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Retardo mental: o que é? Tem como ser prevenido?

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O que é retardo mental?

Fala-se que um indivíduo tem um retardo mental quando a sua capacidade intelectual é significativamente inferior àquela tida como normal, levando a restrições significativas de suas habilidades adaptativas. O transtorno normalmente está presente desde o nascimento, manifestando-se antes dos 18 anos de idade. Esta condição é irreversível, caracterizada pela dificuldade ou incapacidade de desenvolver uma comunicação normal, uma vida doméstica autônoma, dificuldades de relacionamentos interpessoais sociais simples, ausência de autossuficiência mesmo com os cuidados pessoais, habilidades limitadas para aprender e um mínimo de relação e sensibilidade comunitária. O quociente de inteligência1 (QI2) fica abaixo de 70, podendo ser muito menor, na dependência da gravidade do problema.

O retardo mental costuma ser classificado segundo o seu nível de profundidade em:

  • Retardo mental leve: QI2 entre 50 e 69.
  • Retardo mental moderado: QI2 entre 35 e 49.
  • Retardo mental severo: QI2 entre 20 e 40.
  • Retardo mental profundo: QI2 inferior a 20.

Pessoas com um QI2 entre 70 e 84, embora tenham uma inteligência baixa, não são consideradas retardadas.

Quais são as causas do retardo mental?

O retardo mental pode ser congênito3 ou adquirido. Entre as condições genéticas, devido a erros cromossomiais, estão a síndrome de Down4 e a fenilcetonúria5, por exemplo. Várias condições da mãe durante a gestação, como o uso de certas drogas (lícitas ou ilícitas6), consumo excessivo de álcool, radioterapia7, má nutrição8 e doenças como a toxoplasmose9, a infecção10 por citomegalovírus11, a rubéola12, a sífilis13 e a AIDS podem contribuir para o retardo mental da criança. Da mesma forma, o baixo peso ao nascer, as dificuldades durante o trabalho de parto, traumatismos ou baixa concentração de oxigênio durante o parto podem lesar o sistema nervoso14 e causar retardo mental, que também pode ser causado após o nascimento por enfermidades ou condições que afetem a integridade do cérebro15 (meningites16, encefalites17, catapora18, sarampo19, intoxicações, traumas, etc). A desnutrição20 e a falta extrema de experiências culturais e ambientais existentes em ambientes muito primitivos também podem causar retardo mental. Em muitas situações, a causa do retardo mental em um caso específico permanecerá desconhecida.

Quais são os sinais21 e sintomas22 do retardo mental?

Os sinais21 e sintomas22 do retardo mental dependem da profundidade do transtorno e do nível de exigências feito pelo ambiente sobre o indivíduo. Pessoas com retardos mentais leves podem levar uma vida relativamente normal, mostrando apenas, desde crianças, uma maior lentidão em seus aprendizados ou impossibilidade de adquirir aprendizados de alta complexidade. Chegam a ler e escrever e compreender textos e são capazes de uma vida autônoma, embora simplória. As pessoas com retardos mentais profundos não são capazes de aprender e de se adaptarem às situações e nem mesmo conseguem ter cuidados corporais mínimos. Dependem, para tudo, de outra pessoa. Entre esses extremos, existe uma grande variação.

Como o médico diagnostica o retardo mental?

O diagnóstico23 da existência de um retardo mental pode necessitar de testes cognitivos24 sofisticados ou ser tão evidente que se capta à primeira impressão. O teste mais conhecido é o de QI2 (quociente de inteligência1), que avalia a relação entre o desempenho intelectual e a idade cronológica da pessoa. O diagnóstico23 da natureza do retardo mental deve começar por uma detalhada história clínica e exame físico. Tanto devem ser reconhecidas as causas da deficiência, como os déficts e potencialidades da pessoa em causa. No entanto, mais importante que determinar o valor numérico do QI2 (embora isso também deva ser feito) é determinar as habilidades de comunicação e de relacionamento interpessoal e o nível em que é possível levar uma vida doméstica autossuficiente, bem como as habilidades para o estudo, trabalho e lazer, uma vez que dois deficientes com o mesmo QI2 podem ser muito diferentes quanto a esses tópicos. Por outro lado, o médico deve ter em conta que ao examinar uma pessoa com retardo mental encontrará vários sinais21 e sintomas22 das enfermidades que a causaram.

Como o médico trata o retardo mental?

