Algumas situações médicas pouco comuns
O que são situações médicas pouco comuns?
Em todas as especialidades da Medicina, o médico lida mais frequentemente com problemas comuns que constituem o dia a dia da sua clínica. Assim, por exemplo, grande parte dos clientes de um endocrinologista1 são diabéticos; de um cardiologista2 são pessoas que têm pressão alta; de um oftalmologista3, pessoas que têm miopia4 ou hipermetropia5, etc. Mas, com menor frequência, todo médico lida também com situações menos comuns, as quais se constituem num maior desafio profissional.
Exemplos de algumas situações médicas pouco comuns
Afantasia
Afantasia, também conhecida como imaginação cega, é uma condição mental caracterizada pela incapacidade de visualizar voluntariamente imagens mentais a partir da memória. Muitas pessoas com afantasia também relatam uma incapacidade de recordar sons (músicas e vozes), cheiros ou sensações de toque e alguns também relatam a incapacidade de reconhecer rostos (prosopagnosia).
O fenômeno foi descrito pela primeira vez por Francis Galton em 1880, mas desde então permaneceu relativamente pouco estudado. O termo aphantasia foi criado em 2015 pelo professor Adam Zeman, da Universidade de Exeter, que retomou os estudos sobre o assunto. Mesmo assim, a pesquisa sobre a condição ainda é escassa. Estima-se que cerca de 2,5% da população tenham o problema. O termo "afantasia" é derivado da palavra grega phantasia, que se traduz por "imaginação", e o prefixo "a", que significa "sem".
Eflúvio telógeno6
O eflúvio telógeno6 é uma condição que se caracteriza pelo aumento da queda diária de fios de cabelo7 em grande quantidade. Pode ser agudo8 ou crônico9. O eflúvio telógeno6 agudo8 é decorrente de algum evento acontecido três meses antes, porque a preparação para a queda dura de dois a três meses e os fios só se desprendem ao final desse ciclo. Os eventos mais associados a ele são: pós-parto, febre10, infecção11 aguda, sinusite12, pneumonia13, gripe14, dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, estresse e algumas medicações. O eflúvio telógeno6 crônico9 se assemelha à versão aguda, porém com ciclos de aumento dos fios na fase de queda, de forma cíclica, uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo do paciente.
Não há um tratamento específico para casos de eflúvio telógeno6, mas ele geralmente é autolimitado e tem duração predeterminada. Além disso, existem algumas excelentes opções para quem deseja estimular o crescimento capilar15 que podem ser aconselhadas por um dermatologista.
Bioimpedância
A bioimpedância é um exame que mede separadamente a quantidade de gordura16, de músculos17 e demais componentes do corpo pela oposição oferecida pelos diversos tecidos à passagem de uma pequena corrente elétrica (impedância) ao longo de todo o corpo. Tecidos que tenham mais água e íons18 na sua composição, como o músculo e o sangue19, oferecem menor resistência (menor impedância) à passagem da corrente elétrica que o tecido adiposo20, pele21 e ossos, que conduzem mal a eletricidade.
A balança de bioimpedância tem sobre as balanças comuns a vantagem de fornecer separadamente as porcentagens aproximadas dos vários componentes corporais (gordura16, músculos17, ossos, etc.), enquanto as outras apenas fornecem o peso total do corpo. A bioimpedância é de grande utilidade para endocrinologistas, nutricionistas, esteticistas e profissionais de educação física. Ela substitui com vantagens os métodos antigos de calcular a massa de gordura16 e de músculos17.
Leia sobre "Índice de massa corporal22", "Como medir a sua cintura", "Obesidade23" e "O perigo das dietas".
NEVIL
O NEVIL é a sigla para referir-se ao Nevo24 Epidérmico Verrucoso Inflamatório Linear, cunhada por Altman y Mehregan em 1971. Ele é uma variação clínica rara do nevo24 epidérmico verrucoso. Trata-se de uma doença benigna rara e congênita25 de pele21 que se manifesta como um crescimento linear e pigmentado na pele21. Muitas vezes, os NEVIL(s) são lesões26 pruriginosas27. Normalmente acometem mais pacientes do sexo feminino e na maioria dos casos é unilateral.
As causas desse acontecimento ainda não são inteiramente sabidas. Supõe-se que ele se deva a alguma mutação genética28. O tratamento é pouco eficiente e é feito com corticoides tópicos, para aliviar a coceira, vitamina29 D e alcatrão para tentar controlar e eliminar as feridas.
Hidrocistomas
Os hidrocistomas são pequenos tumores benignos oriundos das glândulas sudoríparas30. Aparecem como vesículas31 translúcidas, arredondadas, pequenas, não dolorosas, com conteúdo líquido. Em geral, localizam-se nas margens das pálpebras32, ao redor dos olhos33, após obstrução do ducto da glândula34 de Moll (glândula34 sudorípara da pálpebra que desemboca no folículo35 da pestana) e costumam ser únicos. Embora sua retirada seja relativamente simples, costuma não ser definitiva, sendo possível ocorrerem múltiplas recidivas36.
Pilomatrixoma palpebral
O pilomatrixoma ou pilomatricoma é um raro tumor37 cístico benigno que se origina nas células38 da base do folículo piloso39. Foi primeiramente descrito por Malherbe, em 1880, e por isso é chamado também de epitelioma calcificado de Malherbe. É mais frequente na pálpebra superior ou no supercílio de crianças e adultos jovens. Forma um pequeno nódulo40 dérmico ou subcutâneo41, normalmente único, de consistência muito dura, devido à frequente calcificação42 do tumor37.
Os pilomatrixomas são derivados de células38 basais primitivas da epiderme43, que se diferenciam em células38 da matriz dos pelos. Quanto à clínica, apresentam-se como nódulos assintomáticos, com coloração semelhante à pele21 normal, localizados predominantemente na cabeça44, pescoço45 ou nas extremidades superiores, de consistência habitualmente dura, crescimento lento e na maioria dos casos solitários. A excisão cirúrgica é recomendada para prevenir o seu crescimento ou comprometimento estético, não havendo recidiva46 como regra.
Epilepsia47 abdominal
A Epilepsia47 Abdominal é uma condição muito rara que pode ser reconhecida por quatro critérios básicos:
- Episódios paroxísticos com suas manifestações clínicas, principalmente dor abdominal, mas também náuseas48, vômitos49, inquietação, angústia.
- Alterações do nível e consciência, pelo menos em alguns episódios.
- Anormalidades eletroencefalográficas.
- Bom resultado frente à terapia anticonvulsivante.
Contudo, a epilepsia47 abdominal é de diagnóstico50 difícil devido sobretudo à grande variedade de causas de dor abdominal recorrente na infância.
Veja também sobre "Neurose51 de angústia", "Estresse", "Ansiedade generalizada" e "Depressão".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.