Gostou do artigo? Compartilhe!

Aracnoidite e suas características

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é a aracnoide1?

A aracnoide1 é uma das três membranas que envolvem o cérebro2 e a medula espinhal3, situando-se entre a dura-máter4, a camada mais externa, e a pia-máter, a camada mais interna.

dura-máter4 é formada de tecido conjuntivo5 denso e constituída por duas lâminas, uma mais externa que está em contato com os ossos e uma mais interna. A pia-máter é uma membrana vascularizada, localizada mais internamente, em contato direto com o sistema nervoso central6, sendo que a sua porção medular é mais espessa e menos vascularizada que a porção que envolve o cérebro2. Essa membrana acompanha as ondulações do cérebro2, revestindo-o inteiramente.

A aracnoide1 é uma membrana tenra, muito fina, avascularizada e transparente, localizada entre as outras duas. Ela recebe esse nome em razão de sua estrutura assemelhar-se a uma teia de aranha.

O que é aracnoidite?

A aracnoidite é uma condição extremamente grave que se verifica quando ocorre a inflamação7 da aracnoide1.

A aracnoidite de forma adesiva é uma doença inflamatória que ocorre sobretudo nas regiões lombar e sacral do canal espinhal. Essa forma da doença produz aderências que “grudam” entre si as estruturas aí existentes (raízes nervosas8, pia máter e aracnoide1), formando uma massa dentro do canal espinhal, bloqueando o fluxo normal do fluido espinhal.

Outra forma da condição é a aracnoidite ossificante, na qual se formam ossificações na aracnoide1. Ela é considerada uma complicação do estágio avançado da aracnoidite adesiva.

Leia também sobre "Tumores cerebrais", "Lesões9 da medula espinhal3", "Meningites10" e "Encefalites11".

Quais são as causas da aracnoidite?

A aracnoidite ocorre quando algum elemento estranho e irritante, biológico ou tóxico, entra dentro do espaço da membrana aracnoide1. A aracnoide1 pode ficar inflamada por causa de reações adversas a produtos químicos; infecção12 por bactérias ou vírus13; como resultado de lesão14 direta na coluna; por compressão crônica dos nervos espinhais; por complicações de cirurgia espinhal ou outros procedimentos invasivos da coluna; ou pela injeção15 intratecal acidental de esteroides que deveriam ser destinados ao espaço epidural16 (espaço entre a dura-máter4 e as paredes do canal vertebral17).

Quais são as características clínicas da aracnoidite?

A aracnoidite pode se localizar em volta do cérebro2, na coluna cervical18, na coluna torácica ou na coluna lombar. Em geral, ela é uma condição que causa sintomas19 muito dolorosos e debilitantes, especialmente quando evolui para aracnoidite adesiva, os quais podem variar muito de um caso para outro. Nem todas as pessoas acometidas têm todos os sintomas19. Isso se deve, entre outros fatores, à localização da inflamação7.

Pode haver dor crônica, incluindo neuralgia20. Podem ocorrer dormência21 e formigamento das extremidades se houver envolvimento da medula espinhal3. O intestino, a bexiga22 e o funcionamento sexual podem ser afetados se a parte inferior da medula espinhal3 estiver envolvida.

Frequentemente, ela afeta os nervos que inervam as pernas e a parte inferior das costas23. Muitos pacientes têm dificuldade em sentar-se por períodos longos (ou mesmo curtos) de tempo, devido ao desconforto ou à dor, ou por causa de sintomas19 neurológicos eferentes ou outros sintomas19 motores, como dificuldade de controlar os membros.

Na aracnoidite adesiva, a menos que a inflamação7 seja controlada e suprimida, ela causa disfunção e morte das raízes nervosas8 presas, o que resulta em dor intratável, múltiplas deficiências neurológicas e manifestações autoimunes24. O aumento progressivo da massa pode ocorrer de maneira análoga ao crescimento de um tumor25 cancerígeno.

Como o médico diagnostica a aracnoidite?

O diagnóstico26 da aracnoidite pode ser difícil, sobretudo pela pouca ocorrência da situação, o que leva muitos médicos a não pensarem nela. Ela deve ser considerada quando houver sintomas19 neurológicos como paresia27, parestesia28, dor, disfunção vesical29 e intestinal, cefaleia30 e/ou diplopia31, e se a pessoa tiver indício de infecção12.

Os exames de tomografia computadorizada32 ou ressonância magnética33 ajudam a firmar um diagnóstico26. A eletromiografia34 ajuda a estabelecer a extensão do problema.

Como o médico trata a aracnoidite?

Não existe um tratamento específico capaz de curar a aracnoidite e, por isso, na maior parte dos casos, o médico terá como objetivo aliviar a dor crônica e controlar os demais sintomas19 com um tratamento anti-inflamatório agressivo e outras medicações, para melhorar a qualidade de vida da pessoa.

