Síndromes mono-like
O que são síndromes mono-like?
O termo “síndrome mono-like” descreve quadros clínicos com sinais1 e sintomas2 muito semelhantes aos da mononucleose infecciosa3, mas de etiologias diferentes e que representam um importante diagnóstico4 diferencial com ela.
O que é a mononucleose infecciosa3?
A mononucleose infecciosa3 é uma doença causada pela infecção5 pelo vírus6 Epstein-Barr, em que o sangue7 apresenta um número aumentado de leucócitos8 com atipias. O vírus6 é contraído principalmente pela saliva, mas também pode ser adquirido através da ingestão de alimentos contaminados ou louças mal lavadas.
A doença manifesta-se de forma aguda e benigna, tendo uma taxa de mortalidade9 excepcionalmente baixa. Incide mais entre jovens de 15 a 25 anos e, como é transmitida principalmente pela saliva, também é conhecida como “doença do beijo”.
Seus sintomas2 são inespecíficos e, por vezes, passam despercebidos. Estima-se que cerca de 60% dos adultos têm ou tiveram essa infecção5, mas a maioria desconhece esse fato. Os sintomas2 mais comuns da mononucleose10 são febre11 alta, sono em excesso, falta de apetite e de sede, aumento de volume de gânglios12 do pescoço13 e das axilas, dor de garganta14 e ao engolir e comprometimento do fígado15, baço16 e medula óssea17.
Quais são as causas das síndromes mono-like?
As principais etiologias das síndromes mono-like relacionam-se com infecções18 recentes por outros vírus6 que não o Epstein Barr (10% dos casos), como o Citomegalovírus19, o Toxoplasma gondii, o vírus6 da imunodeficiência20 humana, o herpesvírus humano tipo 6, o herpes simplex tipo 1, o adenovírus e o vírus6 da hepatite21 B, além de outros agentes com o Trypanosoma cruzi e certas espécies de Bartonellas. Algumas drogas também podem induzir uma síndrome22 de mononucleose10 com linfocitose atípica, principalmente alguns anticonvulsivantes e antibióticos.
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Quais são as características clínicas das síndromes mono-like?
As síndromes mono-like caracterizam-se por sinais1 e sintomas2 muito parecidos ou idênticos aos da mononucleose infecciosa3, que pode ser caracterizado por linfadenopatia generalizada de instalação aguda ou subaguda23, a qual pode se fazer acompanhar de outros sinais1 e sintomas2, dependendo de sua etiologia24, tais como: febre11, faringite25, esplenomegalia26, erupções cutâneas27, fadiga28 e anormalidades hematológicas.
Algumas das principais síndromes são:
- Citomegalovírus19: representa cerca de 7% de todas as síndromes infecciosas de mononucleose10. Causa uma infecção5 assintomática no início da vida, na maioria dos indivíduos e, então, o vírus6 fica adormecido e permanece dentro do hospedeiro por toda a vida, podendo se reativar em ocasiões de baixa imunidade29 e causar danos significativos ao organismo, incluindo colite30, retinite e pneumonite31. Sua transmissão também se dá principalmente pelo contato com a saliva, mas também por meio das secreções cervicais e vaginais, sêmen32, leite materno, lágrimas, urina33, fezes e sangue7. As principais diferenças com a mononucleose infecciosa3 são que as transaminases elevadas são mais frequentes do que na mononucleose10 (92%) e os sinais1 e sintomas2 são menos graves.
- Toxoplasma gondii: é um protozoário34 que pode causar uma síndrome22 mono-like em indivíduos imunocompetentes. É comum causar doenças através do contato com fezes de gato. Além disso, as pessoas também podem ser infectadas pela ingestão de cistos em carne mal cozida. Em gestantes, pode causar uma síndrome22 congênita35 caracterizada por danos ao sistema nervoso36 do feto37. As principais diferenças com a mononucleose infecciosa3 está em que a sua prevalência38 é muito menor do que ela. Em indivíduos saudáveis nem sempre é necessário diferenciar a toxoplasmose39 da mononucleose10, pois ambas são autolimitadas. Na gravidez40, o diagnóstico4 de toxoplasmose39 assume maior importância devido ao risco de danos ao feto37.
