Estapedectomia: o que é? O que ela trata? Quando fazer?
Como escutamos?
Os sons ambientes se propagam através da vibração do ar. Esta vibração, captada pelo pavilhão auditivo, é conduzida através do canal auditivo e atinge a membrana do tímpano1, fazendo-a vibrar. Aderido a essa membrana encontra-se fixado um osso chamado martelo2, que se articula com outro osso, chamado bigorna, que por sua vez articula-se à frente com o estribo. Essa cadeia de ossículos se movimenta com a vibração do tímpano1 e transmite essa vibração a uma pequena membrana que oclui o canal da cóclea, fazendo vibrar também o líquido que preenche essa estrutura espiral gerando os estímulos que são captados pelas terminações do nervo auditivo, que os conduz ao cérebro3. Assim, escutamos. A otosclerose4 (do grego, otós = ouvido + sklerós: endurecimento) é uma enfermidade que afeta a cadeia de ossículos do ouvido médio5 (martelo2, bigorna e estribo), causando a fixação dos mesmos e consequente hipoacusia6 (déficit de audição). Um dos tratamentos da otosclerose4 é a cirurgia chamada estapedectomia.
O que é estapedectomia?
A estapedectomia é um procedimento cirúrgico (microcirurgia) pelo qual o cirurgião remove parte ou todo o estribo doente e o substitui por uma prótese7, normalmente de Teflon. O estribo é um ossículo (o menor do corpo humano8) que se localiza no interior do ouvido médio5, atrás do tímpano1 e, em articulação9 com outros dois ossículos, o martelo2 e a bigorna, ajuda na condução do som até a cóclea.
Quando fazer a estapedectomia?
A estapedectomia deve ser feita quando o estribo já não consegue vibrar adequadamente em razão da otosclerose4, doença genética que leva à perda auditiva progressiva, e o paciente já não ouve adequadamente. Se o estribo não vibra, não transmite seus movimentos à janela oval10 da cóclea e não movimenta o líquido contido nos canais semicirculares, que deveriam gerar os estímulos nervosos a serem conduzidos até o cérebro3. No entanto, nem todos os pacientes com otosclerose4 são necessariamente candidatos à cirurgia, seja porque a enfermidade é ainda muito leve, seja porque ela já avançou bastante e atingiu a cóclea. No primeiro caso a cirurgia não é necessária e no segundo já não oferece bons resultados.
Em que consiste a estapedectomia?
O paciente deve preparar-se para a cirurgia porque nos dias que se seguem a ela precisará fazer certo repouso e não poderá realizar tarefas que demandem força ou agilidade. No dia anterior à cirurgia deve procurar comer algo leve e fazer um jejum absoluto pelo menos de oito horas antes da cirurgia. O mais frequente é que a operação seja feita sob anestesia11 local, com auxílio de instrumentos de aumento (microscópios e/ou endoscópios), por causa do tamanho diminuto das partes envolvidas. Uma pequena incisão12 é feita ao lado do tímpano1, para expor os três ossículos do ouvido médio5. O estribo é então removido, deixando exposta uma abertura no ouvido interno13 a qual é tamponada em seguida com um pequeno enxerto14 de um segmento de veia ou de material plástico. Concluída essa parte da operação o tímpano1 é novamente suturado na posição normal. Geralmente, depois da cirurgia é colocado dentro do ouvido operado um pequeno tampão por cinco a sete dias, após a retirada do qual deve começar a aplicação de antibióticos locais, em gotas.
Como evolui a estapedectomia?
A pessoa que passa pela cirurgia tem condições de retornar ao trabalho entre sete e dez dias após o procedimento. Nos dias que se seguem à cirurgia pode haver algum incômodo transitório como enjoo, tonteira e vômitos15, os quais podem ser tratados com medicações específicas. O ato de assoar o nariz16, a natação, o mergulho e as atividades que favoreçam a entrada de maior quantidade de água no ouvido devem ser evitados no período de recuperação. Em geral, a audição melhora em 95% dos casos operados. A estapedectomia envolve os mesmos riscos comuns a todas as cirurgias e anestesias, que são pequenos. Também os riscos específicos são mínimos. Quando um nervo envolvido no paladar17 é lesado, o paciente pode sentir um gosto metálico na boca18, que melhora espontaneamente dentro de algum tempo. Infecções19 ou sangramentos são raros. Em pouquíssimos casos a prótese7 pode se deslocar de seu lugar, exigindo nova cirurgia. Apenas em 4% dos casos a audição pode não melhorar.
Quais são as complicações possíveis da estapedectomia?
As chances de melhora na capacidade auditiva dos pacientes é bem grande, sendo pouco frequente a ocorrência de complicações. Em alguns casos poderá ocorrer perfuração do tímpano1, devido a infecções19 ou traumas, a qual geralmente fecha sozinha ou pode exigir nova cirurgia para correção. A paralisia20 facial, como consequência de um inchaço21 do nervo facial22, é uma complicação rara e temporária.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.