Gota. O que é?
O que é gota1?
Gota1 é uma condição crônica, não contagiosa2, causada pelo depósito de cristais de ácido úrico nas articulações3. O acúmulo de ácido úrico no sangue4 pode acontecer tanto pela produção excessiva, quanto pela eliminação deficiente da substância. Mas é importante saber que nem todas as pessoas que apresentam aumento de ácido úrico no sangue4 apresentarão gota1.
A gota1 é uma das principais causas da artrite5 crônica e está associada a outras patologias como obesidade6, cálculos renais, alterações do colesterol7, diabetes8 e insuficiência renal9.
Aparece geralmente entre 40 e 50 anos de idade, sendo mais frequente em homens adultos do que em mulheres.
Quais são os sintomas10?
Geralmente o primeiro sintoma11 é uma crise aguda de gota1 caracterizada por uma monoartrite que acomete mais frequentemente a articulação12 do dedão do pé (hálux13) e causa uma dor insuportável nesta região, a qual tem início à noite e é intensa o suficiente para despertar a pessoa. Nem mesmo o toque do lençol no dedão do pé é suportado. Esta crise acontece pela precipitação de cristais de urato monossódico provenientes dos fluidos corporais supersaturados nos espaços articulares.
Qualquer articulação12 pode ser afetada, mas o hálux13 é acometido em mais de 90% dos pacientes. Há edema14, cor avermelhada e calor na região.
A crise dura de 2 a 10 dias e depois tudo volta ao “normal”, fazendo com que muitos pacientes não procurem assistência médica adequada com um clínico geral ou reumatologista.
Uma nova crise pode surgir em intervalos de meses ou anos.
As crises de gota1 podem ser acompanhadas por sinais15 sistêmicos16 como aumento da frequência cardíaca, mal-estar, febre17 baixa, calafrios18 e leucocitose19.
O diagnóstico20 tardio ou a falta de um tratamento adequado pode levar a deformidades nas articulações3, conhecidas como “tofos”. Estas deformidades são comuns no cotovelo, dedos ou dorso21 das mãos22, nos pés, em qualquer outra articulação12, tendões23 ou na cartilagem24 do pavilhão auricular.
Uma outra complicação do mal acompanhamento desses pacientes é o risco de evolução para a insuficiência renal9, pela formação de cálculos de urato que podem atrapalhar o funcionamento dos rins25.
Como é feito o diagnóstico20 de gota1?
Uma primeira crise não faz o diagnóstico20 de gota1. É preciso que sejam encontrados cristais de ácido úrico no líquido aspirado da articulação12 acometida. Ou que o paciente seja acompanhado para descartar outras causas de inflamações26 articulares.
Quando há crises repetidas de monoartrite aguda dolorosa e ácido úrico elevado ou nos pacientes com doença crônica já com deformidades e alterações radiológicas típicas não há dificuldades diagnósticas.
A taxa de referência normal de ácido úrico no sangue4 é de 7,0 mg/100 ml, mas somente uma pequena parte das pessoas com aumento do ácido úrico terão gota1, cerca de 20%.
Existe cura?
Infelizmente a doença não tem cura, mas é perfeitamente possível controlar os seus sintomas10 com o seguimento adequado do tratamento instituído pelo médico assistente.
Como é o tratamento?
O tratamento é para sempre. O ácido úrico aumenta ou por problemas na eliminação renal27 ou por alterações de sua produção. Em ambas situações os defeitos são genéticos, ou seja, definitivos.
As alterações na dieta e o tratamento medicamentoso precisam ser rigorosamente seguidos, do contrário, o ácido úrico volta a subir e é uma questão de tempo para aparecerem novas crises de gota1, além de aumentar o risco de que deformidades articulares apareçam.
Atualmente, usa-se anti-inflamatórios não esteroides (AINES) nas crises agudas e colchicina somente nos pacientes que tenham contra-indicações aos AINES. Podem ser associados analgésicos28 mais potentes se necessário.
Às vezes a punção articular com agulha e seu esvaziamento causam grande alívio na dor. Pode ser necessário uma injeção29 intra-articular de corticoide.
Após passada a crise, o alopurinol é o medicamento de escolha para reduzir o ácido úrico. As doses variam bastante de pessoa para pessoa. É muito importante associar o uso de alopurinol a uma dieta específica para pacientes30 com gota1.
Como é a dieta para pessoas que têm gota1?
- A dieta deve ser pobre em alimentos que tenham purina (ervilha, feijão, carnes vermelhas, tomate, frutos do mar, miúdos, etc.). A restrição rígida destes alimentos é recomendada principalmente no período agudo31 da doença. Após este período, o paciente pode comer proteínas32 e purinas com moderação.
- Evitar o jejum prolongado pois, na ausência de alimentos, o corpo degrada a proteína muscular como fonte de energia e a ureia33 é um de seus subprodutos.
- Bebidas alcóolicas devem ser restringidas, principalmente as fermentadas, já que aumentam a concentração de ácido úrico no sangue4 e facilitam sua precipitação, formando cristais dentro das articulações3. Fora das crises, as bebidas alcóolicas podem ser consumidas, mas ainda com moderação.
- A dieta deve ser rica em carboidratos, com quantidade moderada de proteínas32 e pobre em gorduras, incluindo alimentos com baixos teores de purina.
- A ingestão de água (pelo menos 2 litros ao dia) e de sucos naturais é uma boa opção. O ideal é manter a urina34 clara para ajudar a reduzir a formação de cálculos renais.
Outras orientações importantes:
- Um acompanhamento com nutricionista35 pode ajudar a equilibrar melhor a dieta.
- É comum que os pacientes com gota1 apresentem aumento dos triglicérides36. Os exercícios físicos ajudam a controlar esta alteração, além de fortalecer a musculatura e as articulações3.
- Alguns medicamentos como diuréticos37 e o ácido acetilsalicílico podem diminuir a excreção renal27 do ácido úrico.
- O tratamento médico não deve ser interrompido com a melhora dos sintomas10. Siga as orientações do seu médico.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.