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Por que choramos?

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O que é o choro?

O choro é uma peculiar reação emocional que se acompanha sempre de produção de lágrimas em quantidade superior à que pode ser drenada pelos ductos lacrimais, levando-as a correr pelo rosto.

As lágrimas são normalmente produzidas pelas glândulas1 lacrimais como lubrificantes dos olhos2 e drenadas na mesma proporção. Elas podem também ser produzidas reativamente por estímulos químicos (ao partir uma cebola, por exemplo) ou físicos (um cisco, por exemplo) ou, ainda, voluntariamente, mediante um treinamento especial (como nas artes dramáticas).

De todos os animais superiores, o homem é o único com capacidade de chorar. Alguns animais exibem comportamentos que podem ser tidos como simulacros do choro, mas a todos eles faltam as lágrimas.

Estimuladas pelo sistema límbico, as lágrimas são produzidas constantemente pelas glândulas1 lacrimais, com a função de lubrificar os olhos2 e limpá-los de qualquer impureza. Os canais lacrimais, que ligam o espaço dos olhos2 à garganta3, drenam continuamente as lágrimas normalmente produzidas. Quando a produção de lágrimas supera a capacidade de drenagem4, elas transbordam das pálpebras5 e escorrem pelo rosto.

Por que choramos?

Muito frequentemente, o choro é a primeira manifestação do bebê ao nascer e ainda é comum durante toda a infância e mesmo na adolescência. É um pouco mais controlado na vida adulta, em que, dependendo da cultura, da época e do sexo de quem derrama lágrimas, o choro pode ter vários significados diferentes: alegria, tristeza, raiva6, dor, vitória ou derrota, heroísmo ou fraqueza.

Pode-se chorar por emoções que estejam ocorrendo no momento ou por emoções evocadas pela memória. Além dessas condições, é possível chorar por empatia, por tristezas e alegrias que ocorrem a outras pessoas, como acontece, por exemplo, num filme.

Mas há mais: o homem também verte lágrimas quando seu sistema de drenagem4 está obstruído, como costuma acontecer durante os resfriados e gripes, quando um cisco cai no olho7, como uma tentativa orgânica de retirá-lo e mesmo quando se ri muito, devido à constrição8 das glândulas1 lacrimais pela pressão exercida pelos músculos faciais9. Existe mesmo o choro por contágio10. Algumas pessoas choram se veem alguém chorando.

Chorar é uma forma de comunicação que antecede a fala. Isso é muito nítido se consideramos a criança pequena. A mãe atenta consegue perceber o significado de diferentes nuances do choro e sabe quando o bebê chora por fome, por dor, por frio ou por outro motivo definido.

No adulto, que pode expressar suas necessidades pela fala, não há uma grande derrota ou um acontecimento infeliz, nem vitórias espetaculares que não desemboquem em choro. No entanto, a capacidade de chorar é muito diferente entre as pessoas. Para algumas, chorar é algo natural e fácil, mas para outras esse é um processo difícil. Tudo depende da cultura, do perfil familiar e do modo como cada pessoa vivenciou o problema desde a infância.

Na nossa cultura, o choro é muitas vezes entendido como sinal11 de “fraqueza” e é mais admissível para as mulheres que para os homens. É comum ouvir-se o mote “homem não chora”. Mas a significação do choro obedece também a aspectos históricos e culturais: na Grécia antiga, era permitido aos homens chorar, mas entre as mulheres tal gesto não era bem-visto. A expressão dos sentimentos, para os gregos, era uma atitude masculina. No século XVIII, na França, tanto os homens quanto as mulheres podiam derramar lágrimas em público. Para as elites aristocráticas não era de bom tom chorar em público, por isso elas contratavam as carpideiras (choradeiras profissionais) para chorar por elas, mesmo na morte de um filho, por exemplo. Nos países islâmicos, o homem pode chorar diante dos demais, enquanto a mulher se aparta para verter suas lágrimas às escondidas.

Enfim, chorar é uma experiência humana muito variada. O papel e o significado do choro também muda no decorrer do tempo, numa mesma cultura. Os cientistas estão de acordo que chorar nas condições adequadas é um ato saudável e faz bem. As lágrimas funcionam como uma descarga física e emocional. As lágrimas reprimidas causam sentimentos reprimidos que podem causar estresse, depressão e problemas psicossomáticos. Por isso é tão importante chorar.

Leia também sobre "Estresse", "Depressão em mulheres", "Esgotamento mental ou síndrome12 de Burnout" e "Neurose13 de angústia".

 

ABCMED, 2017. Por que choramos?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1300353/por-que-choramos.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
2 Olhos:
3 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
4 Drenagem: Saída ou retirada de material líquido (sangue, pus, soro), de forma espontânea ou através de um tubo colocado no interior da cavidade afetada (dreno).
5 Pálpebras:
6 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
7 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
8 Constrição: 1. Ação ou efeito de constringir, mesmo que constrangimento (ato ou efeito de reduzir). 2. Pressão circular que faz diminuir o diâmetro de um objeto; estreitamento. 3. Em medicina, é o estreitamento patológico de qualquer canal ou esfíncter; estenose.
9 Músculos Faciais: Músculos da expressão facial ou músculos miméticos; os numerosos músculos supridos pelo nervo facial fixados à pele da face e que a movimentam. A NA também inclui alguns músculos mastigadores nesse grupo. (Stedman, 25ª ed) Sinônimos: Músculos Miméticos
10 Contágio: 1. Em infectologia, é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. 2. Na história da medicina, aplica-se a qualquer doença contagiosa. 3. No sentido figurado, é a transmissão de características negativas, de vícios, etc. ou então a reprodução involuntária de reação alheia.
11 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
12 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
13 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.

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