 que acompanham a menstruação1?
A menstruação1 não é uma doença, mas uma ocorrência fisiológica20 comum das mulheres; no entanto, muitas vezes ela se faz acompanhar de sinais18 e sintomas19 às vezes “normais”, às vezes de intensidade exagerada. Até 80% das mulheres relatam experimentar alguns sintomas19 também antes da menstruação1: acne21, sensibilidade aumentada nos seios22, retenção de líquidos com inchaço23, sensação de cansaço, alterações no desejo sexual, irritabilidade, náuseas24 e alterações de humor. Estes sintomas19 constituem a chamada síndrome25 pré-menstrual ou transtorno pré-menstrual (TPM), intensa em cerca de 20 a 30% das mulheres. Normalmente tais sensações são leves, mas os sintomas19 mais graves podem ser diagnosticados como transtorno disfórico pré-menstrual e são causados por flutuações dos níveis hormonais. Pode verificar-se também certas irregularidades com as menstruações.
Quais são os transtornos que podem afetar as menstruações?
As menstruações podem acontecer com maior ou menor frequência que o normal e mesmo faltarem e serem pouco ou muito abundantes. Quando muito frequentes fala-se em polimenorreia; se pouco frequentes, fala-se em oligomenorreia26; se faltam totalmente, amenorreia27; se muito abundantes, hipermenorreia28; hipomenorreia se são curtas ou extremamente leves. As menstruações dolorosas são ditas dismenorreias e as hemorragias29 entre as menstruações são chamadas metrorragias.
O volume médio de fluido menstrual eliminado em cada menstruação1 é constituído de um pouco de sangue7, muco cervical, secreções vaginais e tecido30 endometrial e sua quantidade é de cerca de 35 mililitros. A menos que uma mulher tenha uma doença de transmissão sanguínea, o fluido menstrual é inofensivo.
As dismenorreias são ditas primárias se acontecem diretamente por razões ligadas ao ciclo menstrual e secundárias quando a dor da menstruação1 é consequência de alguma outra doença. A dismenorreia31 primária usualmente diminui gradualmente com a evolução da idade e após a primeira gravidez2. A dismenorreia31 secundária pode ser causada por endometriose32, miomas uterinos, adenomiose33 uterina, malformações34 congênitas35, dispositivos intrauterinos, câncer36 e infecções37 pélvicas38. Em algumas mulheres, a dismenorreia31 pode ser tão grave a ponto de interferir com as atividades diárias.
Que alterações podem ser artificialmente induzidas nas menstruações?
Desde o final dos anos 1960, muitas mulheres optaram por controlar a frequência da menstruação1 com pílulas anticoncepcionais hormonais, durante o uso das quais a menstruação1 não ocorre. Com finalidade anticoncepcional elas normalmente são tomadas por 21 dias, seguidos de um intervalo de sete dias, durante os quais a menstruação1 ocorre. Se tomadas continuamente, sem intervalo, as menstruações não ocorrem. Assim, elas também podem ser usadas sempre que houver conveniência (prática de esportes, viagens, festividades, etc.) ou por razões médicas para suspender as menstruações.
Com o uso de hormônios sintéticos, é possível eliminar completamente as menstruações. Ao usar implantes de progestágeno, a menstruação1 pode ser reduzida a três ou quatro períodos menstruais por ano. Não há consenso entre os pesquisadores sobre os potenciais impactos de longo prazo destas práticas sobre a saúde39 da mulher. Alguns acham que diminuir as menstruações pode ter um efeito benéfico sobre a sua saúde39, mas outros acreditam que há um impacto negativo em expor as mulheres por longos períodos a hormônios sintéticos, mesmo em baixas doses.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.