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O que é um choque elétrico e quais podem ser os seus efeitos no organismo?

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O que é um choque1 elétrico?

A eletricidade produzida num ponto pode ser levada a pontos distantes através de materiais chamados condutores elétricos. Normalmente ela se espalha por todo esse material e em contato com outros materiais também condutores passa através deles, constituindo o que se chama de corrente elétrica. Outros materiais não deixam a eletricidade passar através deles, os ditos isolantes. Essa capacidade de conduzir a eletricidade depende, por um lado, da constituição química do elemento e, por outro, da intensidade da carga elétrica em contato com ele. Um exemplo simples e comum disso são os fios elétricos caseiros, constituídos por filamentos metálicos condutores, revestidos por material plástico não condutor, geralmente chamado capa. Outro exemplo pode ser encontrado nos revestimentos plásticos (não condutores) de cabos de alicates metálicos (condutores) que não deixam a eletricidade passar para quem os impunha.

O corpo humano2 é condutor de eletricidade e quando colocado em contato com uma fonte elétrica deixa a eletricidade passar através de si, transmitindo-a a outros corpos condutores. Isso é o choque1 elétrico, o qual desorganiza o arranjo fisiológico3 dos elementos químicos das células4, com consequências às vezes mortais. Para evitar isso o indivíduo deve estar apoiado sobre um material isolante (não condutor), sempre que for imperioso entrar em contato com uma fonte elétrica. No entanto, o papel condutor ou não condutor de um material específico depende da carga elétrica a que é submetido. Assim, um material que funcione como isolante para certa carga elétrica não funciona assim para cargas muito maiores. Há também os materiais ditos semicondutores, os quais ao mesmo tempo deixam a eletricidade fluir e apresentam alguma resistência a ela.

Quais são os efeitos do choque1 elétrico?

O dano ou a morte do indivíduo que recebe um choque1 elétrico é em função da intensidade da corrente elétrica e do tempo durante o qual ele esteja recebendo a descarga. Em um grande número de choques elétricos a morte é apenas aparente, o que torna muito importantes os primeiros socorros. Os pacientes que sobrevivem a um choque1 elétrico de alta intensidade necessitam de cuidados médicos prolongados, mas os primeiros socorros são de máxima importância.

  • A pessoa que em primeiro lugar socorre a vítima deve tomar cuidado para que ela própria não receba um choque1.
  • Deve-se procurar fazer cessar rapidamente a passagem de corrente elétrica, desligando-a ou provocando um curto-circuito que a interrompa.
  • Afaste os condutores de eletricidade da vítima, tendo o cuidado de proteger-se, com luvas isolantes e/ou pisando sobre um estrado ou tapete de proteção.
  • Se a vítima estiver inanimada, inicie imediatamente a respiração boca5-a-boca5 ou a reanimação cardíaca e as continue até a recuperação da vítima ou a chegada do socorro médico.
  • Se a vítima apresentar convulsões, adote os cuidados próprios para a situação.
  • Se a vítima apresentar queimaduras, adotar os cuidados próprios para queimados. Não afaste a fonte da corrente utilizando objetos metálicos ou com as mãos6 molhadas. Não toque o corpo da vítima enquanto esta estiver conectada à fonte de eletricidade porque o corpo humano2 é condutor de corrente elétrica e nesse caso você também receberá o choque1.
  • Não dê qualquer bebida ou comida à vítima nos momentos seguintes ao choque1, pela possibilidade de que ela possa vomitar e aspirar o vômito7.

O choque1 elétrico intenso ocasiona uma necrose8 muscular que libera na corrente sanguínea uma proteína chamada mioglobina, a qual se deposita nos glomérulos renais9, causando insuficiência renal10 aguda. A hidratação venosa deve ser instalada no membro não atingido e uma sonda vesical11 deve ser passada para monitorar a urina12.

Quais são os principais sinais13 e sintomas14 do choque1 elétrico?

Os sinais13 e sintomas14 produzidos por um choque1 elétrico dependerão da sua intensidade. Os choques caseiros, em geral de 110 volts de intensidade, não causam mais que uma desagradável sensação peculiar, sem maiores consequências para uma pessoa normal. Choques mais intensos, no entanto, podem ter consequências graves e produzir queimaduras intensas, fibrilação cardíaca ou morte.

Como evitar o choque1 elétrico?

Deve-se ter muito cuidado com tomadas, fios desencapados e a normalidade da rede elétrica caseira. Evite as “gambiarras”.

Mantenha de forma ostensiva a sinalização convencional em locais onde haja perigo de choque1 elétrico.

Quais são os usos terapêuticos da eletricidade?

A aplicação de correntes elétricas de baixa intensidade tem usos diagnósticos e terapêuticos importantes. Entre outras coisas, elas podem:

  • Detectar distúrbios na condução de impulsos nervosos por meio da eletromiografia15.
  • Estimular músculos16 com correntes farádicas17 ou galvânicas18.
  • Corrigir a produção ou condução dos impulsos elétricos do coração19 por meio de marca-passos.
  • Cauterizar ou seccionar tecidos orgânicos por meio de eletrocautérios20 ou bisturis elétricos.

Algumas cargas e correntes elétricas de baixíssima intensidade são produzidas no interior do próprio organismo e são necessárias para o seu funcionamento normal. Assim, os neurônios21 trocam eletricidade entre si, os nervos conduzem impulsos elétricos que transmitem aos músculos16, o nódulo atrial22 produz potenciais elétricos que transmitidos pelos feixes nervosos cardíacos são responsáveis pelos batimentos do coração19.

ABCMED, 2014. O que é um choque elétrico e quais podem ser os seus efeitos no organismo?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/566382/o-que-e-um-choque-eletrico-e-quais-podem-ser-os-seus-efeitos-no-organismo.htm>. Acesso em: 18 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
2 Corpo humano: O corpo humano é a substância física ou estrutura total e material de cada homem. Ele divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A anatomia humana estuda as grandes estruturas e sistemas do corpo humano.
3 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
6 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
7 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
8 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
9 Glomérulos Renais: Grupo de capilares enovelados (sustentados pelo tecido conjuntivo) que se iniciam em cada túbulo renal. Taxa de Filtração Glomerular; Fluxo Sanguíneo Renal Efetivo; Fluxo Plasmático Renal Efetivo;
10 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
11 Vesical: Relativo à ou próprio da bexiga.
12 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Eletromiografia: Técnica voltada para o estudo da função muscular através da pesquisa do sinal elétrico que o músculo emana, abrangendo a detecção, a análise e seu uso.
16 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
17 Farádicas: Relativas à faradização, ou seja, relativas à terapêutica que utiliza a corrente elétrica como indutor ou estimulador.
18 Galvânicas: Pertencentes ou relativas ao galvanismo, ou seja, ao conjunto de fenômenos relacionados com a geração de correntes elétricas por meios químicos.
19 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
20 Eletrocautérios: Instrumento de metal, aquecido por uma corrente elétrica, usado para cauterizar tecidos, ou seja, para estancar sangramentos dos tecidos.
21 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
22 Nódulo atrial: Também conhecido como nódulo sinoatrial, é uma estrutura anatômica localizada na parede ântero-superior do átrio direito, lateralmente à abertura da veia cava superior.
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