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Proptose ocular

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O que é proptose ocular?

A proptose ocular é uma protrusão anormal de um ou ambos globos oculares, também chamada exoftalmia. No entanto, Henderson reserva o uso da palavra exoftalmia para os casos de proptose secundária à disfunção endocrinológica. Isso, no entanto, não é seguido por todos os autores.

Na proptose ocular, os olhos1 parecem saltar para fora da órbita, devido a um aumento no volume do tecido2 atrás deles. O termo proptose descreve a protusão para diante de qualquer órgão que é deslocado para a frente, enquanto a exoftalmia se refere apenas aos olhos1. Portanto, nesse sentido, adjetivada, proptose ocular é a mesma coisa que exoftalmia. A proptose ocular altera muito a aparência do rosto e dos olhos1 e, sobretudo quando monocular, empresta ao rosto uma aparência muito chamativa e incômoda.

Quais são as causas da proptose ocular?

A base etiológica da proptose ocular pode incluir fatores inflamatórios, vasculares3, infecciosos, císticos, neoplásicos4 e traumáticos. No entanto, a causa mais comum em adultos é a doença de Graves (doença autoimune5 que gera um hiper funcionamento da glândula6 tireoide7), que causa inchaço8 dos tecidos atrás e ao redor dos olhos1, empurrando o globo ocular9 para frente.

Outras causas, muito menos comuns, incluem tumores, sangramentos, infecções10 e, mais raramente ainda, inflamação11 de estruturas dentro da órbita sem infecção12. Casos incomuns também são encontrados como, por exemplo, a proptose ocular devida à hemorragia13 orbital causada pela hemofilia14.

Nas crianças, a causa de proptose ocular unilateral mais comum é a infecção12 (celulite15 orbital) e, em casos bilaterais, as causas mais prováveis são o neuroblastoma e a leucemia16. Outras causas menos comuns incluem rabdomiossarcoma17, retinoblastoma, hemangioma capilar18, cisto dermoide, glioma do nervo óptico e doença metastática19.

Saiba mais sobre "Enoftalmia e exoftalmia", "Hipertireoidismo20" e "Doença de Graves".

Quais são as principais características clínicas da proptose ocular?

Os olhos1 podem estar secos e irritados, causando lacrimejamento, porque a protuberância pode impedir que as pálpebras21 se fechem adequadamente. Além disso, as pessoas piscam com menos frequência. Dependendo da causa da proptose ocular, as pessoas podem ter sintomas22 como visão23 dupla ou dificuldade em se concentrar nos objetos. Se a proptose ocular for muito saliente, o nervo óptico pode ser alongado, o que pode prejudicar a visão23. A visão23 também pode ser prejudicada se o distúrbio que causa a proptose ocular também pressiona o nervo óptico.

Sintomas22 frequentes e comuns da proptose ocular são dor, alteração na acuidade visual24 ou refração, diplopia25 e diminuição dos campos de visão23 e perda visual transitória, mas a proptose ocular às vezes causa outros sintomas22.

Como o médico diagnostica a proptose ocular?

O fundamental, nos casos de proptose ocular, é descobrir a sua causa. Uma história clínica meticulosa é fundamental para estabelecer um diagnóstico26. O paciente deve ser questionado sobre seus sintomas22 e ouvido com atenção. Também os traumas passados e antecedentes familiares podem auxiliar no diagnóstico26. Se houver suspeita de uma fonte causal intranasal, é necessário um exame endoscópico intranasal. Um exame oftalmológico completo também é fundamental.

A palpação27 da estrutura orbital anterior pode avaliar a textura e mobilidade da massa protusa. A flacidez dela pode denotar um processo inflamatório. O médico deve também prestar atenção se os linfonodos28 regionais estão ou não afetados. Além da protrusão do olho29, deve ser observado se há deslocamento do olho29 em outros planos. Deve-se observar se há alteração da refração e anormalidades pupilares; também a diplopia25 deve ser cuidadosamente avaliada.

Uma pseudoproptose ocular pode se manifestar se a órbita contralateral for enoftálmica (contraída para dentro). Se houver blefaroptose (queda da pálpebra) contralateral, pode parecer haver proptose ipsilateral (do mesmo lado). A miopia30 axial pode imitar a proptose, assim como os ossos assimétricos das bordas orbitais ou da face31 média. A pseudoproptose ocular também pode ser simulada por retração palpebral superior ou inferior. A doença escleral pode criar a impressão de que o globo se projeta para a frente. Em pacientes com enoftalmia (retração do olho29) contralateral, a órbita normal, situada mais anteriormente, pode simular proptose ocular, quando ela, de fato, não existe. 

