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Aborto: o que é? O que deve ser feito quando ele ocorre? Quais são os riscos?

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O que é aborto?

Aborto é a interrupção precoce da gravidez1, espontânea ou provocada, com a remoção ou expulsão de um embrião (antes de oito ou nove semanas de gestação) ou feto2 (depois de oito ou nove semanas de gestação), resultando na morte do concepto ou sendo causada por ela. Isso faz cessar toda atividade biológica própria da gestação.

A questão do aborto envolve aspectos morais, éticos, legais e religiosos, cuja avaliação depende da singularidade de cada pessoa. Quando o aborto é induzido por razões médicas, realizado por profissionais capacitados e em boas condições de higiene, é um procedimento seguro. No entanto, quando feito de maneira inadequada, geralmente resulta em graves complicações e inclusive na morte da mulher. Fala-se em dois tipos de abortos: os espontâneos e os induzidos.

O aborto espontâneo é a expulsão involuntária3, casual e não intencional de um embrião ou feto2 antes de 20 a 22 semanas de gestação. A idade avançada da gestante e a história de abortos espontâneos anteriores são os dois maiores fatores de risco de abortamento4. As anomalias cromossômicas do feto2 ou embrião são a causa mais comum de aborto espontâneo precoce, mas há outras causas possíveis, como doenças vasculares5, problemas hormonais, infecções6, anomalias uterinas, trauma acidental ou intencional e intoxicações químicas. Um sangramento vaginal intenso poder ser um sinal7 de abortamento4 espontâneo.

O aborto induzido, também denominado aborto provocado, é o aborto causado deliberadamente por razões médicas admitidas pela lei ou clandestinamente por pessoas leigas, o que constitui crime. Pode acontecer pela ingestão de medicamentos ou por meio de métodos mecânicos. Quando o aborto é realizado devido a uma avaliação médica é dito aborto terapêutico. O aborto provocado por qualquer outra motivação é dito aborto eletivo8.

No Brasil, atualmente, o aborto pode ser feito legalmente em casos de estupro; quando existe grave risco de vida para a mãe ou quando o feto2 tenha graves e irreversíveis anomalias físicas (anencefalia, por exemplo), desde que haja o consentimento do pai e atestado de pelo menos dois médicos confirmando a situação.

Quando o feto2 é expulso entre a 22ª e a 37ª semanas de gestação, ele é dito natimorto. Quando ocorre a expulsão do feto2 após a 37ª semana, mas antes que a gestação tenha se completado, se o feto2 nasce vivo, fala-se em parto prematuro.

Como é feito o aborto?

O aborto pode ser feito por métodos cirúrgicos ou farmacológicos (medicamentosos). Os abortos farmacológicos são feitos por medicações que interrompem a gestação e promovem a expulsão do embrião e só são viáveis no primeiro trimestre da gravidez1. Os abortamentos realizados por médicos, nas clínicas ou hospitais, podem ser feitos por sucção (um aparelho de sucção é ligado ao útero9 da gestante e é feita a sucção do conteúdo uterino), dilatação do colo do útero10 e posterior extração mecânica do feto2, curetagem11 (raspagem do conteúdo uterino por um instrumento parecido com uma colher, chamado cureta) e injeção12 salina (a injeção12 é feita dentro da bolsa amniótica13). Algumas vezes o abortamento4 pode ser realizado através de medicações que inibem o desenvolvimento do feto2 e, em geral, tem que ser complementado por alguma intervenção cirúrgica. As medicações destinadas a provocar o aborto podem ser administradas por via vaginal ou oral. Muitas mulheres, no entanto, recorrem a métodos caseiros ou a atendimentos em clínicas clandestinas, o que aumenta em muito os riscos de complicações sérias e, às vezes, fatais. O aborto dito cirúrgico consiste na remoção do conteúdo uterino por aspiração e curetagem11. Pode ser realizado com anestesia14 local ou geral, segundo decisão médica. A hospitalização necessária é breve, mesmo se a cirurgia for feita sob anestesia14 geral. A intervenção deve ser feita no bloco operatório e dura apenas alguns minutos. O abortamento4 espontâneo pode ocorrer sem qualquer indicação ou aviso prévio. Geralmente esses abortos não colocam em perigo a vida da mulher. Muitas vezes torna-se necessária uma hospitalização rápida para remover o que restou no interior do útero9 ou possa estar em processo de degradação dentro do útero9. As infecções6 são raras e a possibilidade de sobrarem vestígios do feto2 é remota.

A “pílula do dia seguinte” modifica a parede do útero9 de modo a impedir a implantação do ovo15 e, neste caso, atua como abortiva quando se concebe que a vida começa na concepção16. Também os dispositivos intrauterinos (DIU) tornam o ambiente uterino inóspito para a implantação do embrião e são também, segundo essa mesma concepção16, abortivos.

A droga RU-486 induz o aborto, até ao segundo mês de gestação, bloqueando a produção de progesterona. Sem este hormônio17, o feto2 não obtém a nutrição18 adequada e não consegue sobreviver. Além do abortamento4, ela produz, como efeitos secundários, náuseas19, cãibras, vômitos20 e hemorragias21.

Quais são os riscos do aborto?

Os riscos do abortamento4 para a saúde22 dependem das condições em que o procedimento seja realizado. Os abortos legais, realizados em ambientes adequados e por profissionais experientes, são procedimentos seguros. Quando realizados sem a necessária assepsia23, por pessoas sem treinamento e por meio de equipamentos perigosos, quase sempre levam a sérias complicações e à morte. Infelizmente, isso continua acontecendo em grande número. O risco de morte relacionada ao aborto feito em condições adequadas é menor do que o do parto normal.

