Usos e abusos dos anorexígenos
O que é um anorexígeno1?
Anorexígenos2, anoréticos ou moderadores de apetite são medicamentos à base de anfetamina ou metanfetamina, drogas da mesma classe da cocaína e do crack, usadas com a finalidade de induzir a falta de apetite e, consequentemente, levar a pessoa a comer menos. Ou seja, são os famosos “remédios para emagrecer”.
Quase sempre esses moderadores de apetite trazem, além da anfetamina e metanfetamina, que são estimulantes do sistema nervoso central3, um outro composto químico para reduzir a ansiedade, como um tranquilizante ou a fluoxetina, por exemplo, o que torna ainda mais complexo o seu uso.
Como funcionam os anorexígenos2?
Quase sempre o anorexígeno1 é uma anfetamina ou um derivado da anfetamina, cuja função é inibir a fome. Essa substância química envia uma mensagem para o cérebro4 de que o organismo está saciado e o cérebro4, dessa maneira, “engana” o corpo, enviando-lhe uma mensagem de saciedade.
Assim, na falta de uma alimentação adequada, o organismo passa a utilizar as calorias5 armazenadas no corpo e pode, de fato, gerar a perda de alguns quilos, embora a um alto custo para a saúde6 geral do indivíduo.
As anfetaminas e seus derivdos são estimulantes do sistema nervoso central3 que, além de cortarem o apetite, aumentam a vigília e a atividade autônoma dos indivíduos. Algumas delas atuam no sistema serotoninérgico, aumentando a liberação de noradrenalina7 e dopamina8, dois importantes neurotransmissores cuja biodisponibilidade aumentada, além da fome, reduz o sono e provoca um estado de agitação psicomotora9.
Saiba mais sobre "Ansiedade" e "Controle do apetite".
Quais são os efeitos clínicos dos anorexígenos2?
Apesar dos possíveis efeitos colaterais10 e da dependência, os anorexígenos2 podem produzir uma perda de peso temporária, pois logo que o organismo se acostuma com a medicação começa a não responder mais aos impulsos da mesma. A fome retorna ainda maior, a pessoa volta a ganhar peso e acontece o conhecido “efeito sanfona”. Muitas pessoas voltam a um peso maior do que o que tinham antes. Por isso, muitos médicos, nutricionistas e psicólogos desaconselham o uso de anorexígenos2.
Dependendo do tempo de uso e das doses empregadas, os anorexígenos2 invariavelmente causam efeitos colaterais10 graves, como humor instável, dor de cabeça11, depressão nervosa, taquicardia12, arritmias13, insônia, agitação psicomotora9, aumento da ansiedade, sudorese14, irritabilidade, dentre outros.
Cerca de 87% dos usuários de anfetaminas experimentam síndrome15 de abstinência quando da retirada da droga, caracterizada por fissura16 interna pela droga, ansiedade, agitação, pesadelos, redução da energia, lentificação psicomotora9 e humor depressivo. Devido ao potencial que têm para causar dependência e de seus efeitos colaterais10 graves, os anorexígenos2 são banidos em diversos países.
Leia sobre "Arritmias13 cardíacas", "Insônia", "Síndrome15 de abstinência" e "Pesadelos".
Quem não deve tomar anorexígenos2?
De um modo geral, os anorexígenos2 só devem ser tomados em casos muito especiais e sob estrita vigilância médica.
De maneira mais absoluta, os anorexígenos2 não devem ser tomados por pacientes com antecedentes psicóticos, porque podem reativar a psicose17; por pessoas com transtornos de ansiedade; por epilépticos não tratados; por pessoas com hipertensão arterial18 descompensada; por crianças ou idosos; por pacientes com história anterior de abuso de drogas; na gravidez19 ou suspeita de gravidez19; na lactação20, porque a substância é eliminada pelo leite materno; no hipertireoidismo21, cujos sintomas22 têm as mesmas características do uso dos anorexígenos2; nas cardiopatias severas; porfirias23 e glaucomas.
Além disso, existem importantes interações medicamentosas que precisam ser observadas, tais como:
- A interação de anorexígenos2 com antidiabéticos orais24 pode alterar significativamente a taxa de glicose sanguínea25.
- Eles podem diminuir o efeito hipotensor de alguns anti-hipertensivos.
- Quando usados juntamente com hormônios tireoidianos, aumentam a estimulação do sistema nervoso central3.
- Com a fenotiazina ou clorpromazina (amplictil) produz efeito antagônico, anulando o efeito anorexígeno1.
- O álcool pode interagir com todas as classes de anorexígenos2 provocando tonturas26, vertigens27, confusão mental e sonolência.
- Os anorexígenos2 podem reforçar o efeito central dos estimulantes do sistema nervoso central3.
Veja também sobre "Corticoides", "Perder peso", "Índice de Massa Corporal28" e "Dicas para emagrecer".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.