Cirurgia da tireoide. Quando é necessário fazer?
O que é tireoide1?
A tireoide1 é uma glândula2 que está localizada na base do pescoço3, abaixo do “pomo de Adão”. Ela possui a forma de uma borboleta.
Esta glândula2 é responsável pela produção, armazenamento e liberação de hormônios tireoideanos para o organismo. Estes hormônios são conhecidos como T3 e T4. Há também a produção de calcitonina4, hormônio5 que contribui para levar cálcio para os ossos.
Quando é necessário fazer uma cirurgia na tireoide1?
A cirurgia de tireoide1 compreende procedimentos para ressecção de um nódulo6 separadamente, ressecção parcial (tireoidectomia parcial) ou retirada completa da glândula2 (tireoidectomia total).
A tireoidectomia total geralmente é realizada nos casos em que há nódulos tireoideanos com suspeita de malignidade, sinais7 de compressão ou desconforto no pescoço3, e quando há um problema estético gerado pelo aumento da glândula2 (bócio8).
Quais são os exames geralmente realizados nos casos de alterações da tireoide1?
Em primeiro lugar, o importante é consultar um endocrinologista9 que vai avaliar os dados da história clínica e realizar um exame físico, envolvendo a palpação10 da tireoide1.
Os exames complementares que podem ajudar na interpretação de alterações tireoideanas são:
- Exame de sangue11 com dosagem dos hormônios tireoideanos. Os hormônios mais solicitados são o TSH (hormônio5 tireoestimulante) e o T4 livre (tiroxina). Em alguns casos é necessária a dosagem de T3 (triiodotironina).
- Ultrassonografia12 da tireoide1: avalia a presença de nódulos tireoidianos13 dando informações sobre tamanho, localização na glândula2 e características dos nódulos, auxiliando decisões cirúrgicas. O Doppler associado ao ultrasson mostra a vascularização dos nódulos, o que ajuda na interpretação da malignidade ou não dos nódulos.
- Punção aspirativa com agulha fina (PAAF) guiada por ultrasson com biópsia14: realizado para saber se um nódulo6 é benigno ou maligno.
- Cintilografia15 da tireoide1: neste exame o paciente ingere um comprimido ou toma um líquido com pequena quantidade de iodo radioativo16 chamado I 131. Se houver alguma célula17 de tireoide1 presente, ela aparece como uma mancha no filme cintilográfico.
Todos os nódulos na tireoide1 precisam ser removidos com cirurgia?
Não. O tratamento depende dos resultados dos exames. Muitos nódulos são benignos e não precisam de cirurgia, apenas de acompanhamento clínico. Nódulos tireoideanos são muito frequentes, principalmente acima dos 50 anos de idade.
O que acontece depois de uma cirurgia da tireoide1?
Na maioria das vezes, após um procedimento cirúrgico na tireoide1 a única coisa necessária é uma reposição hormonal. Pode ser que uma pessoa que retirou apenas nódulos isoladamente nem precise fazer esta reposição e necessite apenas de um acompanhamento periódico dos níveis hormonais. É essencial dar continuidade às consultas pós-operatórias com um endocrinologista9 ou com um cirurgião de cabeça18 e pescoço3.
Uma cirurgia na tireoide1 pode levar à lesão19 de pequenas glândulas20, as paratireoides, que estão muito próximas da tireoide1. Estas glândulas20 regulam o metabolismo21 do cálcio na circulação22 e nos ossos. Em boa parte dos pacientes operados existe queda do cálcio no sangue11 com sintomas23 de formigamento, contração muscular e perda de cálcio nos ossos. A reposição de cálcio e de vitamina24 D deve ser avaliada por um médico.
Quando trata-se de um nódulo6 maligno, após a cirurgia para remoção da glândula2 e retirada dos gânglios linfáticos25 adjacentes acometidos pelo tumor26 (procedimento conhecido como "esvaziamento cervical"), os pacientes recebem iodo radioativo16 para destruir restos tumorais e restos de células27 sadias da tireoide1 que tenham permanecido no pescoço3. Após o procedimento, os pacientes deixam de produzir hormônios tireoidianos e apresentam hipotireoidismo28, necessitando de repor esses hormônios na forma de comprimidos ao longo de toda a vida.
A cirurgia tem riscos?
As cirurgias na tireoide1 têm índice baixo de complicações (0,4 a 5%), mas como qualquer outra intervenção cirúrgica, envolve riscos.
Os riscos mais comuns são:
- Alterações da voz (ocorre por lesão19 do nervo laríngeo recorrente devido a sua proximidade com a glândula2 tireoide1, este nervo é responsável pelos movimentos das cordas vocais29).
- Hematoma30 (pode haver um acúmulo de sangue11 no local da cirurgia dando origem a um hematoma30, cursa com dor e dificuldade para respirar. Precisa ser avaliado imediatamente pelo cirurgião que realizou a intervenção. Às vezes é necessária uma nova cirurgia de urgência31).
- Hipocalcemia32 (ocorre por lesão19 nas paratireoides ou retirada total da tireoide1).
- Cicatriz33 no local da cirurgia (na maioria das vezes as cicatrizes34 são discretas, mas em pessoas com tendência à formação de queloide35 a cicatriz33 cirúrgica pode ser uma complicação estética. A exposição direta ao sol deve ser evitada por um período de até 4 meses após a cirurgia).
Todas as pessoas que irão fazer uma cirurgia de tireoide1 devem estar cientes destes riscos.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça18 e Pescoço3 - SBCCP
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.