Como evolui a aracnoidite?

O prognóstico35 da aracnoidite é sempre muito reservado. Não se conhece um padrão uniforme de evolução dos sintomas19. Cada caso é diferente dos demais.

Quais são as complicações possíveis com a aracnoidite?

A inflamação7 da aracnoide1 pode às vezes levar à formação de tecido36 cicatricial e pode fazer os nervos espinhais "grudarem" uns aos outros, uma condição que pode se desenvolver dentro e entre as leptomeninges (as duas camadas delicadas das meninges37, a aracnoide1 e a pia-máter, consideradas em conjunto). Em estágio avançado da aracnoidite podem ocorrer ossificações no interior da aracnoide1.

Se for uma aracnoidite na porção cervical da coluna, responsável pela força dos braços e das pernas, a pessoa pode ficar tetraplégica; se for torácica, a pessoa pode ficar paraplégica, porque a medula38 torácica é responsável pela força das pernas.

Veja informações sobre "Mielite39 transversa", "Fisioterapia40", "Reabilitação funcional" e "Atrofia41 muscular".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e do GARD – Genetic and Rare Diseases Information Center.

ABCMED, 2021. Aracnoidite e suas características. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1399700/aracnoidite-e-suas-caracteristicas.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Aracnóide: Membrana delicada que envolve o encéfalo e o cordão espinhal. Fica entre a PIA-MÁTER e a DURA-MÁTER. É separada da pia-máter pela cavidade subaracnóidea, preenchida com LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Medula Espinhal:
4 Dura-Máter: A mais externa das três MENINGES, uma membrana fibrosa de tecido conjuntivo que cobre o encéfalo e cordão espinhal.
5 Tecido conjuntivo: Tecido que sustenta e conecta outros tecidos. Consiste de CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO inseridas em uma grande quantidade de MATRIZ EXTRACELULAR.
6 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
7 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
8 Raízes nervosas:
9 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
10 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
11 Encefalites: Inflamação do tecido encefálico produzida por uma infecção viral, bacteriana ou micótica (fungos).
12 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
14 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
15 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
16 Espaço Epidural: Espaço entre a dura-máter e as paredes do canal vertebral.
17 Canal vertebral: Numa imagem de uma vértebra há um “buraco“ separando o corpo de sua extremidade. Esse buraco é o forame vertebral. O encaixe entre as vértebras da coluna é mais ou menos simétrico e isso forma um canal, que é conhecido como o canal vertebral. É por ele que passam a medula espinhal. O canal vertebral segue as diferentes curvas da coluna vertebral. É grande e triangular nas regiões onde a coluna possui maior mobilidade (cervical e lombar) e é pequeno e redondo na região que não possui muita mobilidade (torácica).
18 Coluna cervical: A coluna cervical localiza-se no pescoço entre a parte inferior do crânio e a superior do tronco no nível dos ombros. Ela é composta por sete vértebras cervicais unidas por ligamentos, músculos e por elementos que preenchem o espaço entre elas, os discos intervertebrais. No interior da coluna cervical está o canal vertebral por onde passa a medula espinhal, que comanda todos os nossos movimentos e sensações. Nesta região, a medula emite oito raízes nervosas que se ramificam para a cabeça, pescoço, membros superiores, ombros e parte anterossuperior do tórax.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Neuralgia: Dor aguda produzida pela irritação de um nervo. Caracteriza-se por ser muito intensa, em queimação, pulsátil ou semelhante a uma descarga elétrica. Suas causas mais freqüentes são infecção, lesão metabólica ou tóxica do nervo comprometido.
21 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
22 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
23 Costas:
24 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
25 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
26 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
27 Paresia: Diminuição da força em um ou mais grupos musculares. É um grau menor de paralisia.
28 Parestesia: Sensação cutânea subjetiva (ex.: frio, calor, formigamento, pressão, etc.) vivenciada espontaneamente na ausência de estimulação.
29 Vesical: Relativo à ou próprio da bexiga.
30 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
31 Diplopia: Visão dupla.
32 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
33 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
34 Eletromiografia: Técnica voltada para o estudo da função muscular através da pesquisa do sinal elétrico que o músculo emana, abrangendo a detecção, a análise e seu uso.
35 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
36 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
37 Meninges: Conjunto de membranas que envolvem o sistema nervoso central. Cumprem funções de proteção, isolamento e nutrição. São três e denominam-se dura-máter, pia-máter e aracnóide.
38 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
39 Mielite: Doença caracterizada pela inflamação infecciosa ou imunológica da medula espinhal, que se caracteriza pelo surgimento de déficits de força ou sensibilidade de diferentes territórios do corpo dependendo da região da medula que está comprometida.
40 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
41 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.