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Meu preventivo deu NIC. E agora, o que é isso?

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O que é a neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

As neoplasias2 invasivas do colo do útero3 são precedidas por um longo período de alterações celulares, de tal modo que elas podem ser evitadas. Chama-se a essas alterações pré-invasivas do colo do útero3, limitadas ao epitélio4 escamoso5 do órgão, de neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) ou de Cervical intraepithelial neoplasia1 (CIN em inglês). Microscopicamente, essas alterações se caracterizam por uma evolução que vai desde a simples atipia celular até graus mais severos de displasia6 ou de neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC).

NIC

Usualmente, as neoplasias2 intraepiteliais cervicais (NICs) são classificadas em graus 1, 2 e 3 (neoplasia1 intraepitelial cervical leve, moderada e grave, respectivamente). Quanto maior o grau da neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC), maior a espessura do epitélio4 e a proporção nele de células7 indiferenciadas. Assim, os graus 2 e 3 apresentam uma maior gravidade que o grau 1. Essas alterações teciduais podem substituir parte ou toda a espessura do epitélio4 cervical normal e devem, então, ser vistas como pré-malignas. O controle e tratamento delas pode evitar o câncer8 cervical do útero9 porque ela é de evolução lenta, com longo período de desenvolvimento das lesões10. O controle ginecológico periódico é de suma importância porque permite ao médico detectar e remover essas alterações numa fase pré-cancerosa. O exame diagnóstico11, chamado Papanicolaou é rotineiro nas consultas ginecológicas e extremamente simples e pode ser complementado, se houver necessidade, com outros exames, como citologia, colposcopia12 ou ultrassonografia13 transvaginal, por exemplo.

Quais são as causas da neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

Entre as causas da neoplasia1 cervical, o papilomavírus humano - HPV (a virose mais comum de transmissão sexual) está sempre presente, no entanto, a maioria das anomalias cervicais causadas pela infecção14 pelo HPV não progride para neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) ou neoplasia1 do colo uterino15 e outros fatores são necessários para que isso aconteça, como outros tipos de inflamações16 ou infecções17, por exemplo. Há mais de 100 tipos de HPV, mas deles somente cerca de uma dúzia pode produzir as alterações que levam à neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC).

Quais são os sinais18 e sintomas19 da neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

A neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) não gera sintomas19 específicos e só pode ser detectada por meio do exame ginecológico de rotina.

Como o médico diagnostica a neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

A neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) é identificada por exame microscópico20 de células7 do epitélio4 do colo do útero3 coradas pela técnica de Papanicolaou, que tanto detecta a presença de células7 atípicas como faz a classificação delas, baseada em alterações nucleares e citoplasmáticas. Algumas lesões10 podem ficar esbranquiçadas com a aplicação de ácido acético a 3-5% e serem iodo-negativas ante a aplicação tópica de solução de Lugol. Também se pode suspeitar de neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) por meio do exame colposcópico, mas o diagnóstico11 final só é estabelecido mediante biópsia21 cervical.

Como o médico trata a neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

A neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) não é um câncer8 e usualmente é curável. A maioria dos casos que estão no grau 1 permanece estável ou é eliminada pelo sistema imunológico22 do indivíduo, sem intervenção médica, embora uma pequena percentagem de casos evolui para um câncer8 cervical.

Nenhum tratamento é recomendado para o grau 1 da alteração com duração menor de dois anos e apenas deve ser mantido um monitoramento cuidadoso. A partir desse tempo, a alteração deve ser removida, por precaução. Nos graus 2 e 3 deve ser feita a remoção das células7 neoplásicas23 tão logo detectadas, por cauterização24 ou conização do colo do útero3.

Vacinas contra o HPV podem ser usadas na prevenção do vírus25.

Como evolui a neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC)?

A maioria das neoplasias2 intraepiteliais cervicais (NICs) de baixo grau, regride e não evolui para lesões10 mais graves, mas a neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) de maior intensidade (graus 2 e 3) apresenta alta probabilidade de progredir para neoplasia1 invasiva.

São apontados como fatores que aumentam o risco de neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC):

  • Infecção14 pelo HPV.
  • Imunodeficiência26.
  • Tornar-se mãe antes dos 17 anos.
  • Ter múltiplos parceiros sexuais.
  • Não utilização da camisinha nas relações sexuais.

Deve-se estar atento para o fato de que nem sempre há uma relação direta entre o grau da neoplasia1 intraepitelial cervical (NIC) e o câncer8 do colo do útero3, mas apenas de probabilidade. Tampouco a progressão das lesões10 obedece a uma sequência obrigatória grau 1, grau 2, grau 3 e elas podem, desde o início, apresentarem graus altos. O câncer8 do colo do útero3 pode surgir de um grau mínimo de alteração celular e graus maiores podem permanecer pré-malignos. Por essa razão, mesmos alterações grau 1, de longa duração (2 anos) devem ser removidas.

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic, da Mayo Clinic e do International Federation of Gynecologiy and Obstetrics.

ABCMED, 2013. Meu preventivo deu NIC. E agora, o que é isso?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/381569/meu-preventivo-deu-nic-e-agora-o-que-e-isso.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Neoplasia: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
2 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
3 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
4 Epitélio: Uma ou mais camadas de CÉLULAS EPITELIAIS, sustentadas pela lâmina basal, que recobrem as superfícies internas e externas do corpo.
5 Escamoso: Cheio ou coberto de escamas, ou seja, de pequenas lâminas epidérmicas que se desprendem espontaneamente da pele.
6 Displasia: Desenvolvimento ou crescimento anormal de um tecido ou órgão.
7 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
8 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
9 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
10 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
11 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
12 Colposcopia: Exame ginecológico auxiliar na visualização de lesões do colo uterino e da região genital feminina.
13 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
14 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Colo Uterino: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
16 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
17 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Microscópico: 1. Relativo à microscopia ou a microscópio. 2. Que se realiza com o auxílio do microscópio. 3. Visível somente por meio do microscópio. 4. Muito pequeno, minúsculo.
21 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
22 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
23 Neoplásicas: Que apresentam neoplasias, ou seja, que apresentam processo patológico que resulta no desenvolvimento de neoplasma ou tumor. Um neoplasma é uma neoformação de crescimento anormal, incontrolado e progressivo de tecido, mediante proliferação celular.
24 Cauterização: Queima ou coagulação de tecidos de diferentes órgãos para deter uma hemorragia ou eliminar um tecido de crescimento anormal.
25 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
26 Imunodeficiência: Distúrbio do sistema imunológico que se caracteriza por um defeito congênito ou adquirido em um ou vários mecanismos que interferem na defesa normal de um indivíduo perante infecções ou doenças tumorais.

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Comentários

24/02/2020 - Comentário feito por Sueli
Excelente matéria: linguagem objetiva, e...
Excelente matéria: linguagem objetiva, esclarecedora e completa. Ajudou-me muito a tirar muitas dúvidas. Obrigada.

09/06/2015 - Comentário feito por karla
Muito esclarecedor. Obrigada!
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21/07/2014 - Comentário feito por Sheila
Adorei essa matéria, obrigada! E parab&e...
Adorei essa matéria, obrigada! E parabéns a todos!

22/11/2013 - Comentário feito por sandra
Re: Meu preventivo deu NIC. E agora, o que é isso?
gostei de sabe sobre tudo do nic o meu deu 2 e ja tratei

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