Medicamente, a aspiração uterina à vácuo é o método de aborto não farmacológico mais seguro, no primeiro trimestre da gestação. As complicações desse procedimento são raras e podem incluir perfuração uterina, infecção24 pélvica25 e retenção dos produtos da concepção16, necessitando de um segundo procedimento para evacuá-los. Desde antes do aborto, a paciente deve tomar antibióticos profiláticos, porque eles diminuem substancialmente o risco de infecções6 pós-operatórias. Em termos de segurança, existe pouca diferença entre o aborto por aspiração à vácuo e o aborto farmacológico, quando são realizados no início do primeiro trimestre. Os abortos realizados sem os cuidados médicos adequados (uso de certas drogas, ervas ou a inserção de objetos não cirúrgicos no útero9) conduzem a um elevado risco de infecção24 e à morte. Como no aborto há normalmente certo grau de sangramento, há o risco de uma hemorragia26 mais volumosa, que pode exigir transfusões de sangue27 e mesmo levar a mulher à morte. Outras complicações de certa gravidade são os abortos incompletos e a ruptura uterina.

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic, da Mayo Clinic e da International Federationof Gynecology and Obstetrics.

ABCMED, 2013. Aborto: o que é? O que deve ser feito quando ele ocorre? Quais são os riscos?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/359669/aborto-o-que-e-o-que-deve-ser-feito-quando-ele-ocorre-quais-sao-os-riscos.htm>. Acesso em: 4 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
3 Involuntária: 1.    Que se realiza sem intervenção da vontade ou que foge ao controle desta, automática, inconsciente, espontânea. 2.    Que se encontra em uma dada situação sem o desejar, forçada, obrigada.
4 Abortamento: Interrupção precoce da gravidez, espontânea ou induzida, seguida pela expulsão do produto gestacional pelo canal vaginal (Aborto). Pode ser precedido por perdas sangüíneas através da vagina.
5 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
6 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
8 Eletivo: 1. Relativo à eleição, escolha, preferência. 2. Em medicina, sujeito à opção por parte do médico ou do paciente. Por exemplo, uma cirurgia eletiva é indicada ao paciente, mas não é urgente. 3. Cujo preenchimento depende de eleição (diz-se de cargo). 4. Em bioquímica ou farmácia, aquilo que tende a se combinar com ou agir sobre determinada substância mais do que com ou sobre outra.
9 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
10 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
11 Curetagem: Operação ou cirurgia que consiste em esvaziar o interior de uma cavidade natural ou patológica com o auxílio de uma cureta; raspagem.
12 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
13 Bolsa amniótica: Bolsa amniótica ou âmnio é um dos anexos embrionários que alguns vertebrados (répteis, aves e mamíferos) possuem durante o seu desenvolvimento embrionário. Também conhecida como saco amniótico, é onde o feto se desenvolve no líquido amniótico.
14 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
15 Ovo: 1. Célula germinativa feminina (haploide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO. 2. Em alguns animais, como aves, répteis e peixes, é a estrutura expelida do corpo da mãe, que consiste no óvulo fecundado, com as reservas alimentares e os envoltórios protetores.
16 Concepção: O início da gravidez.
17 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
18 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
19 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
20 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
21 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
22 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
23 Assepsia: É o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de micro-organismos em um ambiente que logicamente não os tem. Logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.
24 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
25 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
26 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
27 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
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Comentários

18/05/2016 - Comentário feito por Bom
O conteúdo e bom....mas eu fico injuriad...
O conteúdo e bom....mas eu fico injuriado quando vejo este tipo de coisa!

07/10/2014 - Comentário feito por edssandra
gostei muito da pesquisa, os conteúdos e...
gostei muito da pesquisa, os conteúdos explicam claramente todos os riscos do aborto, inclusive outros meios mais seguros para serem realizados em casos justificáveis...com acesso a internet e todas as informações necessárias, é impossível compreender como essa prática tem se tornado cada vez mais presente em nosso meio.

16/07/2014 - Comentário feito por RENATA
ADOREI A PESQUISAA
ADOREI A PESQUISAA

12/07/2014 - Comentário feito por emyly
adorei o conteúdo,e otimo para eu aprese...
adorei o conteúdo,e otimo para eu apresentar na minha escola!

05/04/2014 - Comentário feito por Miriam
Re: Aborto: o que é? Como é feito? Quais são os riscos? Como age a "pílula do dia seguinte"?
Gostei de reler sobre o assunto... Bem explicado e bem resumido... Só é dificil de entender como ainda existem mulheres que se predispõem a cometer tal atitude sem motivos existentes. Estamos no ano de 2014... Tantas informações por aí, meios de contracepção, e tantas pessoas que continuam sem informações, ou , sem levarem em conta tais informações.

13/03/2014 - Comentário feito por Simone
Re: Aborto: o que é? Como é feito? Quais são os riscos? Como age a "pílula do dia seguinte"?
Gostei do conteúdo,bem resumido, com todas explicações necessárias.

23/10/2013 - Comentário feito por andressa
Re: Aborto: o que é? Como é feito? Quais são os riscos? Como age a "pílula do dia seguinte"?
muito legal ,esse conteúdo deveria ser mais falado nas escolas

11/10/2013 - Comentário feito por Junior
Re: Aborto: o que é? Como é feito? Quais são os riscos? Como age a "pílula do dia seguinte"?
show de bola muito interessante fala tudo oq presiso

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