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Escala de Coma de Glasgow

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O que é o estado de coma1?

O coma2 é um estado de inconsciência3 do qual uma pessoa não pode ser despertada, deixa de responder normalmente a estímulos dolorosos, luminosos ou sonoros, não tem um ciclo normal de vigília-sono e não inicia ações voluntárias. Uma pessoa em estado de coma1 é dita comatosa. O coma2 pode ser um coma2 real, resultado de circunstâncias fora de controle (lesões4 cerebrais por trauma ou infecção5, por exemplo) ou um coma2 medicamente induzido, um meio pelo qual os médicos podem permitir que os ferimentos de um paciente se curem num ambiente controlado.

Para um paciente manter a consciência, dois importantes componentes neurológicos devem funcionar normalmente. O primeiro é o córtex cerebral, o outro, localizado no tronco cerebral6, é chamado de sistema de ativação reticular7 (ascendente). A lesão8 de um desses componentes ou de ambos é suficiente para levar o paciente ao coma2.

O coma2 pode ter diversos graus de gravidade (profundidade) desde um coma2 ligeiro e superficial, até um vegetativo e mortal. Esse nível de profundidade pode ser medido pela Escala de Coma2 de Glasgow, que também sugere um possível prognóstico9.

O que é a Escala de Coma2 de Glasgow?

A Escala de Coma2 de Glasgow é um método que visa fornecer, de uma maneira confiável e objetiva, dados para analisar o nível de consciência de um paciente. Ela foi instituída em 1974 por Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, professores de neurocirurgia do Instituto de Ciências Neurológicas da Universidade de Glasgow e atualizada pelo próprio Sir Teasdale em abril de 2018.

É um recurso muito útil para auxiliar no estabelecimento de um prognóstico9 da vítima e na prevenção de eventuais sequelas10. O objetivo da Escala é apontar a profundidade do dano neurológico e a duração da inconsciência3 e do coma2. Mais recentemente, ainda, o neurocirurgião e sua equipe publicaram um estudo acrescentando outro importante fator para ser medido na escala: a reatividade pupilar. Essa versão mais recente recebeu o nome de Escala de Coma2 de Glasgow com resposta pupilar (ECG-P).

O paciente é avaliado em relação aos critérios da Escala, e os pontos resultantes dão uma pontuação entre 3 (indicando inconsciência3 profunda) e 14 (escala original) ou 15 (escala revisada).

Quais são os usos da Escala de Coma2 de Glasgow?

A Escala de Coma2 de Glasgow deve ser aplicada por um profissional treinado. Foi inicialmente usada para avaliar o nível de consciência após um traumatismo11 cranioencefálico (TCE) e a escala é agora aplicada a todos os pacientes traumatizados. Atualmente, é usada nas Unidades de Terapia Intensiva12 (UTIs) de vários hospitais para avaliar o status do sistema nervoso central13 e no monitoramento de pacientes crônicos para apurar a evolução do quadro clínico.

A indicação inicial foi a avaliação seriada de pacientes com traumatismo11 cranioencefálico e coma2 por pelo menos seis horas, embora também seja comumente usada para avaliar a recuperação de pacientes com esse traumatismo11.

Saiba mais sobre "Traumatismos cranianos".

Em que consiste a Escala de Coma2 de Glasgow? 

A Escala de Coma2 de Glasgow (GCS) consiste em avaliar as respostas ocular, verbal e motora do paciente a determinados estímulos a que o paciente seja submetido e expressá-las em números, da seguinte maneira:

Resposta ocular:

  1. Sem abertura dos olhos14.
  2. Abertura dos olhos14 em resposta a um estímulo doloroso.
  3. Abertura dos olhos14 em resposta à fala.
  4. Abertura espontânea dos olhos14.

Resposta verbal:

  1. Nenhuma resposta verbal.
  2. Emite sons incompreensíveis, gemendo sem palavras.
  3. Emite palavras, mas elas são inapropriadas e sem troca.
  4. Confuso. Responde às perguntas de forma coerente, mas há algum grau de desorientação e confusão.
  5. Orientado. O paciente responde corretamente a perguntas como o nome, a idade, o ano, o mês, onde está e por que, etc.

Resposta motora:

  1. Nenhuma resposta motora.
  2. Posturas descerebradas acentuadas pela dor. Respostas extensoras.
  3. Posturas decorticadas acentuadas pela dor. Respostas flexoras.
  4. Retirada dos reflexos da dor.
  5. Localiza a dor.
  6. Obedece a comandos simples.

Elementos individuais, bem como a soma da pontuação são dados importantes na avaliação do quadro. Um exemplo hipotético mostra a forma como os resultados são expressos: "GCS 9 = E2 V4 M3 às 07:35". Geralmente, a lesão8 cerebral é classificada como:

  • Grave: GCS <8–9.
  • Moderada: GCS entre 9 a 12.
  • Menor: GCS ≥ 13.

Numa pontuação de 3 a 15, os comas podem ser classificados em:

  • 3 = estado vegetativo (85% de mortes).
  • 4 = coma2 profundo.
  • 7 = coma2 intermediário.
  • 11 = coma2 superficial.
  • 15 = normalidade.
Leia mais sobre "Concussão cerebral15", "Hematoma16 subdural" e "Amnésia17 global transitória".

 

ABCMED, 2018. Escala de Coma de Glasgow. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1320163/escala-de-coma-de-glasgow.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Estado de coma: Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte.
2 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
3 Inconsciência: Distúrbio no estado de alerta, no qual existe uma incapacidade de reconhecer e reagir perante estímulos externos. Pode apresentar-se em tumores, infecções e infartos do sistema nervoso central, assim como também em intoxicações por substâncias endógenas ou exógenas.
4 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
5 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Tronco Cerebral: Parte do encéfalo que conecta os hemisférios cerebrais à medula espinhal. É formado por MESENCÉFALO, PONTE e MEDULA OBLONGA.
7 Reticular: Dar formato de rede a alguma coisa ou guarnecer de retículo ou retícula.
8 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
9 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
10 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
11 Traumatismo: Lesão produzida pela ação de um agente vulnerante físico, químico ou biológico e etc. sobre uma ou várias partes do organismo.
12 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
13 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
14 Olhos:
15 Concussão cerebral: Perda imediata da consciência no momento de um trauma, mas recuperável em 24 horas ou menos e sem seqüelas. Acompanha-se de amnésia retrógrada e pós-traumática, isto é, o paciente não se recorda do trauma, dos momentos que o antecederam, nem de eventos imediatamente posteriores. Hoje a tendência é considerar a concussão como resultante de um grau leve de lesão axonal difusa.
16 Hematoma: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
17 Amnésia: Perda parcial ou total da memória.
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