Curiosidades sobre a temperatura do nosso corpo
O que é a temperatura corporal?
A temperatura do corpo é dada pelo equilíbrio entre a sua capacidade para gerar ou absorver calor e para liberá-lo. Se o corpo se aquecer demais (hipertermia) os vasos sanguíneos1 da pele2 se dilatam e um maior fluxo sanguíneo transporta o excesso de calor à superfície da pele2 provocando o suor, na tentativa de reequilibrar a temperatura corporal. Adicionalmente, no mesmo sentido, a evaporação do suor ajuda a resfriar o corpo. Se ele estiver muito frio, os vasos sanguíneos1 da pele2 se contraem, de modo que o fluxo de sangue3 para a pele2 fica reduzido, conservando calor. Para gerar mais calor, o indivíduo pode começar a ter arrepios e tremores que são tentativas naturais de reaquecer o corpo.
Normalmente o corpo humano4 consegue manter sua temperatura dentro de uma estreita faixa de variação, a despeito das grandes mudanças de temperaturas ambientais, pois dispõe de um centro nervoso regulador localizado no hipotálamo5. No entanto, se essas variações forem muito extremas, esse mecanismo de controle pode não dar conta de fazer um ajuste adequado e o corpo se esfria demais (hipotermia6) ou se aquece demais (hipertermia). Há espécies animais ditas de sangue3 frio, que não têm esse mecanismo de controle, nas quais o corpo assume a mesma temperatura do ambiente em que se encontra.
Como medir a temperatura corporal?
A temperatura corporal pode ser medida em vários locais do corpo, sendo boca7, axila e reto8 os locais mais comumente usados. Entre nós, a via axilar é a mais usada. As pessoas costumam fazer uma estimativa da temperatura corporal verificando com a mão9 a temperatura em sua testa, mas isso não é muito confiável, o ideal é usar um termômetro. Conforme o país, os termômetros para medir a temperatura corporal são calibrados em graus Fahrenheit (°F) ou graus Celsius (°C). No Brasil, a temperatura corporal é medida em graus Celsius. A maioria das pessoas tem uma temperatura corporal "normal" (eutermia) que varia entre 35,5 e 37,0°C, com média entre 36,0 e 36,5°C, quando medida nas axilas, entre 36,0 e 37,4°C se medida na boca7 e entre 36,0 e 37,5°C com a medição feita no reto8. Além disso, a temperatura corporal sofre variação diária de até 0,6°C, dependendo da hora do dia e da atividade da pessoa, sendo mais baixa pela manhã.
A temperatura do corpo da mulher pode ser maior ou menor conforme a fase do ciclo menstrual em que ela esteja, sendo maior durante a ovulação10.
Quais são as alterações possíveis da temperatura corporal?
Chama-se temperatura basal à temperatura mais baixa atingida pelo corpo humano4 durante o repouso prolongado, geralmente durante o sono. Uma temperatura axilar acima de 37,8°C, que pode ocorrer como reação a uma infecção11, é considerada febre12. Outros fatores que podem elevar a temperatura do corpo são medicamentos como os antibióticos, narcóticos, barbitúricos, anti-histamínicos e outros. Também os traumas, um ataque cardíaco, o acidente vascular cerebral13, a insolação ou as queimaduras podem ter o mesmo efeito. Até mesmo outras condições médicas, tais como artrite14, hipertireoidismo15 e alguns tipos de câncer16 podem fazer subir a temperatura corporal. A maioria das febres pode ser reduzida por medicamentos antipiréticos17.
Por outro lado, uma temperatura corporal muito baixa pode ocorrer a partir da exposição ao frio, choque18, álcool, uso de drogas, certas doenças metabólicas como a diabetes19 ou o hipotireoidismo20. A baixa temperatura do corpo pode também estar presente em uma infecção11, particularmente em recém-nascidos, idosos ou pessoas muito fragilizadas. Uma infecção11 severa, como a sepse21, por exemplo, pode ser causa de temperaturas corpóreas anormalmente baixas. As temperaturas muito baixas podem ser uma condição grave, até mesmo levando ao risco de vida e constituem, por isso, uma emergência22 médica.
Quando o ajuste da temperatura, normalmente feito pelo hipotálamo5, não acontece e ela sobe, temos a febre12. A hipertermia, ao contrário, é causada pela exposição prolongada a altas temperaturas, quando as condições do corpo para suar e transferir o calor para o ambiente ficam reduzidas. Os bebês23, as pessoas idosas e as que têm problemas crônicos de saúde24 têm maior risco de sofrerem este tipo de variação na temperatura. Os sintomas25 da hipertermia incluem alterações tais como dores de cabeça26, confusão mental, delírio27, perda da consciência e pele2 avermelhada, quente e ressecada. A insolação por esforço pode se desenvolver quando uma pessoa trabalha ou se exercita sem moderação em um ambiente anormalmente quente. Uma pessoa com hipertermia e esforço pode suar profusamente, mas ainda assim o corpo produz mais calor do que ele é capaz de eliminar. Os diversos tipos de insolação causam desidratação28 grave, criando uma emergência22 médica com risco de vida. Os medicamentos usados para baixar a febre12 não surtem efeito nessa condição. A temperatura deve ser abaixada através de outro procedimento: colocar a pessoa à sombra ou em um ambiente frio, dar de beber bastante água potável, remover as roupas que possam manter o calor, assentar na frente de um ventilador, tomar banho em água morna ou fria, etc.
Nas hipotermias, a temperatura corporal cai abaixo da que é necessária para o metabolismo29 e para exercer as funções corporais. Os sintomas25 usualmente começam a aparecer quando a temperatura corporal abaixa 1 a 2°C do normal. Isso pode ser deliberadamente induzido, sob controle, como recurso de certos tratamentos médicos.
A temperatura interna do corpo, também chamada temperatura central, medida no ânus30 ou na boca7 (sublingual), é normalmente mantida dentro de uma faixa estreita de modo que as reações enzimáticas essenciais possam ocorrer. A elevação ou diminuição significativa dessa temperatura por um tempo prolongado é incompatível com a vida. Essa temperatura em geral é cerca de 0,5°C mais elevada do que a temperatura periférica.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.