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Síndrome de Todd

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O que é a síndrome1 de Todd?

A síndrome1 de Todd, também conhecida como síndrome1 de Alice no País das Maravilhas, é uma condição transitória muito rara, na qual a percepção visual é alterada, fazendo com que os objetos pareçam menores, maiores, mais próximos ou mais distantes do que realmente estão. As horas parecem passar muito devagar ou muito depressa, assim como ocorre com experiências influenciadas pela droga LSD. As vítimas da síndrome1 também podem “ver” distorções no próprio corpo, acreditando que este em sua totalidade ou parte dele está mudando de forma ou de tamanho.

A Síndrome1 de Todd foi descrita em 1955 pelo psiquiatra inglês John Todd, que propôs que a chamassem de Síndrome1 de Alice no País das Maravilhas. E isto porque, na história de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, Alice via os objetos assumirem várias formas estranhas e mudanças de tamanho. Porém, algumas pessoas também se referem à condição como síndrome1 de Todd.

Quais são as causas da síndrome1 de Todd?

É possível que em grande parte a condição seja herdada, mas também há fatores outros que a desencadeiam. Essas outras condições incluem enxaqueca2, epilepsia3, infecções4 como o vírus5 Epstein-Barr (mononucleose infecciosa6), traumatismo7 craniano, acidente vascular cerebral8, tumor9 cerebral e até mesmo certos medicamentos, como xarope para tosse, por exemplo.

Embora ainda não haja uma compreensão integral de por que isso acontece, é possível que os episódios sejam devidos a uma mudança na atividade elétrica em partes do cérebro10 que são responsáveis por processar a maneira como as pessoas percebem o ambiente ao seu redor. Muitas vezes, a causa da condição permanecerá desconhecida.

Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Todd?

Esses efeitos desorientadores apontam para uma condição neurológica rara. Pessoas com essa síndrome1 também podem apresentar enxaquecas11 graves ou epilepsia3. Os episódios podem ser debilitantes e deixar as pessoas paralisadas com os sintomas12 por horas ou dias.

Esta síndrome1 afeta cada pessoa de uma maneira diferente. Enquanto algumas pessoas experimentam os sintomas12 apenas uma vez, outras experimentam-os ao longo de algum tempo. Como os sintomas12 costumam ser acompanhados de enxaquecas11, os médicos acreditam que eles são auras que indicam que uma enxaqueca2 está para chegar.

Leia sobre "Acidente vascular cerebral8 em jovens", "Síndrome1 da distorção da imagem corporal" e "Epilepsias".

Quais são as características clínicas da síndrome1 de Todd?

A síndrome1 de Todd é mais comum em crianças e tende a desaparecer com o tempo. No entanto, ela pode permanecer na idade adulta, embora nem sempre seja relatada. Seja qual for a causa, as distorções podem ocorrer várias vezes ao dia e podem durar de minutos a semanas. É importante entender que esses episódios não são alucinações13 ou ilusões visuais, mas distúrbios perceptivos de outra natureza.

Algumas pessoas que têm a síndrome1 experimentam micropsia, que ocorre quando veem objetos como muito pequenos; outros experimentam macropsia, que ocorre quando veem objetos como muito grandes. Os pacientes podem até ter uma imagem corporal distorcida, porque quando olham para o próprio corpo, eles o veem como extremamente pequeno ou extremamente grande. Eles também podem ver os objetos como estando mais próximos (pelopsia) ou mais distantes (teleopsia) de si do que realmente estão. Algumas pessoas podem experimentar flashes de cores ou ver cores pulsando, e podem ver as linhas retas como estando onduladas.

A visão14 não é o único sentido afetado. Algumas pessoas podem sentir também distorções dos sons. Um som pode ser percebido como muito alto ou muito baixo, muito agudo15 ou muito profundo. Algo também pode parecer muito rápido ou muito lento.

As pessoas podem também perder a noção do tempo e ele pode parecer estar se movendo mais rápido ou mais lentamente do que o normal. Há perda de coordenação ou controle dos membros porque a alteração do senso de realidade que um episódio causa pode afetar a capacidade de alguém de andar ou se mover adequadamente.

Como o médico diagnostica a síndrome1 de Todd?

Fundamentalmente, o diagnóstico16 é baseado nos sintomas12. Para estabelecer o diagnóstico16, o médico indagará sobre os sintomas12 e perguntará se há um histórico de enxaquecas11 ou quaisquer outras condições ligadas aos episódios, além de solicitar alguns exames.

Um exame de sangue17 ajudará a descartar outras condições médicas; uma eletroencefalografia18 medirá a atividade elétrica no cérebro10; uma ressonância magnética19 fornecerá imagens detalhadas do cérebro10 e ajudará a identificar ou descartar tumores cerebrais; etc.

Como o médico trata a síndrome1 de Todd?

Não há um tratamento específico para a síndrome1 de Todd. O melhor que se tem a fazer é tratar a condição associada, se for identificada (enxaqueca2, epilepsia3, vírus5 Epstein-Barr, etc.).

Veja também sobre "Convulsões", "Alucinações13" e "Neurologia ou Psiquiatria".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Revista Brasileira de Neurologia – UFRJ.

ABCMED, 2021. Síndrome de Todd. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1404380/sindrome-de-todd.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Enxaqueca: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
3 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
4 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
5 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
6 Mononucleose infecciosa: Doença de progressão benigna, muito comum, causada pela infecção pelo vírus Epstein-Barr e transmitida pelo contato com saliva contaminada. Seus sintomas incluem: mal-estar, dor de cabeça, febre, dor de garganta, ínguas principalmente no pescoço, inflamação do fígado. Acomete mais freqüentemente adolescentes e adultos jovens.
7 Traumatismo: Lesão produzida pela ação de um agente vulnerante físico, químico ou biológico e etc. sobre uma ou várias partes do organismo.
8 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
9 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
10 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
11 Enxaquecas: Sinônimo de migrânea. É a cefaléia cuja prevalência varia de 10 a 20% da população. Ocorre principalmente em mulheres com uma proporção homem:mulher de 1:2-3. As razões para esta preponderância feminina ainda não estão bem entendidas, mas suspeita-se de alguma relação com o hormônio feminino. Resulta da pressão exercida por vasos sangüíneos dilatados no tecido nervoso cerebral subjacente. O tratamento da enxaqueca envolve normalmente drogas vaso-constritoras para aliviar esta pressão. No entanto, esta medicamentação pode causar efeitos secundários no sistema circulatório e é desaconselhada a pessoas com problemas cardiológicos.
12 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
13 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
14 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
15 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
16 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
17 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
18 Eletroencefalografia: Registro da atividade elétrica cerebral mediante a utilização de eletrodos cutâneos que recebem e amplificam os potenciais gerados em cada região encefálica.
19 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
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