O retardo mental em si mesmo é irreversível, no entanto, algumas medidas devem ser adotadas com relação à pessoa retardada, na dependência do grau de profundidade do problema, indo desde um apoio intermitente25, reservado só para situações específicas e mais complexas, até um apoio intensivo e constante, em todas as áreas da vida da pessoa com retardo mental. É importante não subestimar as capacidades da pessoa com retardo mental, porque a falta de estímulos pode fazer as deficiências parecerem maiores do que de fato são.

Como prevenir o retardo mental?

A mãe deve evitar todas as situações que agridam a evolução normal da gestação e causem dificuldades especiais para o parto, o que mostra a importância de acompanhamento médico nesses momentos.

O pediatra deve proceder a testes para diagnosticar enfermidades que levam ao retardo mental, como a fenilcetonúria5, por exemplo, porque desde que diagnosticadas e tratadas precocemente, podem evitar esse desfecho.

Como evolui o retardo mental?

O retardo mental é estável, desde o seu estabelecimento.

A expectativa de vida26 das pessoas com retardo mental tende a ser mais curta que a das demais pessoas, seja por motivos biológicos, seja porque elas têm menores capacidades defensivas ante as agressões da vida.

ABCMED, 2012. Retardo mental: o que é? Tem como ser prevenido?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/319850/retardo-mental-o-que-e-tem-como-ser-prevenido.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Quociente de inteligência: O QI é utilizado para dimensionar a inteligência humana em relação à faixa etária a que um sujeito pertence. Em 1905, os franceses Alfred Binet e Theodore Simon desenvolveram uma ferramenta para avaliar os potenciais cognitivos dos estudantes, tentando detectar entre eles aqueles que precisavam de um auxílio maior de seus mestres, criando a Escala de Binet-Simon. Outros estudiosos aperfeiçoaram esta metodologia. William Stern foi quem, em 1912, propôs o termo QI. O Quociente de Inteligência é a razão entre a Idade Mental e a Cronológica, multiplicada por 100 para se evitar a utilização dos decimais. Seguindo-se este indicador, é possível avaliar se um infante é precoce ou se apresenta algum retardamento no aprendizado. Os que apresentam o quociente em torno de 100 são considerados normais, os acima deste resultado revelam-se precoces e os que alcançam um valor mais inferior (cerca de 70) são classificados como retardados. Uma alta taxa de QI não indica que o indivíduo seja mentalmente são, ou mesmo feliz, e também não avalia outros potenciais e capacidades, tais como as artísticas e as de natureza espiritual. O QI mede bem os talentos linguísticos, os pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos, a facilidade de abstração em construções teóricas, o desenvolvimento escolar, o saber acadêmico acumulado ao longo do tempo. Os grandes gênios do passado, avaliados dessa forma, apresentavam uma taxa de aproximadamente 180, o que caracteriza um superdotado.
2 QI: O QI é utilizado para dimensionar a inteligência humana em relação à faixa etária a que um sujeito pertence. Em 1905, os franceses Alfred Binet e Theodore Simon desenvolveram uma ferramenta para avaliar os potenciais cognitivos dos estudantes, tentando detectar entre eles aqueles que precisavam de um auxílio maior de seus mestres, criando a Escala de Binet-Simon. Outros estudiosos aperfeiçoaram esta metodologia. William Stern foi quem, em 1912, propôs o termo “QI“. O Quociente de Inteligência é a razão entre a Idade Mental e a Cronológica, multiplicada por 100 para se evitar a utilização dos decimais. Seguindo-se este indicador, é possível avaliar se um infante é precoce ou se apresenta algum retardamento no aprendizado. Os que apresentam o quociente em torno de 100 são considerados normais, os acima deste resultado revelam-se precoces e os que alcançam um valor mais inferior (cerca de 70) são classificados como retardados. Uma alta taxa de QI não indica que o indivíduo seja mentalmente são, ou mesmo feliz, e também não avalia outros potenciais e capacidades, tais como as artísticas e as de natureza espiritual. O QI mede bem os talentos linguísticos, os pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos, a facilidade de abstração em construções teóricas, o desenvolvimento escolar, o saber acadêmico acumulado ao longo do tempo. Os grandes gênios do passado, avaliados dessa forma, apresentavam uma taxa de aproximadamente 180, o que caracteriza um superdotado.
3 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
4 Síndrome de Down: Distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais, por isso é também conhecida como “trissomia do 21”. Os portadores desta condição podem apresentar retardo mental, alterações físicas como prega palmar transversa (uma única prega na palma da mão, em vez de duas), pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa.