Como o médico trata a proptose ocular? 

Os cuidados médicos para pacientes32 com proptose ocular são direcionados para reverter o problema e minimizar as complicações oculares. Quando a proptose ocular leva a olhos1 secos severos, é necessária uma lubrificação com lágrimas artificiais para proteger a córnea33 (a camada transparente na frente da íris34 e da pupila). Se a lubrificação não for suficiente, pode ser necessária uma cirurgia para fornecer uma melhor cobertura da superfície ocular ou reduzir a protuberância do olho29.

Outros tratamentos dependerão da causa da protusão ocular: antibióticos devem ser administrados para infecções10; corticosteroides podem ajudar a controlar o inchaço8; os tumores devem ser removidos cirurgicamente, etc. O abaulamento35 devido à doença de Graves não é afetado pelo tratamento da tireoide7, mas pode diminuir com o tempo.

A perda visual transitória ou períodos de blecaute podem significar comprometimento do nervo óptico e exigir intervenção rápida.

Leia sobre "Rabdomiossarcoma17", "Retinoblastoma", "Neuroblastoma" e "Hemangiomas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do NHS - National Health Services (Reino Unido) e da European Society of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery.

ABCMED, 2020. Proptose ocular. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1362723/proptose-ocular.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Olhos:
2 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
3 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
4 Neoplásicos: Que apresentam neoplasias, ou seja, que apresentam processo patológico que resulta no desenvolvimento de neoplasma ou tumor. Um neoplasma é uma neoformação de crescimento anormal, incontrolado e progressivo de tecido, mediante proliferação celular.
5 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
6 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
7 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
8 Inchaço: Inchação, edema.
9 Globo ocular: O globo ocular recebe este nome por ter a forma de um globo, que por sua vez fica acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras. Ele possui em seu exterior seis músculos, que são responsáveis pelos movimentos oculares, e por três camadas concêntricas aderidas entre si com a função de visão, nutrição e proteção. A camada externa (protetora) é constituída pela córnea e a esclera. A camada média (vascular) é formada pela íris, a coroide e o corpo ciliar. A camada interna (nervosa) é constituída pela retina.
10 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
11 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
12 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
14 Hemofilia: Doença transmitida de forma hereditária na qual existe uma menor produção de fatores de coagulação. Como conseqüência são produzidos sangramentos por traumatismos mínimos, sobretudo em articulações (hemartrose). Sua gravidade depende da concentração de fatores de coagulação no sangue.
15 Celulite: Inflamação aguda das estruturas cutâneas, incluindo o tecido adiposo subjacente, geralmente produzida por um agente infeccioso e manifestada por dor, rubor, aumento da temperatura local, febre e mal estar geral.
16 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
17 Rabdomiossarcoma: Rabdomiossarcoma é um câncer de origem embrionária que atinge as células que se tornam os músculos do corpo.
18 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
19 Doença metastática: Câncer que se espalhou do seu local de origem a outras partes do organismo.
20 Hipertireoidismo: Doença caracterizada por um aumento anormal da atividade dos hormônios tireoidianos. Pode ser produzido pela administração externa de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo iatrogênico) ou pelo aumento de uma produção destes nas glândulas tireóideas. Seus sintomas, entre outros, são taquicardia, tremores finos, perda de peso, hiperatividade, exoftalmia.
21 Pálpebras:
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
24 Acuidade visual: Grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos.
25 Diplopia: Visão dupla.
26 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
27 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
28 Linfonodos: Gânglios ou nodos linfáticos.
29 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
30 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
31 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
32 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
33 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
34 Íris: Membrana arredondada, retrátil, diversamente pigmentada, com um orifício central, a pupila, que se situa na parte anterior do olho, por trás da córnea e à frente do cristalino. A íris é a estrutura que dá a cor ao olho. Ela controla a abertura da pupila, regulando a quantidade de luz que entra no olho.
35 Abaulamento: 1. Ato, processo ou efeito de abaular. 2. Convexidade que se dá a diversas superfícies (ruas, estradas, coberturas etc.) para facilitar o escoamento de águas pluviais. 3. Em forma de curva, arqueada ou convexa.
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