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Intolerâncias alimentares

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O que são intolerâncias alimentares?

Intolerância alimentar é uma expressão ampla, usada para descrever uma vasta gama de reações adversas do corpo a determinados alimentos que não conseguem ser digeridos por ele. Desta forma, o alimento não digerido continua no estômago1, resultando em diversos sintomas2 que causam mal-estar no indivíduo.

A intolerância alimentar não deve ser confundida com a alergia3 alimentar, um quadro muito mais grave, que envolve uma reação do sistema imunológico4.

Existem diversos tipos de intolerâncias alimentares, sendo que as mais comuns são a intolerância ao glúten5 (uma proteína do trigo) e à lactose6 (açúcar7 do leite), existente, principalmente, no leite de vaca e derivados. Geralmente a intolerância alimentar se dá pela ausência de enzimas no organismo responsáveis por digerir e absorver o produto ao qual a pessoa é intolerante.

Saiba mais sobre "Como acontece a alergia3 alimentar" e "Alergia3 a camarão".

Quais são as características clínicas das principais intolerâncias alimentares?

  1. A intolerância à lactose6 é um exemplo de deficiência enzimática que ocorre quando as pessoas nascem sem a enzima8 lactase ou se a lactase presente é insuficiente para digerir a lactose6 contida no leite de vaca e em outros produtos lácteos. Isso pode resultar em inchaço9 abdominal, gases intestinais que determinam flatulência, dor de estômago1 e diarreia10 após a ingestão de laticínios. A condição é desconfortável, mas não perigosa.
  2. A doença celíaca não é uma alergia3, mas envolve uma resposta do sistema imunológico4 aos alimentos que contêm glúten5, presente em alimentos como pães, massas, doces, cervejas, entre outros. Quando cereais contendo glúten5 (como o trigo) são consumidos, ocorre inflamação11 do intestino, resultando em má absorção de nutrientes. Os principais sintomas2 são distúrbios intestinais, fadiga12, anemia13 ou perda de peso. A intolerância não celíaca ao glúten5 é uma doença mais recentemente reconhecida que pode causar sintomas2 como distúrbios abdominais e outros como mal-estar e cansaço. O mecanismo dessa intolerância ainda não é inteiramente conhecido.
  3. O glutamato monossódico foi originalmente isolado de algas marinhas em 1908 por um químico japonês. Os glutamatos também ocorrem naturalmente em alimentos como queijo camembert, queijo parmesão, tomate, molho de soja e cogumelos. Ele estimula as terminações nervosas e pode ser por isso que é usado como intensificador de sabor quando adicionado à comida.
  4. As aminas vasoativas, como a tiramina, a serotonina e a histamina14 são desencadeadoras bem conhecidas das enxaquecas15 em algumas pessoas. Elas estão presentes naturalmente no abacaxi, banana, carne assada, vegetais, vinho tinto, vinho branco amadurecido em madeira, abacate, chocolate, frutas cítricas e queijo curado. As aminas podem agir diretamente em pequenos vasos sanguíneos16 para expandir sua capacidade. Pode ser por isso que elas são capazes de causar rubor, enxaqueca17 e congestão nasal em algumas pessoas.
  5. Os salicilatos são compostos naturais semelhantes aos da aspirina, presentes em uma ampla variedade de ervas, especiarias, frutas e vegetais. As reações aos salicilatos podem ser ainda mais comuns do que as reações aos corantes e conservantes artificiais. A aspirina pode causar urticária18 ao agir diretamente sobre os mastócitos19 da pele20 e, portanto, os salicilatos também podem piorar a urticária18 em algumas pessoas.
  6. As toxinas21 podem causar sintomas2 graves. A contaminação dos alimentos com microrganismos como bactérias ou seus produtos de deterioração pode causar intoxicação alimentar devido a toxinas21. Por exemplo, se alguns tipos de peixe são mal armazenados, suas bactérias intestinais podem converter histidina em histamina14, resultando em sintomas2 semelhantes aos de alergia3.
  7. Cafeína e curry são irritantes intestinais que podem causar indigestão em algumas pessoas. É importante perceber que as reações a essas substâncias não são causadas por alergia3.

Em geral, os sintomas2 mais comuns da intolerância alimentar estão entre os seguintes:

Como diagnosticar as intolerâncias alimentares?

O diagnóstico27 da intolerância alimentar nem sempre é fácil. Os sintomas2 são um tanto inespecíficos e, além disso, quase sempre dependem da dose do alimento ingerido. Existem vários testes de intolerância alimentar, mas eles não são baseados em evidências científicas. A melhor maneira de diagnosticar uma intolerância alimentar é monitorar os sintomas2 e os alimentos que a pessoa ingere, observando o que acontece quando corta o alimento suspeito por um tempo e depois o reintroduz em sua dieta.

Depois de ter uma ideia de quais alimentos podem estar causando seus sintomas2, o paciente pode tentar excluí-los de sua dieta, um de cada vez, por 2 a 6 semanas, e observar o efeito que isso tem, após o que deve reintroduzir o alimento para ver se os sintomas2 voltam a acontecer.

Um diferencial importante deve ser feito entre intolerância alimentar e alergia3 alimentar. Uma intolerância alimentar (1) não envolve o sistema imunológico4 e nunca é fatal; (2) os sintomas2 se instalam gradualmente, geralmente algumas horas depois de comer o alimento problemático; (3) a ingesta do alimento só resulta em sintomas2 se a pessoa comer uma quantidade substancial do mesmo; (4) os sintomas2 podem ser causados por muitos alimentos diferentes.

