Síndrome de hiperventilação
O que é a síndrome1 de hiperventilação?
A síndrome1 de hiperventilação constitui-se numa emergência2 médica relativamente comum. É uma condição na qual a frequência respiratória (ventilação3) por minuto excede as demandas metabólicas, resultando em alterações hemodinâmicas e químicas que produzem sintomas4 característicos, os quais também podem ser produzidos pela hiperventilação voluntária. A melhor denominação para esta síndrome1 pode ser falta de ar comportamental ou dispneia5 psicogênica6, com a hiperventilação sendo vista como uma consequência e não uma causa da condição.
Quais são as causas da síndrome1 de hiperventilação?
O mecanismo subjacente pelo qual alguns pacientes desenvolvem hiperventilação permanece desconhecido. Uma teoria sugere que certos fatores podem provocar uma resposta respiratória exagerada. Vários destes fatores foram identificados, incluindo perturbação emocional, excesso de lactato7 de sódio, cafeína, isoproterenol, colecistoquinina e dióxido de carbono.
Uma predisposição para a síndrome1 de hiperventilação também pode ter raízes na infância, como pais superprotetores, por exemplo. Uma situação estressante súbita mais tarde na vida também pode incitar o primeiro episódio da síndrome1. Além disso, tem sido demonstrado que níveis elevados de dióxido de carbono também induzem sintomas4 de pânico e de hiperventilação, na maioria dos pacientes com predisposição para distúrbios do pânico.
A razão da síndrome1 de hiperventilação encontra-se parcialmente apoiada na mecânica respiratória. Pacientes com essa síndrome1 tendem a respirar através do tórax8 superior ao invés de usar o diafragma9. O volume corrente normal de ar respirado varia entre 35 a 45% da capacidade vital10, mas a retração da parede torácica11 resiste à hiperinsuflação12 dos pulmões13 e a inspiração14 para além destes níveis é percebida como esforço. Quando o estresse induz a uma respiração mais profunda, ela é percebida como dispneia5, criando ansiedade e, novamente, respiração profunda, num círculo vicioso. Outra teoria é que os pacientes com transtorno do pânico têm um limiar mais baixo para a resposta de luta ou fuga, sendo mais suscetíveis à hiperventilação, mesmo diante de tensões menores. A incidência15 da síndrome1 de hiperventilação é maior em parentes de primeiro grau do que na população em geral, mas nenhum fator genético claro foi ainda identificado.
Qual é a fisiopatologia16 da síndrome1 de hiperventilação?
A fisiopatologia16 subjacente da síndrome1 de hiperventilação ainda não foi claramente elucidada. A infusão venosa de lactato7 provoca sintomas4 de pânico e hiperventilação em 80% dos pacientes com prévios episódios de transtorno de pânico. O metabolismo17 anormal de lactato7 parece estar envolvido na patogênese18, embora a anormalidade ainda não tenha sido exatamente caracterizada. Além disso, níveis elevados de dióxido de carbono tem se demonstrado capazes de induzir sintomas4 de pânico na maioria dos pacientes propensos. Proprioceptores localizados na parede do pulmão19 e do tórax8 sinalizam ao cérebro20 com um "alarme de sufocação" e isso desencadeia a liberação de neurotransmissores excitatórios que são responsáveis por muitos dos sintomas4, tais como tremor, palpitações21, ansiedade e disforia22.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de hiperventilação?
Os sintomas4 da síndrome1 de hiperventilação e do transtorno do pânico se sobrepõem consideravelmente, embora as duas condições sejam distintas. Metade ou mais dos doentes com distúrbio do pânico e agorafobia23 sofrem de hiperventilação manifesta. A síndrome1 de hiperventilação pode ser aguda ou crônica. Embora a forma aguda represente apenas 1% dos casos, é mais facilmente diagnosticada. A forma crônica pode apresentar-se com uma miríade de sintomas4 respiratórios, cardíacos, neurológicos ou gastrointestinais, sem mostrar maior esforço respiratório. A hipocapnia (diminuição de dióxido de carbono no sangue24) pode ser mantida mesmo sem qualquer alteração evidente na frequência respiratória se o paciente apresenta frequentes suspiros, intercalados com a respiração normal. Os sintomas4 mais comuns incluem sensação de asfixia25, agitação, hiperpneia26 (aceleração e intensificação dos movimentos respiratórios), taquipneia27 (aceleração do ritmo respiratório), dor no peito28, dispneia5, tonturas29, palpitações21, dores tetânica, parestesias30 (sensação anormal e desagradável sobre a pele31 que assume diversas formas, como queimação, dormência32, coceira etc), fraqueza generalizada e síncope33.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de hiperventilação?
Alguns pacientes recebem um diagnóstico34 errado de problema orgânico, sobretudo cardiológico, e são considerados incapacitados pelos seus sintomas4. Alguns chegam a ser submetidos a melindrosos e desnecessários testes diagnósticos na tentativa de descobrir as causas orgânicas de suas queixas.
O diagnóstico34 da síndrome1 de hiperventilação crônica é muito mais difícil do que a da síndrome1 aguda porque a hiperventilação não costuma ser clinicamente evidente. Muitas vezes, esses pacientes já foram submetidos a extensas investigações médicas e foram atribuídos a eles vários diagnósticos enganosos. Os pacientes com história prévia de síndrome1 de hiperventilação podem não precisar de qualquer avaliação laboratorial quando de uma recorrência35, bastando o reconhecimento da sintomatologia típica. Os estudos de imagem só são úteis para ajudar na exclusão de quadros assemelhados.
Como o médico trata a síndrome1 de hiperventilação?
Os pacientes são tratados com psicoterapia e reciclagem da respiração e vários medicamentos psicotrópicos36, como, por exemplo, benzodiazepínicos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina.
Como evolui a síndrome1 de hiperventilação?
A síndrome1 de hiperventilação pode começar quando criança e continuar no mesmo padrão na idade adulta. Muitos pacientes têm distúrbios associados, como a agorafobia23, por exemplo, que podem dominar o quadro clínico.
Quais são as complicações possíveis da síndrome1 de hiperventilação?
As complicações encontradas nos pacientes com esta síndrome1 estão relacionadas principalmente aos procedimentos invasivos e a investigações que são empregados para excluir outras doenças. No entanto, as complicações também podem ocorrer como resultado de sintomas4 produzidos pela hiperventilação, como uma queda, por exemplo, durante um episódio de síncope33.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.