Triploidia - o que você precisa saber sobre ela?
O que é triploidia?
Os seres humanos apresentam normalmente 22 pares de cromossomos1 autossômicos e um par de cromossomos1 sexuais, totalizando 23 pares ou 46 cromossomos1 no total (23 vindos do pai e 23 vindos da mãe). Erros durante a divisão e multiplicação celulares nos óvulos ou nos espermatozoides2 ou falhas no mecanismo da concepção3 podem levar a alterações numéricas dos cromossomos1.
A triploidia é uma rara anormalidade em que os fetos nascem com um conjunto extra de cromossomos1 em suas células4, quando o conjunto tem 69 cromossomos1 (46 cromossomos1 vindos de um dos pais e 23 vindos do outro).
Quais são as causas da triploidia?
A triploidia pode ocorrer por uma de três possibilidades:
- Quando dois espermatozoides2 fertilizam ao mesmo tempo um óvulo5 haploide normal (dispermia).
- Quando um espermatozoide6 normal (haploide) fertiliza um óvulo5 que já possui um conjunto diploide7 anormal de cromossomos1, por um erro na divisão celular materna.
- Fertilização8 de um óvulo5 normal (haploide) por um espermatozoide6 diploide7 (erro na divisão celular paterna).
A maioria dos casos ocorre por dispermia (60 a 70% do total de casos), ou seja, um óvulo5 normal é fecundado por dois espermatozoides2.
Qual é o mecanismo fisiológico9 da triploidia?
A triploidia resulta de falhas de uma das divisões e da maturação no ovócito10 ou, geralmente, no espermatozoide6, dotando cada um deles, neste caso, de 46 cromossomos1. Mais frequentemente, contudo, o problema ocorre no momento da fecundação11, em que dois espermatozoides2, portando normalmente 23 cromossomos1 cada um fecundam um mesmo óvulo5 normal.
Veja mais sobre "Ciclo menstrual", "Ovulação12", "Espermograma" e "Fertilização8 in vitro".
Quais são as principais características clínicas da triploidia?
Na espécie humana, casos de triploidia quase sempre terminam em abortos espontâneos. A triploidia ocorre em aproximadamente 2% das concepções e é uma das principais causas de abortos do primeiro trimestre de gestação. Os raros casos de bebês13 triploides que chegaram a termo tiveram morte neonatal.
Quando é a mãe quem fornece os cromossomas extras, as gestações costumam terminar quando já estão mais próximas do termo; mas quando é o pai quem fornece os cromossomas extras, as gestações terminam em abortos espontâneos numa fase mais inicial.
As grávidas de fetos triploides podem ter pré-eclâmpsia14, com albuminúria15, edema16 e/ou hipertensão17. Os sinais18 e sintomas19 físicos da triploidia no feto20 dependem da origem dos cromossomos1 extras, ou seja, se vieram do pai ou da mãe. Se vêm do pai, podem causar microcefalia21 (cabeça22 pequena) e uma placenta aumentada e cheia de cistos; se vêm da mãe, podem causar problemas de crescimento, uma cabeça22 de tamanho aumentado e uma placenta pequena e sem cistos.
Leia sobre "Aborto", "Diferenças entre pré-eclâmpsia14 e eclâmpsia23", "Edema16", "Microcefalia21" e "Macrocefalia".
Como tratar a triploidia?
A triploidia não tem cura. As gravidezes que duram até o fim são raras. Se um bebê sobreviver até lá, deve receber cuidados paliativos24 enquanto viver. Os tratamentos paliativos24 para o bebê nascido com vida, medicamentosos ou cirúrgicos, muitas vezes deixam de ser utilizados em vista da natureza precocemente letal da condição.
Como evolui em geral a triploidia?
Se a triploidia for descoberta ainda durante a gestação, a mulher fica exposta a três possibilidades: (1) tentar levar a gravidez25 a termo, (2) provocar um aborto (nos países onde isso é permitido) ou (3) sofrer um aborto espontâneo. Se a opção for levar a gravidez25 a termo, a mulher deve ser acompanhada de perto pelo médico, em vista das possíveis complicações da triploidia, tais como pré-eclâmpsia14 e coriocarcinoma.
Veja também sobre "Parto a termo", "Malformações26 fetais" e "Cariótipo fetal".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.