Ectoparasitas humanos: piolhos, carrapatos, pulga, sarna, chato e larva migrans
O que são parasitas?
Os parasitas, também chamados parasitos, são seres que vivem “às custas” de outros para atender às suas necessidades naturais, sobretudo de alimentação. Trata-se de uma relação entre espécies vivas diferentes em que apenas um dos lados (o do parasita1) é beneficiado, e o outro (o do hospedeiro) é prejudicado em sua plenitude, sem, contudo, ser levado à morte.
Os parasitas vivem em associação com o corpo do hospedeiro, seja externamente, seja internamente. Há três tipos de parasitas:
- Os obrigatórios, que somente sobrevivem às custas de parasitar outros seres.
- Os facultativos, que podem também viver uma vida livre, independente do hospedeiro.
- Os protelianos, que são obrigatórios em sua fase larval, mas se tornam facultativos quando chegam à fase adulta.
O que são ectoparasitas?
Os seres que parasitam aspectos internos do corpo do hospedeiro são chamados de endoparasitas e os que parasitam superfícies externas do corpo são ditos ectoparasitas. Por exemplo: no homem, as lombrigas e as tênias são endoparasitas; os piolhos e os carrapatos são ectoparasitas. Esse artigo tratará especificamente desses últimos.
Leia sobre: "As doenças transmitidas por carrapatos", "Os animais que mais matam no mundo" e "As picadas dos pernilongos".
Quais são os principais ectoparasitas humanos?
As ectoparasitoses humanas são doenças infecciosas muito comuns, principalmente em comunidades carentes, com grandes aglomerações de pessoas e más condições de habitação e higiene. Elas podem estar associadas a uma morbidade2 considerável e causar muito incômodo e angústia nas pessoas afetadas.
A prevalência3 normal dessas doenças na população geral é baixa, mas pode ser extremamente alta em grupos vulneráveis, onde os meios de controle de algumas delas são escassos e pouco eficientes.
O tratamento medicamentoso em massa da maioria delas é relativamente fácil e de baixo custo, no entanto, as medidas necessárias para controlá-las são mais complexas: educação para a saúde4, saneamento básico, melhorias da condição habitacional, etc.
Os principais ectoparasitas humanos são:
Piolho
A infestação5 pelo piolho é chamada pediculose e ocorre nas regiões pilosas do corpo. Há dois tipos de piolhos que podem acometer o ser humano: (1) Pediculus humanus corporis, que pode afetar as regiões pilosas de todo o corpo humano6 e o (2) Pediculus humanus capitis, que afeta apenas o couro cabeludo, podendo, ambos, serem agentes de doenças.
O piolho do couro cabeludo, mais frequente, aderece-se à raiz do cabelo7, onde se alimenta de sangue8 e põe seus ovos (chamados lêndeas), reproduzindo-se com impressionante celeridade. Comumentemente causa coceira intensa, feridas causadas pelo ato de coçar, marcas visíveis deixadas pelas picadas e ínguas e, nos casos mais graves, infecções9 secundárias.
As crianças, que são a maioria das pessoas infestadas, podem apresentar baixo desempenho escolar por dificuldade de concentração, em consequência do prurido10 contínuo e de distúrbios do sono. Crianças com infestação5 massiva e duradora também podem desenvolver anemia11 devido a que o piolho se alimenta de sangue8, espoliando o organismo.
A principal via de transmissão ocorre de cabeça12 a cabeça12.
O piolho do corpo é bem menos frequente e causa menos transtornos.
Eliminar os piolhos e as lêndeas não é muito complicado. Em geral, o tratamento recomendado será à base de inseticidas de uso local. Depois da aplicação, é indispensável o uso de pente fino para retirar as lêndeas, pois os medicamentos não as eliminam. No caso do piolho do corpo, como ajuda ao tratamento, a desinfestação13 apropriada das roupas é medida suficiente na maioria dos casos.
Carrapatos
Existem no mundo mais de 60 espécies de carrapatos, que tanto parasitam o homem como outros animas, alimentando-se de sangue8. Um certo número deles é infectado por vírus14, bactérias ou protozoários15, e pode transmitir esses organismos a seus hospedeiros. Nos humanos, esses parasitas infectados podem causar desde pequenas manifestações alérgicas, em que a pessoa tem escoriações16 e manchas vermelhas pelo corpo, até algumas doenças graves, como a febre17 maculosa ou a doença de Lyme, que podem levar à morte.
