Lábio leporino: o que saber sobre ele?
O que é o lábio leporino1?
Lábio leporino1, fenda palatina ou "goela de lobo" são denominações populares para o que cientificamente é chamado fissura2 labiopalatal. É uma abertura na região do lábio3 e/ou do palato4, ocasionada pelo não fechamento dessas estruturas durante a fase embrionária. O termo leporino refere-se à semelhança dessa anomalia com o focinho normalmente fendido de uma lebre. As fissuras5 labiopalatais, que podem ser uni ou bilaterais e variam desde formas leves e incompletas até formas mais graves e completas, começam sempre pela lateral do lábio3 superior, dividindo-o em dois segmentos. Essas fissuras5 podem restringir-se ao lábio3 ou estender-se à gengiva, maxilar superior6 e nariz7.
Quais são as causas do lábio leporino1?
Ainda não se conhecem integralmente as causas dessa anomalia. Sabe-se que ela tem um componente genético e que os seguintes fatores de risco podem estar envolvidos na sua manifestação:
- Deficiências nutricionais.
- Algumas doenças maternas.
- Uso de radiação, de certos medicamentos, de álcool ou fumo durante a gestação.
- Embora isso seja extremamente raro, o lábio leporino1 pode ocorrer em razão da sífilis8 não tratada.
Quais são os sinais9 e sintomas10 do lábio leporino1?
O sinal11 mais visível nas pessoas com lábio leporino1 são as fissuras5. Elas podem ser:
- Unilaterais e atingirem somente um lado do lábio3 ou bilaterais e afetarem os dois lados.
- Completas, quando atingem o lábio3 e o palato4, ou incompletas, quando atingem somente uma dessas estruturas.
- Atípicas, variando de formas leves até formas graves.
Pode acontecer que as fissuras5 de palato4 deixem o canal oral em contato com o nasal e que ocorram outras malformações12 anatômicas da face13 ou de outras regiões do corpo.
Quando a fenda se estende até o palato4, há maior risco de que o alimento seja aspirado, provocando infecções14, como otites15 ou outras. As otites15, por sua vez, podem causar prejuízos no desenvolvimento da fala e da linguagem. As anemias por deficiências alimentares também são frequentes nas fissuras5 labiopalatais.
Como o médico diagnostica o lábio leporino1?
Graças à ultrassonografia16, atualmente é possível diagnosticar essa anomalia a partir da 14ª semana de gestação, mas grande parte dos diagnósticos continua sendo realizada depois do parto, mediante o exame clínico.
Como o médico trata o lábio leporino1?
O tratamento do lábio leporino1 implica não em uma, mas em várias cirurgias. A primeira delas, do palato4 mole, já pode ser realizada aos três meses de idade da criança. Já a cirurgia de palato4 duro é realizada apenas quando a criança tenha completado um ano e meio de idade. Antes dela, a criança pode usar placas17 palatinas pré-moldadas, que facilitam a alimentação do bebê. Pode ser que a criança precise de um complemento alimentar, além do aleitamento materno18. Para que a criança não reflua alimento pelo nariz7, além das placas17 pré-moldadas devem ser desenvolvidas técnicas especiais de amamentação19:
- Segurar o bebê de modo que o nariz7 e a boca20 fiquem mais altos que o peito21.
- Preencher toda a abertura do lábio3 com o seio22.
- Apesar disso, alguns bebês23 necessitam ser alimentados artificialmente.
O tratamento sempre é longo, indo até os 17 ou 18 anos de idade e terminando com a consolidação dos ossos da face24. Por outro lado, deve envolver, nas diversas etapas, diversos profissionais, porque as fissuras5 labiopalatais não são alterações apenas estéticas, mas são também a causa de problemas de nutrição25, de distúrbios respiratórios, de fala e audição, de infecções14 crônicas, de alterações na dentição26 e de problemas emocionais.
Como prevenir as consequências do lábio leporino1?
Não há como prevenir de modo absoluto a ocorrência do lábio leporino1, mas é possível evitar os fatores externos tidos como desencadeantes. Algumas medidas podem aliviar os efeitos da anomalia.
O aleitamento materno18 deve ser mantido, porque além de seus benefícios gerais, fortalece a musculatura da face13 e da boca20.
De um modo geral, deve-se observar:
- A correção dessa anomalia admite diferentes condutas. Os pais devem escolher um médico de confiança e seguir as medidas aconselhadas por ele.
- Deve haver insistência em proceder-se ao aleitamento materno18, enquanto possível, mesmo que a criança apresente uma fenda orofacial.
- A primeira cirurgia em geral corrige praticamente todas as alterações. Se for necessária uma segunda cirurgia ela deve ser realizada antes dos 4 ou 5 anos.
- O fechamento da fenda até os 2 ou 3 anos de idade resulta em melhor prognóstico27 para as alterações da fala e da audição.
- O acompanhamento odontológico é extremamente importante para preservar a estrutura dentária e para assegurar a qualidade da alimentação dessas crianças, enquanto não fazem a cirurgia.
Como evolui o lábio leporino1?
Sem tratamento, as fissuras5 podem provocar sequelas28 graves, como a perda da audição, problemas de fala e déficit nutricional.
É possível a total reabilitação do paciente com fissura2 labiopalatal. Quanto mais cedo a intervenção, melhor será o resultado.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.