Uma alergia3 alimentar (1) é uma reação do sistema imunológico4, que trata erroneamente as proteínas28 encontradas nos alimentos como uma ameaça; (2) pode desencadear sintomas2 gerais de alergia3, como erupção29 na pele20, respiração ruidosa e coceira, edema30 de glote31 e pode ser fatal; (3) os sintomas2 acontecem de maneira rápida e abrupta, após comer apenas uma quantidade mínima do alimento; (4) os sintomas2 acontecem para alimentos específicos.

Um diagnostico27 diferencial, nem sempre fácil, tem de ser feito também com outras condições que podem gerar sintomas2 parecidos: síndrome32 do intestino irritável, transtorno de estresse e ansiedade, doença celíaca, doença inflamatória intestinal e alergia3 alimentar.

Como tratar as intolerâncias alimentares?

Se a pessoa já sabe ser intolerante a um determinado alimento, a única maneira de controlar suas reações é parar de comer o alimento por um tempo e, em seguida, reintroduzi-lo em pequenas quantidades enquanto monitora o quanto ela pode comer sem causar sintomas2. Ao intencionar comer um novo produto, ela deve verificar o rótulo do produto para ver quais tipos de alimentos ele contém. As pessoas com intolerância à lactose6 podem tomar a enzima8 lactase para consumir laticínios sem que eles causem dor de estômago1 e outros sintomas2.

Em se tratando de crianças pequenas, uma dieta restritiva pode causar deficiências que afetam a sua saúde33 e o seu desenvolvimento. Por isso, o pediatra e/ou o nutricionista34 devem ser consultados a respeito.

Como evoluem as intolerâncias alimentares?

As intolerâncias alimentares tendem a durar a vida toda, mas embora sejam desagradáveis e incomodativas, não são um problema de risco de vida como uma alergia3 alimentar.

Quais são as complicações possíveis com as intolerâncias alimentares?

As pessoas com intolerância à lactose6 podem não obter cálcio e vitamina35 D em quantidades suficientes para suas necessidades orgânicas se cortarem completamente de sua dieta os produtos lácteos. As pessoas que cortam os produtos com glúten5 podem precisar comer mais vegetais frescos, frutas e grãos inteiros sem glúten5 para garantir que recebam fibras e outros nutrientes suficientes, como vitaminas B, em suas dietas, pois são importantes para a saúde33.

Veja também sobre "Farmacodermia", "Alergia3 gestacional" e "Eritema36 pigmentar fixo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NHS – National Health Service – UK e da Mayo Clinic – USA

ABCMED, 2021. Intolerâncias alimentares. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1407050/intolerancias-alimentares.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Alergia: Reação inflamatória anormal, perante substâncias (alérgenos) que habitualmente não deveriam produzi-la. Entre estas substâncias encontram-se poeiras ambientais, medicamentos, alimentos etc.
4 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
5 Glúten: Substância viscosa, extraída de cereais, depois de eliminado o amido. É uma proteína composta pela mistura das proteínas gliadina e glutenina.
6 Lactose: Tipo de glicídio que possui ligação glicosídica. É o açúcar encontrado no leite e seus derivados. A lactose é formada por dois carboidratos menores, chamados monossacarídeos, a glicose e a galactose, sendo, portanto, um dissacarídeo.
7 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
8 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
9 Inchaço: Inchação, edema.
10 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
11 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
12 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
13 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
14 Histamina: Em fisiologia, é uma amina formada a partir do aminoácido histidina e liberada pelas células do sistema imunológico durante reações alérgicas, causando dilatação e maior permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Ela é a substância responsável pelos sintomas de edema e irritação presentes em alergias.
15 Enxaquecas: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
16 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
17 Enxaqueca: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
18 Urticária: Reação alérgica manifestada na pele como elevações pruriginosas, acompanhadas de vermelhidão da mesma. Pode afetar uma parte ou a totalidade da pele. Em geral é autolimitada e cede em pouco tempo, podendo apresentar períodos de melhora e piora ao longo de vários dias.
19 Mastócitos: Células granulares que são encontradas em quase todos os tecidos, muito abundantes na pele e no trato gastrointestinal. Como os BASÓFILOS, os mastócitos contêm grandes quantidades de HISTAMINA e HEPARINA. Ao contrário dos basófilos, os mastócitos permanecem normalmente nos tecidos e não circulam no sangue. Os mastócitos, provenientes das células-tronco da medula óssea, são regulados pelo FATOR DE CÉLULA-TRONCO.
20 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
21 Toxinas: Substâncias tóxicas, especialmente uma proteína, produzidas durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capazes de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
22 Articulações:
23 Cabeça:
24 Azia: Pirose. Sensação de dor epigástrica semelhante a uma queimadura, geralmente acompanhada de regurgitação de suco gástrico para dentro do esôfago.
25 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
26 Letargia: Em psicopatologia, é o estado de profunda e prolongada inconsciência, semelhante ao sono profundo, do qual a pessoa pode ser despertada, mas ao qual retorna logo a seguir. Por extensão de sentido, é a incapacidade de reagir e de expressar emoções; apatia, inércia e/ou desinteresse.
27 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
28 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
29 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
30 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
31 Glote: Aparato vocal da laringe. Consiste das cordas vocais verdadeiras (pregas vocais) e da abertura entre elas (rima da glote).
32 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
33 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
34 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
35 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
36 Eritema: Vermelhidão da pele, difusa ou salpicada, que desaparece à pressão.
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