5 Fenilcetonúria: A Fenilcetonúria é uma doença genética caracterizada pelo defeito ou ausência da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH). Esta proteína catalisa o processo de conversão da fenilalanina em tirosina. A tirosina está envolvida na síntese da melanina. Esta doença pode ser detectada logo após o nascimento através de triagem neonatal (conhecida como Teste do Pezinho). Nesta doença, alguns alimentos podem intoxicar o cérebro e causar um quadro de retardo mental irreversível. As crianças que nascem com ela têm um problema digestivo no fígado. Há um odor corporal forte e vômitos após as refeições. Seu tratamento consiste em retirar a fenilalanina da alimentação por toda a vida.
6 Ilícitas: 1. Condenadas pela lei e/ou pela moral; proibidas, ilegais. 2. Qualidade das que não são legais ou moralmente aceitáveis; ilicitude.
7 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
8 Má nutrição: Qualquer transtorno da alimentação tanto por excesso quanto por falta da mesma.A qualidade dos alimentos deve ser balanceada de acordo com as necessidades fisiológicas de cada um.
9 Toxoplasmose: Infecção produzida por um parasita unicelular denominado Toxoplasma gondii. Este parasita cumpre um primeiro ciclo no interior do tubo digestivo de certos animais domésticos como o gato. A infecção é produzida ao ingerir alimentos contaminados e pode ocasionar graves transtornos durante a gestação e em pessoas imunossuprimidas.
10 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
11 Citomegalovírus: Citomegalovírus (CMV) é um vírus pertence à família do herpesvírus, a mesma dos vírus da catapora, herpes simples, herpes genital e do herpes zóster.
12 Rubéola: Doença infecciosa imunoprevenível de transmissão respiratória. Causada pelo vírus da rubéola. Resulta em manifestações discretas ou é assintomática. Quando ocorrem, as manifestações clínicas mais comuns são febre baixa, aumento dos gânglios do pescoço, manchas avermelhadas na pele, 70% das mulheres apresentam artralgia e artrite. Geralmente tem evolução benigna, é mais comum em crianças e resulta em imunidade permanente. Durante a gravidez, a infecção pelo vírus da rubéola pode resultar em aborto, parto prematuro e mal-formações congênitas.
13 Sífilis: Doença transmitida pelo contato sexual, causada por uma bactéria de forma espiralada chamada Treponema pallidum. Produz diferentes sintomas de acordo com a etapa da doença. Primeiro surge uma úlcera na zona de contato com inflamação dos gânglios linfáticos regionais. Após um período a lesão inicial cura-se espontaneamente e aparecem lesões secundárias (rash cutâneo, goma sifilítica, etc.). Em suas fases tardias pode causar transtorno neurológico sério e irreversível, que felizmente após o advento do tratamento com antibióticos tem se tornado de ocorrência rara. Pode ser causa de infertilidade e abortos espontâneos repetidos.
14 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
15 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
16 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
17 Encefalites: Inflamação do tecido encefálico produzida por uma infecção viral, bacteriana ou micótica (fungos).
18 Catapora: Doença infecciosa aguda, comum na infância, também chamada de varicela. Ela é provocada por vírus e caracterizada por febre e erupção maculopapular rápida, seguida de erupção de vesículas eritematosas muito pruriginosas.
19 Sarampo: Doença infecciosa imunoprevenível, altamente transmissível por via respiratória, causada pelo vírus do sarampo e de imunidade permanente. Geralmente ocorre na infância, mas pode afetar adultos susceptíveis (não imunes). As manifestações clínicas são febre alta, tosse seca persistente, coriza, conjuntivite, aumento dos linfonodos do pescoço e manchas avermelhadas na pele. Em cerca de 30% das pessoas com sarampo podem ocorrer complicações como diarréia, otite, pneumonia e encefalite.
20 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
21 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
24 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
25 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
26 Expectativa de vida: A expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permaneçam as mesmas ao longo de sua vida.
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Comentários

03/10/2013 - Comentário feito por janira
Re: Retardo mental: o que é? Tem como ser prevenido?
EU ENTENDO POR RETARDO MENTAL, A PESSOA VÊ UMA SITUAÇÃO DE UMA MANEIRA NORMAL COMO REALMENTE É A SITUAÇÃO, SÓ QUE A PESSOA NÃO TRANSMITE DE IMEDIATO O QUE ELA VIU COM OS OLHOS PARA A CONSCIÊNCIA .

30/08/2013 - Comentário feito por ivone
Re: Retardo mental: o que é? Tem como ser prevenido?
gostei bastantre do assunto

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