A picada do carrapato em geral não é sentida porque sua saliva contém substâncias com efeito anestésico. No máximo, pode haver uma leve coceira, de natureza alérgica. O tratamento para picadas de carrapatos é específico para a bactéria18 de onde a pessoa estiver. No caso de haver a contaminação do ambiente (um gramado, por exemplo) é aconselhável fazer a dedetização do ambiente com produtos apropriados.
No caso de sintomas19 alérgicos à mordida do carrapato, o tratamento deve ser feito com antialérgico. A retirada do carrapato eventualmente encontrado no corpo deve ser feita com uma pinça, girando-o e puxando-o para fora da pele20, para evitar que algumas pequenas estruturas do carrapato fiquem na pele20 e causem reação alérgica21.
Bicho de pé
A tungíase é causada pela penetração e subsequente hipertrofia22 (crescimento) da fêmea grávida da pulga Tunga penetrans (bicho de pé) na epiderme23 do hospedeiro. As áreas preferenciais de penetração desse tipo de pulga no homem são as áreas interdigitais dos pés. A fêmea grávida penetra na pele20 com a sua cabeça12 e libera seus ovos para o exterior, e a infestação5 ocorre quando o indivíduo pisa no solo contaminado sem proteção nos seus pés.
Complicações comuns incluem a infecção24 bacteriana secundária, a perda de unha e a deformação de dígitos. Animais domésticos, os porcos de meio rural e os ratos são reservatórios importantes. Não se conhece nenhuma quimioterapia25 eficaz para eliminar pulgas penetradas em seres humanos ou animais, e o tratamento atual consiste na retirada das pulgas penetradas e no tratamento de eventuais infecções9 secundárias com antibióticos.
Sarna26
Também chamada escabiose27 humana, é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei hominis. A sarna26 é uma doença contagiosa28 e se espalha rapidamente por meio do contato físico nas famílias, escolas, casas de repouso e outros lugares de aglomeração de pessoas. A transmissão ocorre principalmente por contato direto, inclusive sexual. Condições socioeconômicas precárias, aglomerações, não aderência aos tratamentos e o desenvolvimento de resistência medicamentosa são os grandes responsáveis pela manutenção de altas taxas de prevalência3 em populações carentes.
O intenso prurido10 cutâneo29 que causa é motivado por uma reação alérgica21 a produtos metabólicos do ácaro e quase sempre leva a uma infecção24 secundária. O tratamento consiste em matar os ácaros e seus ovos com um medicamento aplicado do pescoço30 para baixo ou com medicamentos orais. A glomerulonefrite31 aguda também foi relatada como uma complicação séria associada à escabiose27.
“Chato” ou ftiríase
É causada pelo parasita1 Pthirus pubis32. Ele também é conhecido como piolho-da-púbis32, piolho-caranguejo, carango e piolho-ladro. A biologia desse parasita1 é semelhante à do piolho do couro cabeludo, sendo que ele normalmente se instala no pelo da região púbica e só em casos excepcionais atinge outras partes do corpo, como a barba, os cílios33, os pelos axilares e mesmo o couro cabeludo.
Ele passa toda sua vida infestando pelos humanos e alimentando-se exclusivamente de sangue8. A transmissão ocorre por contato físico muito próximo, principalmente contato sexual. O tratamento é feito com a aplicação de loções à base de benzoato de benzina no local infestado pelo parasita1.
Larva migrans
A larva migrans é causada pela penetração de larvas de ancilostomídeos, normalmente oriundos de cães e gatos, na pele20 do homem. A infestação5 ocorre após contato com solo contaminado com as fezes desses animais. A larva tem esse nome porque continua migrando na epiderme23 durante várias semanas, mas a infestação5 no homem é autolimitada porque as larvas não continuam a se desenvolver nele, que é apenas seu hospedeiro acidental.
O tratamento periódico de cães e gatos domésticos com anti-helmínticos é indispensável para o controle dessa ectoparasitose. O tratamento do indivíduo acometido consiste na aplicação tópica de anti-helmínticos e, se necessário, estes medicamentos também podem ser prescritos por via oral.
Veja também sobre "Miíase34, berne ou bicheira", "Pediculose" e "Exame parasitológico de fezes".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do Ministério da Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.