- Vírus6 da imunodeficiência20 humana (síndrome22 retroviral aguda): causada por infecção5 primária com HIV41. Em 90% dos pacientes, a síndrome22 se desenvolve dentro de 6 meses após a aquisição do vírus6. O teste de triagem mais comum (ELISA) muitas vezes é negativo, porque os anticorpos42 para o HIV41 geralmente não são detectáveis durante as primeiras duas semanas. As principais diferenças com a mononucleose infecciosa3 são que a erupção43 cutânea44 maculopapular45 começa no rosto e parte superior do peito46, se espalha para as extremidades e envolve as palmas das mãos47 e as solas dos pés. A linfadenopatia, além de cervical, também pode envolver os nódulos axilares ou occipitais. As ulcerações48 mucocutâneas, que podem ser vistas na boca49, no pênis50 ou no ânus51, ocorrem frequentemente, mas nunca são vistas na mononucleose infecciosa3.
- Vírus6 herpes humano tipo 6: é extremamente comum, sendo conhecido por causar a chamada sexta doença ou exantema52 subitum, na infância, que se caracteriza por uma erupção43 cutânea44 maculopapular45. A sorologia pode ser usada para diagnóstico4, embora o IgM anti-HHV-6 possa ser encontrado circulando no soro53 a qualquer momento em 5% dos adultos saudáveis, levando a um diagnóstico4 falso-positivo de infecção5 aguda. O DNA PCR54 também pode ser usado para diagnóstico4, pois é altamente sensível e específico. As principais diferenças com a mononucleose infecciosa3 residem em que a maioria dos outros sinais1 e anormalidades laboratoriais não estão presentes, como, por exemplo, elevação das transaminases e esplenomegalia26.
- Infecção5 por adenovírus: é conhecida por causar infecções18 do trato respiratório e conjuntivite55 em hospedeiros com baixa imunidade29 (especialmente crianças), bem como cistite56 hemorrágica57, pneumonite31 e colite30 em hospedeiros com imunidade29 comprometida. Além disso, pode causar uma síndrome22 mono-like mesmo em adultos saudáveis. As principais diferenças dela com a mononucleose infecciosa3 são que incluem conjuntivite55, traqueobronquite58 ou pneumonia59 atípica e a maioria dos sinais1 e anomalias laboratoriais não estão presentes, como, por exemplo, elevação das transaminases e esplenomegalia26.
- Infecção5 pelo vírus6 herpes simplex tipo 1 (HSV-1): pode apresentar-se de forma semelhante à mononucleose infecciosa3, mas as principais diferenças com ela é que a maioria dos outros sinais1 e anormalidades laboratoriais não estão presentes, como, por exemplo, elevação das transaminases e esplenomegalia26.
- Faringite25 por estreptococos: é causada por uma espécie de estreptococo que produz dor de garganta14, especialmente entre crianças. O padrão-ouro para o diagnóstico4 é a cultura da garganta14. No entanto, testes rápidos de antígeno60 estreptocócico também são amplamente utilizados. As principais diferenças com a mononucleose infecciosa3 também estão em que a maioria dos outros sinais1 e anormalidades laboratoriais não estão presentes e, além disso, classicamente causa odinofagia61 mais grave do que na mononucleose infecciosa3.
Como o médico diagnostica as síndromes mono like?
Além dos sinais1 e sintomas2 típicos, a síndrome22 mono-like pode ser diagnosticada com a ajuda de exames laboratoriais. A alteração hematológica característica da mononucleose infecciosa3 e das síndromes mono-like é a linfocitose absoluta (mais de 4500 linfócitos/mm³) ou relativa (maior que 50% da taxa normal) com presença de cerca de 10% de linfócitos atípicos no esfregaço periférico de sangue7.
Esses achados podem não ser encontrados nos primeiros dias de infecção5 e, por isso, o hemograma deve ser repetido após alguns dias de febre11. Frente à dúvida diagnóstica entre a mononucleose10 e uma outra infecção5 pelos agentes das síndromes mono-like, o hemograma pode ser um teste diferencial útil para o médico, embora outras infecções18 não relacionadas a essa síndrome22 também possam apresentar-se com atipia no hemograma como, por exemplo, a dengue62 e a rubéola63.
Como o médico trata as síndromes mono like?
Na maioria dos casos (quase a totalidade), as síndromes mono-like são autorresolutivas e a recuperação ocorre normalmente dentro de duas a quatro semanas podendo, em alguns casos mais raros, durar até 120 dias. Os cuidados terapêuticos devem ser dirigidos fundamentalmente aos sintomas2 e envolvem repouso, líquidos, analgésicos64 e antitérmicos65.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.