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Abuso sexual de crianças: sinais de abuso, consequências para a criança, perfil psicológico de um abusador sexual

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O que é abuso sexual de crianças?

O abuso sexual de crianças corresponde a quaisquer atos sexuais ou pornográficos praticados por pedófilos ou abusadores não pedófilos com crianças ou adolescentes pré-púberes, em geral menores de 14 anos de idade. O abusador visa apenas a sua satisfação pessoal, não se importando com as consequências de seus atos para as vítimas. O abuso sexual pode envolver carícias, manipulações, voyeurismo, exibicionismo e mesmo penetração.

Atualmente, devido ao grande desenvolvimento da Internet e o fácil acesso a ela, os meios virtuais de chegar às crianças e adolescentes também representam um grande perigo, tanto de assédios à distância como de aliciamento para práticas físicas. O equívoco de confundir pedofilia-doença com o abuso sexual (tipificado como crime) tem sido uma prática recorrente, embora sejam coisas diferentes e nem todo abusador sexual seja, estritamente falando, um pedófilo (doente).

Quais são os sinais1 de que a criança esteja sendo abusada sexualmente?

Existem algumas pistas que indicam que esteja ocorrendo um abuso sexual. Pode-se subdividi-las em físicas, comportamentais ou psíquicas. Fisicamente, ocorre dilatação do hímen2, sangramentos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez3, infecções4 e dores na região genital e abdominal.

Em termos comportamentais pode ocorrer masturbação5 excessiva, conhecimento sexual que não condiz com a fase de desenvolvimento em que a criança/adolescente se encontra, comportamento sexualmente explícito ou embotamento6 sexual.

Psiquicamente, surge isolamento, depressão, pensamentos e tendências suicidas, queda no rendimento escolar, fuga de casa, agressividade ou apatia7 extrema, medo, choro constante sem causa aparente, distúrbios do sono, distúrbios da alimentação, autoagressão, preocupação exagerada com a limpeza corporal, aparência desleixada, entre outros. É importante também estar muito atento às mudanças de humor das crianças/adolescentes.

Quais são as consequências do abuso sexual para as crianças?

As consequências do abuso sexual de crianças/adolescentes são sempre muito traumáticas, mas ainda piores quando devidas ao abuso praticado por quem deveria protegê-las. Essas consequências tanto são físicas como psicológicas. Quanto ao aspecto físico, mais facilmente curável, podem ocorrer desde lesões8, até doenças sexualmente transmissíveis ou mesmo gravidez3.

Do ponto de vista psicológico, a situação é mais delicada e duradoura, principalmente nos casos em que o abusador é uma pessoa próxima da criança. Muitas vezes, o trauma psicológico da criança só acontece a posteriori, porque na época dos fatos ela ainda é tão pequena que não tem condições de entender o que está se passando.

Quando a criança é maior, ela por vezes é submetida a chantagens, ameaças ou coações de diversas naturezas, o que constitui para ela um problema a mais. Geralmente as crianças abusadas são impedidas, sob ameaças, de contar o que está se passando e têm que sofrer os maus-tratos e a violência sem poder desabafar ou sem ter em quem confiar. Algumas vezes, a criança ou adolescente abusado chega a adoecer por conta dos abusos. Outras vezes ela é também vítima de outros maus-tratos físicos e psicológicos ou então fica totalmente viciada na prática sexual precoce.

Quanto mais próximo o vínculo emocional entre a criança e o abusador, mais difícil é para ela revelar o que está acontecendo e mais devastador o fato, do ponto de vista emocional. A criança sente-se submissa porque o abusador tem sobre ela maior autoridade, conta com sua confiança, além de ser fisicamente mais forte.

Contar a alguém de confiança o que está acontecendo é a única maneira que a criança/adolescente tem para realmente sair da situação, mas um dos aspectos mais difíceis de lidar nesses casos é o pacto de silêncio que se forma em torno do acontecimento. No entanto, romper esse pacto proporciona um ganho imensurável para a criança e quebra a impunidade do abusador. Portanto, pode-se dizer que o abuso sexual também coloca a vida da vítima em risco.

Qual é o perfil psicológico do abusador sexual de crianças?

O abusador sexual de crianças ou é uma pessoa que não tem uma vida saudável (pedófilo) ou um criminoso que não se preocupa com a integridade física ou mental da sua vítima. Na maioria das vezes não é um estranho, mas alguém muito próximo da criança/adolescente. Afinal, são eles que têm mais fácil acesso à criança. Quase sempre são pessoas do sexo masculino e podem ser parentes, vizinhos, professores, etc.

Os abusadores não têm um perfil social ou psicológico definido e podem ser de qualquer raça, condição econômica, classe social, nível cultural ou religião. Podem ser também pessoas que escondem suas práticas sob o manto de cuidar de crianças ou de uma suposta insuspeitabilidade, como religiosos, por exemplo. Quase sempre o abusador é uma pessoa comum, normal no que respeita às demais áreas da personalidade, podendo ter uma profissão, ser bem sucedido e ter uma família regular e até ser um repressor e um moralista.

Ele é um pervertido e faz parte da sua perversão enganar a todos sobre sua parte doente. O abusador pode ser agressivo mas, na maioria das vezes, sua agressividade se manifesta como ameaça verbal ou é apenas velada. Em geral, ele tem muito medo e quando denunciado ou descoberto sempre nega o abuso, apesar das evidências. Os pedófilos são doentes compulsivos que tendem a repetir seus atos e nenhuma promessa de mudança deve ser levada a sério.

ABCMED, 2015. Abuso sexual de crianças: sinais de abuso, consequências para a criança, perfil psicológico de um abusador sexual. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/808489/abuso-sexual-de-criancas-sinais-de-abuso-consequencias-para-a-crianca-perfil-psicologico-de-um-abusador-sexual.htm>. Acesso em: 12 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
2 Hímen:
3 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
4 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
5 Masturbação: 1. Estimulação manual dos órgãos genitais que geralmente leva ao orgasmo. 2. No sentido figurado, inutilidade de tratar os mesmos temas (considerados infecundos), numa discussão ou pesquisa intelectual ou artística, de modo repetitivo, complacente e inconcludente.
6 Embotamento: Ato ou efeito de perder ou tirar o vigor ou a sensibilidade; enfraquecer-se.
7 Apatia: 1. Em filosofia, para os céticos e os estoicos, é um estado de insensibilidade emocional ou esmaecimento de todos os sentimentos, alcançado mediante o alargamento da compreensão filosófica. 2. Estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença. 3. Em psicopatologia, é o estado caracterizado por indiferença, ausência de sentimentos, falta de atividade e de interesse. 4. Por extensão de sentido, é a falta de energia (física e moral), falta de ânimo; abatimento, indolência, moleza.
8 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
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