Atalho: 559W034
Gostou do artigo? Compartilhe!

Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é tireoide1?

A tireoide1 é uma glândula2 que está localizada na base do pescoço3, abaixo do “pomo de Adão”. Ela possui a forma de uma borboleta.

Esta glândula2 é responsável pela produção, armazenamento e liberação de hormônios tireoideanos para o organismo. Estes hormônios são conhecidos como T3 e T4. Há também a produção de calcitonina4, hormônio5 que contribui para levar cálcio para os ossos.

Quando é necessário fazer uma cirurgia na tireoide1?

A cirurgia de tireoide1 compreende procedimentos para ressecção de um nódulo6 separadamente, ressecção parcial (tireoidectomia parcial) ou retirada completa da glândula2 (tireoidectomia total).

A tireoidectomia total geralmente é realizada nos casos em que há nódulos tireoideanos com suspeita de malignidade, sinais7 de compressão ou desconforto no pescoço3, e quando há um problema estético gerado pelo aumento da glândula2 (bócio8).

Cirurgia de tireóide

Quais são os exames geralmente realizados nos casos de alterações da tireoide1?

Em primeiro lugar, o importante é consultar um endocrinologista9 que vai avaliar os dados da história clínica e realizar um exame físico, envolvendo a palpação10 da tireoide1.

Os exames complementares que podem ajudar na interpretação de alterações tireoideanas são:

  • Exame de sangue11 com dosagem dos hormônios tireoideanos. Os hormônios mais solicitados são o TSH (hormônio5 tireoestimulante) e o T4 livre (tiroxina). Em alguns casos é necessária a dosagem de T3 (triiodotironina).
  • Ultrassonografia12 da tireoide1: avalia a presença de nódulos tireoidianos13 dando informações sobre tamanho, localização na glândula2 e características dos nódulos, auxiliando decisões cirúrgicas. O Doppler associado ao ultrasson mostra a vascularização dos nódulos, o que ajuda na interpretação da malignidade ou não dos nódulos.
  • Punção aspirativa com agulha fina (PAAF) guiada por ultrasson com biópsia14: realizado para saber se um nódulo6 é benigno ou maligno.
  • Cintilografia15 da tireoide1: neste exame o paciente ingere um comprimido ou toma um líquido com pequena quantidade de iodo radioativo16 chamado I 131. Se houver alguma célula17 de tireoide1 presente, ela aparece como uma mancha no filme cintilográfico. 

Todos os nódulos na tireoide1 precisam ser removidos com cirurgia?

Não. O tratamento depende dos resultados dos exames. Muitos nódulos são benignos e não precisam de cirurgia, apenas de acompanhamento clínico. Nódulos tireoideanos são muito frequentes, principalmente acima dos 50 anos de idade.

O que acontece depois de uma cirurgia da tireoide1?

Na maioria das vezes, após um procedimento cirúrgico na tireoide1 a única coisa necessária é uma reposição hormonal. Pode ser que uma pessoa que retirou apenas nódulos isoladamente nem precise fazer esta reposição e necessite apenas de um acompanhamento periódico dos níveis hormonais. É essencial dar continuidade às consultas pós-operatórias com um endocrinologista9 ou com um cirurgião de cabeça18 e pescoço3.

Uma cirurgia na tireoide1 pode levar à lesão19 de pequenas glândulas20, as paratireoides, que estão muito próximas da tireoide1. Estas glândulas20 regulam o metabolismo21 do cálcio na circulação22 e nos ossos. Em boa parte dos pacientes operados existe queda do cálcio no sangue11 com sintomas23 de formigamento, contração muscular e perda de cálcio nos ossos. A reposição de cálcio e de vitamina24 D deve ser avaliada por um médico.

Quando trata-se de um nódulo6 maligno, após a cirurgia para remoção da glândula2 e retirada dos gânglios linfáticos25 adjacentes acometidos pelo tumor26 (procedimento conhecido como "esvaziamento cervical"), os pacientes recebem iodo radioativo16 para destruir restos tumorais e restos de células27 sadias da tireoide1 que tenham permanecido no pescoço3. Após o procedimento, os pacientes deixam de produzir hormônios tireoidianos e apresentam hipotireoidismo28, necessitando de repor esses hormônios na forma de comprimidos ao longo de toda a vida.

A cirurgia tem riscos?

As cirurgias na tireoide1 têm índice baixo de complicações (0,4 a 5%), mas como qualquer outra intervenção cirúrgica, envolve riscos.

Os riscos mais comuns são:

  • Alterações da voz (ocorre por lesão19 do nervo laríngeo recorrente devido a sua proximidade com a glândula2 tireoide1, este nervo é responsável pelos movimentos das cordas vocais29).
  • Hematoma30 (pode haver um acúmulo de sangue11 no local da cirurgia dando origem a um hematoma30, cursa com dor e dificuldade para respirar. Precisa ser avaliado imediatamente pelo cirurgião que realizou a intervenção. Às vezes é necessária uma nova cirurgia de urgência31).
  • Hipocalcemia32 (ocorre por lesão19 nas paratireoides ou retirada total da tireoide1).
  • Cicatriz33 no local da cirurgia (na maioria das vezes as cicatrizes34 são discretas, mas em pessoas com tendência à formação de queloide35 a cicatriz33 cirúrgica pode ser uma complicação estética. A exposição direta ao sol deve ser evitada por um período de até 4 meses após a cirurgia).

Todas as pessoas que irão fazer uma cirurgia de tireoide1 devem estar cientes destes riscos.


Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça18 e Pescoço3 - SBCCP

ABCMED, 2009. Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/tireoide/51858/cirurgia-da-tireoide-quando-e-necessario-fazer.htm>. Acesso em: 3 mai. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
2 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
3 Pescoço:
4 Calcitonina: Hormônio secretado pela glândula tireoide que inibe a perda de cálcio dos ossos.
5 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
6 Nódulo: Lesão de consistência sólida, maior do que 0,5cm de diâmetro, saliente na hipoderme. Em geral não produz alteração na epiderme que a recobre.
7 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
8 Bócio: Aumento do tamanho da glândula tireóide, que produz um abaulamento na região anterior do pescoço. Em geral está associado ao hipotireoidismo. Quando a causa desta doença é a deficiência de ingestão de iodo, é denominado Bócio Regional Endêmico. Também pode estar associado a outras doenças glandulares como tumores, infecções ou inflamações.
9 Endocrinologista: Médico que trata pessoas que apresentam problemas nas glândulas endócrinas.
10 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
11 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
12 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
13 Nódulos tireoidianos: Nódulos da tireoide resultam em crescimentos anormais de células da tireoide, que formam protuberâncias dentro da glândula, normalmente visíveis sob a pele do pescoço.
14 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
15 Cintilografia: Procedimento que permite assinalar num tecido ou órgão interno a presença de um radiofármaco e acompanhar seu percurso graças à emissão de radiações gama que fazem aparecer na tela uma série de pontos brilhantes (cintilação); também chamada de cintigrafia ou gamagrafia.
16 Radioativo: Que irradia ou emite radiação, que contém radioatividade.
17 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
18 Cabeça:
19 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
20 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
21 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
22 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
23 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
24 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
25 Gânglios linfáticos: Estrutura pertencente ao sistema linfático, localizada amplamente em diferentes regiões superficiais e profundas do organismo, cuja função consiste na filtração da linfa, maturação e ativação dos linfócitos, que são elementos importantes da defesa imunológica do organismo.
26 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
27 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
28 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
29 Cordas Vocais: Pregas da membrana mucosa localizadas ao longo de cada parede da laringe extendendo-se desde o ângulo entre as lâminas da cartilagem tireóide até o processo vocal cartilagem aritenóide.
30 Hematoma: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
31 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
32 Hipocalcemia: É a existência de uma fraca concentração de cálcio no sangue. A manifestação clínica característica da hipocalcemia aguda é a crise de tetania.
33 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
34 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
35 Queloide: Cicatriz hipertrófica.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.

Comentários

21/02/2011 - Comentário feito por waldenice
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
Waldenice tenho 39 anos, sou portadora de hipotiroidismo,decorrente de tireoidectomia total realizada em 06/08/2009 .Acirurgia resultou em neuropraxia do nervo laringeo direito levando a disfonia e retirada das paratireóides, porduzindo hipoparatiroismo secundario e hipocalcemia ai fiquei com varios porbelma de saude por que tenho que utilizar de forma continua . carbonato de cálcio de 500mg vitamina D3 calcitriol 0,25mg .Estas patologias fazem com que eu evolua com nervosismo, irritabilidade, tendência a arritmias, depressão espasmos musculares importantes e fadiga crônica. poriso caros amigos so operem quando realmente for a utima saida para a doemça .E agora o que devo fazer para temtar supera tudo isso.ñ comsigo mais trabalha e apericia medica so ne deo dois mezes de licemça mais neu medico ne deo um laudo por tempo indeterminado. me ajunden por favor..........................................................................

22/01/2011 - Comentário feito por paulo
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
Não se enfatiza mais a ressecção de um único nódulo na tireóide sob o risco de perder avaliação do estroma e da neoplasia; isto seria admitido em condições muito especiais (nódulos tóxicos). A menor cirurgia para a glândula tireoide é a lobectomia total ( lobo, istmo e pirâmide) na grande maioria dos casos.
A indicação estética é relativa. Peço que reflitam que a mutilação endocrinológica não deve ser indicada por motivos estéticos, e sim patológicos. Se um nódulo é grande, causa desconforto na deglutição e provoca deformidade estética secundária, este sim merece a cirurgia após avaliação do especialista.

20/01/2011 - Comentário feito por ERICA
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
gostei muito, vou fazer um cirurgia da tireoide o mes que vem. obrigado pelo esclarecimento

22/10/2010 - Comentário feito por jacira
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
gostei da materia, tenho hipertiroidismo estou começando tratamento ,creio que terei de operar,pois o bocio esta muito grande .valeu pelo esclarecimento.

18/09/2010 - Comentário feito por selma
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
adorei tira minha duvida ,pois descobri agora que estou com essa doença mais irei ao medico pra me tratar agradeço pelo esclarecimento.

14/09/2010 - Comentário feito por dryelle
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
nao tenho nenhum problema com tireoide, li a materia mesmo de curiosidade e achei bem interessante
parabéns ao escritor

23/08/2010 - Comentário feito por natty
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
Gostei muito da matéria, tenho tireode a 3 anos, desde 2007 só que fui descobrir em 2009 quando começei a engordar muito,e agora faço o tratamento certinho.Pude tirar algumas duvidas nessa matéria, Parabéns pelo trabalho!!

17/05/2010 - Comentário feito por rita
Re: Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
parabens pela materia esclarecedora ,tenho hipotiroidismo a 4 anos nao estava tratando mas depois de ver a materia comecei a tratar novamente , gostaia de saber se o hipotiroidismo nao tratado pode virar cancer?por favor me respondao desde ja agradeço.

  • Entrar
  • Receber conteúdos