Gostou do artigo? Compartilhe!

Laxantes: tipos, efeitos e riscos

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que são laxantes1?

Os medicamentos que agem nas funções de absorção e secreção do intestino e modificam a consistência, forma e a quantidade das fezes são divididos popularmente em laxantes1 e purgantes ou catárticos. Os laxantes1 são mais suaves, demoram mais para agir (de 6 horas a 3 dias) e promovem fezes macias ou pastosas, eventualmente diarreicas; já os purgantes são drásticos, agindo rapidamente (de 1 a 3 horas) e a evacuação que resulta deles é aquosa e volumosa. No entanto, a classificação farmacológica usa apenas a denominação genérica de laxantes1 para se referir a todas essas substâncias.

Apesar de também atuarem eliminando as fezes, os supositórios não são considerados laxantes1 porque eles apenas facilitam a eliminação de fezes localizadas no canal anal2, diferente dos laxantes1, que agem em todo o intestino.

Por que tomar laxantes1?

Muitas vezes os laxantes1 são tomados para emagrecer, o que é altamente desaconselhado. Eles podem causar perda de peso por interferirem na absorção de nutrientes como gorduras e pela eliminação de água e sais minerais. Nestes casos, a perda de peso resulta de uma mera espoliação do organismo e é passageira, uma vez que os quilos perdidos geralmente são recuperados quando cessa o uso do medicamento.

A indicação do uso de laxantes1 é feita para episódios isolados de prisão de ventre, quando o paciente está há cerca de 7 dias constipado, precisa fazer muito esforço para evacuar e as fezes estão ressecadas. Mas é importante a supervisão médica, porque o uso indiscriminado de laxantes1 pode mascarar a gravidade do quadro clínico e causar sérios problemas de saúde3.

Em quaisquer circunstâncias é bem pouco provável que o uso sistemático de laxantes1 seja uma opção de "tratamento". Quase sempre o laxante4 é receitado apenas como medida paliativa para aliviar o intestino do constipado, enquanto a enfermidade de base é pesquisada e tratada. Em alguns casos, o paciente precisará fazer uso de outros procedimentos além de usar laxativos5, como uma lavagem intestinal, por exemplo. Em outras variadas oportunidades, os laxantes1 são empregados com a finalidade de preparar o indivíduo para exames radiológicos ou para uma endoscopia6, como a colonoscopia7, por exemplo.

Em virtude das alterações hormonais por que passam as gestantes e da pressão do bebê sobre o intestino, é possível que as mulheres grávidas tenham prisão de ventre. Entretanto, elas não devem usar laxantes1, uma vez que o medicamento pode reduzir a absorção de nutrientes importantes para si e para o feto8.

Saiba mais sobre "Constipação9 intestinal", "Colonoscopia7" e "Endoscopia6 digestiva alta".

Quais são os efeitos e riscos dos laxantes1?

Os laxantes1 sintéticos podem ser divididos em duas categorias: (1) osmóticos e (2) apáticos. Os primeiros atuam extraindo a água presente nas paredes do intestino e lançando-a no interior do órgão, diluindo a massa fecal e facilitando a eliminação. Já os laxantes1 apáticos agem causando uma irritação na parede do intestino, forçando a evacuação por um aumento da motilidade intestinal. É como se o intestino identificasse um corpo estranho e precisasse expeli-lo por meio das fezes.

O uso repetitivo de laxantes1 leva a uma possível tolerância e a um crescente aumento das doses necessárias para produzirem o mesmo efeito. O uso excessivo deles pode também causar uma inflamação10 intestinal e levar à diminuição de absorção de vitaminas, distúrbios hidroeletrolíticos e diminuição da absorção de água pelo corpo.

Por outro lado, os laxantes1 não devem ser usados em quaisquer doenças intestinais que diminuam a exoneração11 de fezes. Muitas delas causam má absorção intestinal de nutrientes o que, somado ao efeito semelhante dos laxantes1, aumenta o risco de desnutrição12.

Os laxantes1 também podem interagir com medicamentos cuja absorção é feita total ou parcialmente no intestino, como o sulfato ferroso, por exemplo. Como tanto as fezes quanto a urina13 eliminam água e sais minerais, o uso associado de laxantes1 e diurético14 pode causar distúrbios eletrolíticos graves.

Leia sobre "Distúrbios hidroeletrolíticos", "Constipação9 infantil" e "Desnutrição12".

 

ABCMED, 2017. Laxantes: tipos, efeitos e riscos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1305998/laxantes-tipos-efeitos-e-riscos.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Laxantes: Medicamentos que tratam da constipação intestinal; purgantes, purgativos, solutivos.
2 Canal Anal: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Laxante: Que laxa, afrouxa, dilata. Medicamento que trata da constipação intestinal; purgante, purgativo, solutivo.
5 Laxativos: Mesmo que laxantes. Que laxa, afrouxa, dilata. Medicamentos que tratam da constipação intestinal; purgantes, purgativos, solutivos.
6 Endoscopia: Método no qual se visualiza o interior de órgãos e cavidades corporais por meio de um instrumento óptico iluminado.
7 Colonoscopia: Estudo endoscópico do intestino grosso, no qual o colonoscópio é introduzido pelo ânus. A colonoscopia permite o estudo de todo o intestino grosso e porção distal do intestino delgado. É um exame realizado na investigação de sangramentos retais, pesquisa de diarreias, alterações do hábito intestinal, dores abdominais e na detecção e remoção de neoplasias.
8 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
9 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
10 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
11 Exoneração: 1. Ato ou efeito de exonerar(-se). 2. Dispensa de emprego ou trabalho; demissão. 3. Cumprimento de um encargo, de um compromisso.
12 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
13 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
14 Diurético: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.