Estenose da traqueia
O que é a traqueia1?
A traqueia1 é um tubo cartilaginoso que conecta a laringe2 aos brônquios3 pulmonares, permitindo a passagem de ar nos dois sentidos. No topo da traqueia1, a cartilagem cricoide4 a conecta à laringe2. Ela faz uma projeção na parte frontal do pescoço5, conhecida como “pomo de Adão”. A traqueia1 é formada por vários anéis em forma de ferradura, empilhados, unidos verticalmente por ligamentos6 fibrosos e pelo músculo traqueal em suas extremidades. A epiglote7 é uma válvula móvel que fecha a abertura da laringe2 durante a deglutição8, direcionando os alimentos para o esôfago9 e impedindo-os de descer pela traqueia1.
A traqueia1 começa a se formar no segundo mês de desenvolvimento do embrião. Ela tem um epitélio10 revestido por células11 em forma de coluna que possuem extensões semelhantes a fios de cabelo12, chamadas cílios13, projetadas em seu interior, e que têm a finalidade de reter impurezas do ar. Com a mesma finalidade, células caliciformes14 dispersas produzem mucinas protetoras.
Leia sobre "Traqueostomia15", "Ventilação16 mecânica", "Intubação endotraqueal" e "Paralisia17 do diafragma18".
O que é estenose19 da traqueia1?
A estenose19 da traqueia1 corresponde a um estreitamento anormal de um ou mais anéis da traqueia1. Quando obstruída por quaisquer motivos, inclusive estenose19, a traqueia1 dificulta ou impede que o ar entre nos pulmões20 e, portanto, alguma providência médica se faz necessária.
Quais são as causas da estenose19 da traqueia1?
A estenose19 da traqueia1 pode ser congênita21 (aparece já ao nascimento) ou adquirida. A causa mais frequente, responsável por mais de 90% dos casos, é a estenose19 pós intubação traqueal.
Chama-se de anel traqueal completo a uma alteração congênita21 onde os anéis, em vez de serem parte cartilaginosos e parte musculares, como seria normal, são formados exclusivamente por cartilagem22 e tem o diâmetro menor do que deveriam ter.
Outras causas de estenose19 da traqueia1 podem ser resultantes de lesões23 ou doenças, como traumas na garganta24 ou tórax25, tumores traqueais, doenças inflamatórias por infecções26 virais ou bacterianas, incluindo tuberculose27, doenças autoimunes28, radioterapia29 do pescoço5 ou tórax25 e estenose19 idiopática30, em que não é possível determinar a causa da estenose19.
Qual é o substrato fisiopatológico da estenose19 da traqueia1?
Quando um paciente precisa usar ventilação16 mecânica para auxiliar sua respiração e oxigenação do sangue31, é necessário que um tubo seja introduzido na sua traqueia1, através da boca32, para insuflar o ar no pulmão33, uma prática médica denominada intubação.
Este tubo possui em sua ponta um balão que é preenchido com ar para ser pressionado contra as paredes do órgão para "vedar" a via aérea, evitando que o ar que entra nos pulmões20 escape ou, no sentido inverso, que restos alimentares provenientes da boca32 ou esôfago9, caiam nos pulmões20.
Porém, a pressão que este balão exerce na parede traqueal dificulta a circulação34 sanguínea no local, podendo assim gerar isquemia35 (falta de sangue31 e oxigênio) e morte de suas células11, que são então substituídas por tecido36 cicatricial (fibrose37). Essa é a causa mais frequente de estenose19 da traqueia1.
Quais são as características clínicas da estenose19 da traqueia1?
Além de uma sensação de fadiga38 ou mal-estar geral, os sintomas39 da estenose19 da traqueia1 são:
- falta de ar, que piora aos poucos;
- estridor;
- chiado ou guincho respiratório, audíveis naturalmente, mas melhor ouvidos com estetoscópio;
- respiração ofegante;
- tosse;
- alteração da voz;
- surtos frequentes de pneumonia40 ou infecções26 respiratórias superiores;
- asma41 que não responde bem ao tratamento;
- uma cor azulada na pele42 ou na membrana mucosa43 da boca32 e/ou nariz44.
Como o médico diagnostica a estenose19 da traqueia1?
Os sintomas39 da estenose19 traqueal são semelhantes aos de outras doenças e por isso nem sempre é fácil identificar essa condição. No entanto, toda vez que uma pessoa tenha sido submetida a uma intubação, a uma cirurgia cervical ou a uma traqueostomia15, o médico deve pensar na possibilidade de estenose19 da traqueia1.
Uma endoscopia45 respiratória (laringotraqueobroncoscopia) é o melhor recurso para se fazer um diagnóstico46 preciso de estenose19 da traqueia1. A angiotomografia com remontagem 3D é outro exame que pode ser muito útil, embora seja mais raro que se disponha desse exame.
Como o médico trata a estenose19 da traqueia1?
Várias formas de tratamento estão disponíveis para essa condição e a escolha de uma delas depende das especifidades clínicas de cada caso e da experiência do cirurgião:
- dilatação traqueal com balão ou com instrumentais rígidos;
- colocação de stent (pequeno tubo expansível destinado a manter a dilatação) na traqueia1 e nos brônquios3;
- realização de procedimentos com endoscópios rígidos ou flexíveis;
- cirurgias por vídeo ou abertas, geralmente para tratar anel traqueal completo e estenoses47 da metade e da região inferior da traqueia1.
Veja também sobre "Falta de ar ou dispneia48", "Hipóxia49", "Saturação de oxigênio" e "Oxigenoterapia".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Mount Sinai Hospital, da U.S. National Library of Medicine e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.